A biblioteca nacional

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Desempregado é assim: tempo de sobra e dinheiro contado. O jeito foi continuar na minha saga de achar coisas grátis pra fazer em Dublin - confesso que não tá fácil... Mas ainda faltava a National Library. Achei que seria meio sem graça, mas resolvi encarar. Chamei as meninas aqui de casa e fomos.

A biblioteca fica na Kildare St., ou seja, de fácil localização. O salão da entrada é super bonito e lá pudemos observar placas indicando uma exposição sobre Joyce e outra sobre Yeats.

Vitrais do saguão homenageando diversos escritores

A sala sobre Joyce não era muito detalhada, mas trazia uma ou outra informação interessante. Pessoalmente nunca li nenhum livro dele (é tenso, é bem tenso), mas sei que esse dia um dia chegará. Ele falava muito da vida em Dublin e inclusive disse que se um dia a cidade deixasse de existir, podiam reconstrui-la através das descrições em seus livros - não é demais?

A única coisa que li de Joyce (e é até injusto) são as ~cartas de amor~ que ele escreveu pra esposa. Até comentei disso no post que escrevi sobre o Dublin Writers Museum. Um dia eu chego no "Ulisses".




Agora, a exposição sobre Yeats, puta merda, que beleza de exposição! O espaço é lindamente decorado e há várias cabines com telas que vão mostrando trechos de documentários sobre Yeats e diversos aspectos de sua vida: política, últimos dias, família, romances...

Yeats nasceu em Dublin mas viveu a infância em Sligo - ele é tão importante lá que Sligo é chamada de "the Yeats County". Ele se envolveu muito com política e misticismo - o que eu não sabia. Sua esposa fazia escrita automática, ou seja, escrevia através de espíritos.






Aliás, Yeats não queria casar com ela. Ele já tinha sua musa - Maude Gonne, mas ela já havia recusado suas propostas de casamento diversas vezes. Ele já tinha mais de 50 e queria gerar herdeiros. A princípio ele estava infeliz com sua esposa Georgie, mas com o tempo ficou atraído por sua inteligência e o apoio que ela dava a seu trabalho. Yeats teve diversos romances e casos com outras mulheres, mas sobre isso, sua esposa disse: "When you are dead, people will talk about your love affairs, but I shall say nothing, for I will remember how proud you were" - caramba!




Um de seus poemas mais famosos termina com uma referência à Maude:

"But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams."

É lindo. Tem tradução aqui.

Depois de tudo isso, fomos conhecer as outras salas da biblioteca. Não pode subir com nenhum pertence, então colocamos nossas coisas nos lockers. Há várias salas dedicadas à pesquisa e coisas do tipo. Em uma delas há vários computadores onde você pode fazer pesquisa sobre sua árvore genealógica e é bem legal! Como eu não sou irlandesa, fui "curiar" na família do R. :)

No último andar há a sala principal, o reading room, que é linda, simplesmente de tirar o fôlego. Havia muita gente estudando e trabalhando por ali. Na biblioteca nacional é possível ter acesso a não só livros, mas também revistas, pinturas, fotos e jornais datados de séculos atrás. É surreal ler um jornal de 1800 e pouco, sabe? Sensacional. Você pode imprimir algum artigo, comprar uma cópia do jornal original, enfim, é um prato cheio pra quem trabalha com pesquisa!

Emprestada do google, já que não podia tirar foto

No geral, acho um passeio muito válido e muito interessante pra quem gosta de literatura e história. A Irlanda tá cheia disso! :)
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