Eu sou professora de inglês desde os 17 anos de idade e já participei de inúmeros treinamentos. Sério, não consigo nem contabilizar porque foram muitos meeeesmo. E sobre todo tipo de assunto relacionado ao ensino de língua que você possa imaginar.
Quando eu trabalhava na Cultura sempre rolava treinamento e coaching (alguns professores eram "acompanhados" semanalmente por outro professor mais experiente ou do departamento acadêmico a fim de melhorar suas aulas e tal) e sempre rolava um papo que eu já tava cansada de ouvir: instrução, modelos e repetição. Eu não aguentava mais ouvir esses termos ou seus sinônimos, por mais que eu acreditasse neles - era bem aquela coisa "ahhh meu, já sei disso, já sei, não quero mais ouvir falar!!!".
Só que só agora, na pele de aluna (de básico 1 de alemão) eu vejo ali na minha frente o quão certeiro é esse tal "mantra".
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O povo adora falar que alemão é difícil, que isso é que aquilo, mas nunca ouvi ninguém focando nas coisas legais do idioma. Tipo, tudo na vida tem um lado bom e ruim, né? Eu sei que alemão é uma língua difícil pra caralho que pode apresentar dificuldades para quem se propõe a aprendê-la, mas eu vou vendo tudo de forma positiva.
A começar por uma coisa não relacionada à língua em si, mas à atitude: eu não preciso aprender alemão. Não estou fazendo aula porque precisarei falar o idioma no emprego, não estudo porque vou precisar morar na Alemanha, nada disso. Estudo porque eu achei que seria legal e acrescentaria pro meu currículo pessoal. Só esse primeiro passo já tira um puta peso e pressão de mim. Eu lembro de alunos que claramente sofriam com pressões internas e externas de ter que aprender inglês o mais rápido possível ("teacher, em quanto tempo você acha que dá pra ser fluente?"). Isso acaba dificultando muito o aprendizado.
Semana passada foi a última aula do curso promocional de alemão, que teve duração de 16 horas. As duas últimas aulas foram ok, já relevei o fato da professora se embananar na hora de mandar a gente repetir as coisas ou não, dela jogar as coisas totalmente fora de contexto, de não dar modelos de prática suficientes, etc.
Mas nada disso me irrita tanto quanto uma italiana que tem na turma. Puta que pariu, ela interrompe as pessoas, pergunta coisa que a professora acabou de falar, fica de risadinha com uma amiga dela na turma... Que raiva! Lembro que ficava incomodada com alunos assim quando eu dava aula, mas como professora eu conseguia cortar algumas coisas de maneira sutil - outras nem tanto, eu dependia da coragem de alunos mais "ousados" pra reclamar com o aluno "sem noção", mas eu como aluna não consigo reclamar.
Como já comentei aqui no blog, estou fazendo um curso de alemão com duração de 8 semanas. Tenho noção que 8 semanas são só pra fazer uma apresentação do básico do básico, mas tá sendo inevitável ficar intrigada e interessada por essa língua que nunca quis ou imaginei aprender. No entanto, apesar de toda a minha curiosidade e boa vontade, foi difícil acompanhar as primeiras aulas. Parecia que eu tava observando a aula da professora e após o término daria um feedback - situação pela qual passei diversas e diversas vezes nesses quase 10 anos (caramba, 10?!!!) como professora de inglês.
A quarta aula, por exemplo, foi desanimadora. Dá pra ver que a professora prepara as aulas, mas se atrapalha muito no delivery, no passar as instruções, sabe?
A quarta aula, por exemplo, foi desanimadora. Dá pra ver que a professora prepara as aulas, mas se atrapalha muito no delivery, no passar as instruções, sabe?
Mesmo assim, tenho seguido firme, estudado em casa, lendo as frases em voz alta, estudando com aplicativos no celular, praticando com o R.
A quinta aula pra mim foi a melhor. A professora fez mais atividades em duplas e eu me senti mais confortável em "falar alemão" com minha colega do que ler em voz alta pra sala inteira, como a professora sempre pede. Revisamos vocabulário (adjetivos tipo alto e baixo, bonito e feio, caro e barato, etc) e fizemos um exercício de leitura que por ter sido um pouco mais difícil, acabou sendo desafiador e interessante, pelo menos pra mim.
Comecei a estudar alemão há duas semanas e tô me divertindo bastante, apesar de tanto a segunda como a terceira aulas terem sido bem medianas, bem regulares. Eu entendo que é um curso bem introdutório, de 8 semanas, mas mesmo assim, vejo muitas falhas no delivery da professora. Em nenhum momento duvido da capacidade linguística dela, mas gente, a aula é bem mais ou menos.
Acho que o que mais me incomoda é impessoalidade e a falta de repetição. Eu lembro que quando dava aula pra níveis básicos, repetia as coisas milhares de vezes e fazia os alunos repetirem de diversas formas: em grupo, em pares, prática de diálogos, dinâmicas, enfim, muita coisa, tudo com o intuito de ajudar o aluno na pronúncia. A professora até fez a gente repetir um pouco mais, mas se atrapalhava na instrução e nos comandos. Uma coisa que aprendi quando trabalhava na Fisk é dar instruções bem claras de repetição - ao invés de simplesmente um "everybody", a gente sempre dizia "let's repeat" ou "listen and repeat". Parece um detalhe bobo, mas faz muita diferença pro aluno iniciante. E ela não faz a gente repetir incansavelmente, aí fico insegura, achando que tá todo mundo sabendo pronunciar, menos eu!
Eu nunca odiei alemão mas também nunca amei. Interessada por idiomas sempre fui, mas acabei sendo atraída pela sensualidade do espanhol, pelo romantismo do italiano, nunca pela dureza do alemão.
Mesmo assim, eu sempre soube uma ou outra palavrinha porque meu irmão estudou alemão por muito tempo e me falava alguma coisas. O R. também fala e sempre me ensina uma coisa ou outra.
Aí um dia desses o R. viu uma promoção no Groupon pra cursos de idiomas. Fiquei animada em dar continuidade aos meus estudos de italiano mas a escola só oferecia a promoção pra alunos iniciantes. Sendo assim, resolvi arriscar no alemão. Seria uma forma de aprender algo novo e ocupar a cabeça durante a semana.