Sim, a hora do quarto adeus chegou. Minha primeira despedida aqui na Irlanda foi da Bia, quando ela foi embora pro Brasil em 2013. Em 2014, me despedi da família M. com quem passei quase um ano trabalhando como babá fulltime. Em 2016, foi a hora de dizer tchau para a família C., com quem trabalhei por dois anos como babá meio-período. E agora, em 2017, me despedi dos meus alunos e colegas de trabalho nas duas escolas onde trabalhava aqui em Dublin.
Foram 6 meses na escola que fica na Hartcourt St. e 4 na outra escola na região do Temple Bar. Foi tudo muito intenso, especialmente nos últimos 4 meses, já que estava fazendo jornada dupla indo de uma escola à outra no horário de almoço e não tava fácil conciliar. Fora que trabalhar em duas escolas diferentes significa estar por dentro de procedimentos diferentes, planos de aulas diferentes, chefes diferentes...
A escola onde comecei em novembro não era a melhor do pedaço, mas consegui encontrar o meu espaço. Dava aula para turmas de upper-intermediate e gostava bastante de alguns colegas. Nunca tive problemas com ninguém, sempre fui elogiada por alunos e pela chefe, e peguei uma boa experiência dando aula para esse nível e também para o exame FCE.
Mostrando postagens com marcador Despedidas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Despedidas. Mostrar todas as postagens
Dublin, 6 de maio de 2016,
Vó, minha querida vó Thereza,
Que saudade da senhora. Do seu sorriso. Da sua voz. Do seu narizinho vermelho quando bebia uma caipirinha nas festas de família. Do seu olhos azuis e do seu cabelo roxinho.
Vó, eu me sinto privilegiada por ter me despedido da senhora. Poucas semanas após o casamento da Lu, você se foi. Quando vejo as fotos do casamento e do quão aparente era sua felicidade, sinto um calorzinho no coração. Foi uma grande alegria presenciar o casamento da sua neta, não é mesmo? Foi uma alegria para todos nós tê-la lá.
Aliás, dias antes do casamento sentamos uma tarde e ficamos admirando fotos antigas, inclusive fotos do seu casamento - como a senhora era linda! Sempre. Por dentro e por fora.
Vó, a senhora nos proporcionou uma infância absolutamente maravilhosa. Assistia pacientemente nossas peças de teatro, fazia lanchinhos deliciosos e cantava, em toda noite de Ano Novo, a música do "Adeus ano velho"...
Vó, tenho muito que agradecê-la. Por levar a gente pro inglês quando eu e meu irmão ainda não tínhamos idade suficiente pra ir sozinhos, por ter nos dado tanto amor, carinho e cuidado.
Ah, como a senhora adorava assistir suas novelas e o Raul Gil aos sábados. Sentávamos juntas e comentávamos os candidatos do programa.
Nunca me esquecerei de uma vez, quando muito criança, da ocasião em quebrei o vidro da sua porta com a minha cabeça. Mas também pudera, as duas brincando de ciranda no meio da sua cozinha! O vidro ficou trincado por anos, uma lembrança de que mesmo quando aprontávamos, a senhora nunca ficava brava conosco.
"Oi, minha lindinha" era o que a senhora dizia quando nos falávamos ao telefone. Se fecho meus olhos, consigo lembrar da sua voz ao me dizer essas palavras. Consigo sentir o seu perfume e o calor da sua pele.
Ah vó, e as comidas que a senhora fazia para os netos? Bolinho de chuva, salada de batata, sagu, rosquinha e o clássico espanhol mantecal. Se um dia eu tiver filhos, farei questão de preparar todas essas delícias pra eles, muito embora eu saiba que a qualidade dos meus quitutes nunca chegará aos pés dos seus.
Quando éramos pequenos, a senhora nos colocava no colo e cantava uma canção em espanhol que me lembro até hoje - a "Arre arre caballito". Era uma diversão e pedíamos repetidamente pra senhora cantar de novo, de novo e de novo...
Hoje penso que deveria ter passado ainda mais tempo com você. Ter conversado mais. Ter feito mais perguntas. Ter descoberto mais coisas sobre o seu passado e seus pais e avós. Lembro de ficar maravilhada ao ouvir as suas histórias e as do vô também - que orgulho eu sentia em ter um pouquinho de herança espanhola em minha vida!
Vó, fomos muito sortudos em ter uma vó tão maravilhosa quanto você. E toda vez que eu estou fazendo um bolo, lembro de nós quatro, ainda crianças, lhe perguntando que bolo a senhora fazia, na esperança de que ele fosse de cenoura com cobertura de chocolate. Às vezes a resposta era essa, às vezes ouvíamos um "bolo de bolo". E mesmo não sendo o que esperávamos, o bolo saía maravilhoso e acabava rapidinho.
Obrigada por tudo que nos ensinou, por todas as brincadeiras, canções, amor e companheirismo. A senhora faz falta entre nós.
Beijos e saudades da sua "pituquinha",
Bárbara
Vó, minha querida vó Thereza,
Que saudade da senhora. Do seu sorriso. Da sua voz. Do seu narizinho vermelho quando bebia uma caipirinha nas festas de família. Do seu olhos azuis e do seu cabelo roxinho.
Vó, eu me sinto privilegiada por ter me despedido da senhora. Poucas semanas após o casamento da Lu, você se foi. Quando vejo as fotos do casamento e do quão aparente era sua felicidade, sinto um calorzinho no coração. Foi uma grande alegria presenciar o casamento da sua neta, não é mesmo? Foi uma alegria para todos nós tê-la lá.
Aliás, dias antes do casamento sentamos uma tarde e ficamos admirando fotos antigas, inclusive fotos do seu casamento - como a senhora era linda! Sempre. Por dentro e por fora.
Vó, a senhora nos proporcionou uma infância absolutamente maravilhosa. Assistia pacientemente nossas peças de teatro, fazia lanchinhos deliciosos e cantava, em toda noite de Ano Novo, a música do "Adeus ano velho"...
Vó, tenho muito que agradecê-la. Por levar a gente pro inglês quando eu e meu irmão ainda não tínhamos idade suficiente pra ir sozinhos, por ter nos dado tanto amor, carinho e cuidado.
Ah, como a senhora adorava assistir suas novelas e o Raul Gil aos sábados. Sentávamos juntas e comentávamos os candidatos do programa.
Nunca me esquecerei de uma vez, quando muito criança, da ocasião em quebrei o vidro da sua porta com a minha cabeça. Mas também pudera, as duas brincando de ciranda no meio da sua cozinha! O vidro ficou trincado por anos, uma lembrança de que mesmo quando aprontávamos, a senhora nunca ficava brava conosco.
"Oi, minha lindinha" era o que a senhora dizia quando nos falávamos ao telefone. Se fecho meus olhos, consigo lembrar da sua voz ao me dizer essas palavras. Consigo sentir o seu perfume e o calor da sua pele.
Ah vó, e as comidas que a senhora fazia para os netos? Bolinho de chuva, salada de batata, sagu, rosquinha e o clássico espanhol mantecal. Se um dia eu tiver filhos, farei questão de preparar todas essas delícias pra eles, muito embora eu saiba que a qualidade dos meus quitutes nunca chegará aos pés dos seus.
Quando éramos pequenos, a senhora nos colocava no colo e cantava uma canção em espanhol que me lembro até hoje - a "Arre arre caballito". Era uma diversão e pedíamos repetidamente pra senhora cantar de novo, de novo e de novo...
Hoje penso que deveria ter passado ainda mais tempo com você. Ter conversado mais. Ter feito mais perguntas. Ter descoberto mais coisas sobre o seu passado e seus pais e avós. Lembro de ficar maravilhada ao ouvir as suas histórias e as do vô também - que orgulho eu sentia em ter um pouquinho de herança espanhola em minha vida!
Vó, fomos muito sortudos em ter uma vó tão maravilhosa quanto você. E toda vez que eu estou fazendo um bolo, lembro de nós quatro, ainda crianças, lhe perguntando que bolo a senhora fazia, na esperança de que ele fosse de cenoura com cobertura de chocolate. Às vezes a resposta era essa, às vezes ouvíamos um "bolo de bolo". E mesmo não sendo o que esperávamos, o bolo saía maravilhoso e acabava rapidinho.
Obrigada por tudo que nos ensinou, por todas as brincadeiras, canções, amor e companheirismo. A senhora faz falta entre nós.
Beijos e saudades da sua "pituquinha",
Bárbara
O primeiro post dessa série foi publicado em 2013, quando minha amiga Bia foi embora da Irlanda. Sofri e chorei muito porque ela foi o primeiro contato que fiz antes de vir pra cá, viramos amigas, flatmates... permanecemos amigas e nos falamos com frequência até hoje, mas na época foi difícil lidar com a despedida.
O segundo post da série veio em 2014, quando me despedi da família M. depois de trabalhar um ano com as pequenas É. e C., duas belezinhas que hoje tem 5 e 4 anos de idade. Teve muita choradeira porque eu me apeguei às duas, mas felizmente tive outras oportunidade de visitá-las e inclusive passar um dia com elas no fim do ano passado. A família ganhou um novo membro, o pequeno D., de um mês de idade, que ainda não conheci.
A minha terceira despedida, no entanto, vem em 2016, quase dois anos após ter começado a trabalhar com a família C.
É até difícil pensar em palavras pra descrever o quão generosos e respeitosos eles foram comigo, de verdade. Chefes como esses eu sei que nunca mais terei na vida - acho que é uma daquelas coisas de uma vez na vida e outra na morte, como diz minha mãe.
A minha chefe também chama Bárbara, sem acento. Ela foi muito importante na minha vida aqui na Irlanda pois me apoiou em diversos momentos, ajudou, me deu espaço para férias, respeitou dias em que estive doente, enfim, ela foi muito mais do que uma chefe.
E os meninos? Ah, os meninos. Vou sentir falta deles! Dois anos na vida de uma criança é muita coisa e vi esses dois amadurecerem e evoluírem demais. Dos surtos de nervosinho que o J. tinha quando não conseguia fazer alguma coisa à choradeira do S. quando perdia um jogo, esses dois certamente fizeram as minhas tardes melhores. Afinal de contas, como eu saberia sobre super-heróis, Yogioh cards, Scooby Doo, Transformers, Rescue Bots e tantas outras coisas do universo dos meninos?
O segundo post da série veio em 2014, quando me despedi da família M. depois de trabalhar um ano com as pequenas É. e C., duas belezinhas que hoje tem 5 e 4 anos de idade. Teve muita choradeira porque eu me apeguei às duas, mas felizmente tive outras oportunidade de visitá-las e inclusive passar um dia com elas no fim do ano passado. A família ganhou um novo membro, o pequeno D., de um mês de idade, que ainda não conheci.
A minha terceira despedida, no entanto, vem em 2016, quase dois anos após ter começado a trabalhar com a família C.
É até difícil pensar em palavras pra descrever o quão generosos e respeitosos eles foram comigo, de verdade. Chefes como esses eu sei que nunca mais terei na vida - acho que é uma daquelas coisas de uma vez na vida e outra na morte, como diz minha mãe.
A minha chefe também chama Bárbara, sem acento. Ela foi muito importante na minha vida aqui na Irlanda pois me apoiou em diversos momentos, ajudou, me deu espaço para férias, respeitou dias em que estive doente, enfim, ela foi muito mais do que uma chefe.
E os meninos? Ah, os meninos. Vou sentir falta deles! Dois anos na vida de uma criança é muita coisa e vi esses dois amadurecerem e evoluírem demais. Dos surtos de nervosinho que o J. tinha quando não conseguia fazer alguma coisa à choradeira do S. quando perdia um jogo, esses dois certamente fizeram as minhas tardes melhores. Afinal de contas, como eu saberia sobre super-heróis, Yogioh cards, Scooby Doo, Transformers, Rescue Bots e tantas outras coisas do universo dos meninos?
Pai, hoje faz um ano que você se foi. Parece até mentira, porque pra mim a ficha ainda não caiu - será que algum dia vai cair? O meu "adeus" foi dado quando nos vimos pela última vez na minha despedida antes de vir pra Irlanda, e não no dia 18 de dezembro de 2013.
Quando fiquei sabendo que você estava a caminho do hospital, achei que seria mais um daqueles episódios, mas não. Você se foi de verdade, de maneira rápida e inesperada.
Mas eu não quero lembrar de como tudo isso se deu. Quero lembrar das coisas boas que você me ensinou, dos momentos bacanas que dividimos - não à toa o título desse texto está em espanhol - você era super orgulhoso de suas origens e vivia prometendo que eu e o Cé um dia falaríamos espanhol, lembra? Não consigo dizer quantas e quantas vezes ouvimos aquele seu cd Raíces de América - Seleção de Ouro (que hoje tenho em mp3 e às vezes ouço no celular): yo tengo tantos hermanos, que no los puedo contar....
Lembro de quando você nos acordava aos sábados de manhã ouvindo "o seu rock": Legião Urbana, Red Hot, Queen e é claro, o Pink Floyd. Ahhhh, aquele VHS do show Pulse deve ter gasto de tanto que você o assistiu!
Ahhh, e quando você escrevia poemas e livros pra mim e pro Cé? Nunca me esqueço quando a minha professora da primeira série te convidou pra ir conversar com a minha turma acerca do seu poema sobre a primavera - você me deu um beijo no rosto e eu queimei de tanta vergonha. Mas hoje eu sei que não era vergonha - era orgulho de ter um pai escritor que até mesmo a professora chamava pra se apresentar. Os seus livros estão muito bem guardados e um dia eu e o Cé vamos publicá-los - eles são bom demais pra ficarem guardados.
Você queria tanto que a gente estudasse inglês e se enchia de orgulho de ir nos buscar na Cultura às segundas e quartas. Lembro da insegurança que eu sentia ao ver meus colegas indo embora em seus carrões dirigidos por seus motoristas enquanto meu pai vinha num simples corsa branco (comprado num consórcio - saiu no segundo mês graças ao número escolhido pelo meu irmão!). O que eu jamais imaginei na época é que um dia eu estaria saindo da Cultura Inglesa como professora, dando aula para os tais que iam embora em seus carrões com motoristas.
Você foi um exemplo em minha vida - para o bem e para o mal. Muito da minha personalidade e gostos foram moldados de acordo com os seus gostos e preferências e devo muito a você. Nas poucas vezes que nos falamos por telefone quando eu já estava aqui, você se enchia de orgulho e ficava me perguntando se os irlandeses eram esses caras legais mesmo e se todos eram ruivos. Eu sabia que você havia realizado um sonho através de mim: estou aqui, pai, na terra do seu amado U2! Como eu queria te contar mais das coisas que vi aqui, das viagens que fiz, de tudo que conheci!
Naquele 18 de dezembro de 2013 você seguiu o seu caminho e espero que esteja em paz - você precisava. O cartão-postal que te escrevi no dia anterior, de Viena, não chegou a ser postado. Guardo ele aqui, junto com as minhas boas memórias vividas ao seu lado. As ruins também existem, você sabe, né? Você sabe bem. Agora não adianta trazê-las à tona, porque você partiu. Mas fique tranquilo, pai. Vou continuar honrando os seus rocks e usar sempre o meu melhor espanhol!
Quando fiquei sabendo que você estava a caminho do hospital, achei que seria mais um daqueles episódios, mas não. Você se foi de verdade, de maneira rápida e inesperada.
Mas eu não quero lembrar de como tudo isso se deu. Quero lembrar das coisas boas que você me ensinou, dos momentos bacanas que dividimos - não à toa o título desse texto está em espanhol - você era super orgulhoso de suas origens e vivia prometendo que eu e o Cé um dia falaríamos espanhol, lembra? Não consigo dizer quantas e quantas vezes ouvimos aquele seu cd Raíces de América - Seleção de Ouro (que hoje tenho em mp3 e às vezes ouço no celular): yo tengo tantos hermanos, que no los puedo contar....
Lembro de quando você nos acordava aos sábados de manhã ouvindo "o seu rock": Legião Urbana, Red Hot, Queen e é claro, o Pink Floyd. Ahhhh, aquele VHS do show Pulse deve ter gasto de tanto que você o assistiu!
Ahhh, e quando você escrevia poemas e livros pra mim e pro Cé? Nunca me esqueço quando a minha professora da primeira série te convidou pra ir conversar com a minha turma acerca do seu poema sobre a primavera - você me deu um beijo no rosto e eu queimei de tanta vergonha. Mas hoje eu sei que não era vergonha - era orgulho de ter um pai escritor que até mesmo a professora chamava pra se apresentar. Os seus livros estão muito bem guardados e um dia eu e o Cé vamos publicá-los - eles são bom demais pra ficarem guardados.
Você queria tanto que a gente estudasse inglês e se enchia de orgulho de ir nos buscar na Cultura às segundas e quartas. Lembro da insegurança que eu sentia ao ver meus colegas indo embora em seus carrões dirigidos por seus motoristas enquanto meu pai vinha num simples corsa branco (comprado num consórcio - saiu no segundo mês graças ao número escolhido pelo meu irmão!). O que eu jamais imaginei na época é que um dia eu estaria saindo da Cultura Inglesa como professora, dando aula para os tais que iam embora em seus carrões com motoristas.
Você foi um exemplo em minha vida - para o bem e para o mal. Muito da minha personalidade e gostos foram moldados de acordo com os seus gostos e preferências e devo muito a você. Nas poucas vezes que nos falamos por telefone quando eu já estava aqui, você se enchia de orgulho e ficava me perguntando se os irlandeses eram esses caras legais mesmo e se todos eram ruivos. Eu sabia que você havia realizado um sonho através de mim: estou aqui, pai, na terra do seu amado U2! Como eu queria te contar mais das coisas que vi aqui, das viagens que fiz, de tudo que conheci!
Naquele 18 de dezembro de 2013 você seguiu o seu caminho e espero que esteja em paz - você precisava. O cartão-postal que te escrevi no dia anterior, de Viena, não chegou a ser postado. Guardo ele aqui, junto com as minhas boas memórias vividas ao seu lado. As ruins também existem, você sabe, né? Você sabe bem. Agora não adianta trazê-las à tona, porque você partiu. Mas fique tranquilo, pai. Vou continuar honrando os seus rocks e usar sempre o meu melhor espanhol!
Acordei às 5 da manhã hoje, chorando - tinha tido um pesadelo com as meninas. No sonho, eu me despedia delas, coisa que faria mais tarde ainda hoje. Eu não queria dizer tchau.
Foi um dia comum: fomos à biblioteca, parque, brincamos em casa, comemos juntas, vimos até um pouco de TV (porque era último dia e no último dia pode). Comprei sorvetes, que havia prometido há algumas semanas, e os devoramos após o dinner. A mais velha grudou em mim à tarde toda e disse, do nada, "I love you very very very very much".
Eu sabia que choraria, mas nossa, como doeu.
Até o pai delas chorava e dizia-se triste por eu não trabalhar mais com a família. Quando ele chegou às 17h pra que eu pudesse ir embora, elas entraram em estado de negação e se recusaram a me abraçar pra dizer tchau. Ficaram pulando e cantando alto na sala e não ouviam o pai as chamando pra se despedir de mim. Eu queria muito dar um abraço nelas, mas confesso que já estava tão triste que teria ido embora sem dizer nada mesmo.
Foi um dia comum: fomos à biblioteca, parque, brincamos em casa, comemos juntas, vimos até um pouco de TV (porque era último dia e no último dia pode). Comprei sorvetes, que havia prometido há algumas semanas, e os devoramos após o dinner. A mais velha grudou em mim à tarde toda e disse, do nada, "I love you very very very very much".
Eu sabia que choraria, mas nossa, como doeu.
Até o pai delas chorava e dizia-se triste por eu não trabalhar mais com a família. Quando ele chegou às 17h pra que eu pudesse ir embora, elas entraram em estado de negação e se recusaram a me abraçar pra dizer tchau. Ficaram pulando e cantando alto na sala e não ouviam o pai as chamando pra se despedir de mim. Eu queria muito dar um abraço nelas, mas confesso que já estava tão triste que teria ido embora sem dizer nada mesmo.
Faz poucas horas que ela embarcou, mas já tô sentindo falta.
Ela, que me ajudou muito mais do que pode imaginar.
Ainda em São Paulo, me ajudava com os posts sobre o preparativos do intercâmbio que eu lia no anonimato. Depois, quando dei as caras e a adicionei no facebook (pois tínhamos tanta coisa em comum, não podíamos ser amigas? professoras de inglês, amantes de livros e filmes... até no show do Morrissey estivemos "juntas" em 2012), passamos a ter mais contato.
Aí eu vim pra Irlanda, e no meu primeiro dia aqui ela combinou de me encontrar pra gente se conhecer pessoalmente. Tava frio, chovendo. Fomos na loja de 2 euros na Dame Street pr'eu comprar uma pasta de dente e de lá fomos tomar um chocolate quente no Costa Café com o Rick. No dia seguinte, ela me convidou pra comer um macarrão na casa dela (onde moro hoje): ali eu tive certeza que ela era gente boa.
Depois disso, foram muitos passeios, risadas e conversas. Fomos ao Dublinia, a Kilmainham Gaol, ao Museu de Arte Moderna, ao parque, no centro, em mais de um walking tour pela cidade (esse e esse) - e um passeio de barco também. Teve castelo, teve praia, teve interior. Além disso, cruzamos as fonteiras e passamos um dia frio e divertido na terra dos Beatles.
Foram muitos meal deals, sorvetes, andanças pela cidade, alguns pubs e até karaokê!
De conhecidas de internet pra parceiras de intercâmbio pra companheiras de casa (por um mês, mas também conta) pra amigas pra vida.
Mas ela resolveu voltar pra casa.
E hoje, dia 3 de julho, foi o dia em que um pedacinho do meu coração foi embora pra São Paulo, junto com ela.
Obrigada por tudo, Bia. Você tem um fabuloso destino pela frente!
Ela, que me ajudou muito mais do que pode imaginar.
Ainda em São Paulo, me ajudava com os posts sobre o preparativos do intercâmbio que eu lia no anonimato. Depois, quando dei as caras e a adicionei no facebook (pois tínhamos tanta coisa em comum, não podíamos ser amigas? professoras de inglês, amantes de livros e filmes... até no show do Morrissey estivemos "juntas" em 2012), passamos a ter mais contato.
Aí eu vim pra Irlanda, e no meu primeiro dia aqui ela combinou de me encontrar pra gente se conhecer pessoalmente. Tava frio, chovendo. Fomos na loja de 2 euros na Dame Street pr'eu comprar uma pasta de dente e de lá fomos tomar um chocolate quente no Costa Café com o Rick. No dia seguinte, ela me convidou pra comer um macarrão na casa dela (onde moro hoje): ali eu tive certeza que ela era gente boa.
Depois disso, foram muitos passeios, risadas e conversas. Fomos ao Dublinia, a Kilmainham Gaol, ao Museu de Arte Moderna, ao parque, no centro, em mais de um walking tour pela cidade (esse e esse) - e um passeio de barco também. Teve castelo, teve praia, teve interior. Além disso, cruzamos as fonteiras e passamos um dia frio e divertido na terra dos Beatles.
Foram muitos meal deals, sorvetes, andanças pela cidade, alguns pubs e até karaokê!
De conhecidas de internet pra parceiras de intercâmbio pra companheiras de casa (por um mês, mas também conta) pra amigas pra vida.
Mas ela resolveu voltar pra casa.
E hoje, dia 3 de julho, foi o dia em que um pedacinho do meu coração foi embora pra São Paulo, junto com ela.
Obrigada por tudo, Bia. Você tem um fabuloso destino pela frente!
Primeiro eu preciso ressaltar que não acredito que tô do outro lado do mundo. Tipo, o vôo foi tão suave que a impressão que dá é que fiquei parada no mesmo lugar. Totalmente surreal estar em Istambul.
Ontem o dia foi estressante. Terminei com muito custo e ajuda da minha mãe de arrumar a mala... minha família foi em casa se despedir... E minha mãe e irmão me levaram no aeroporto.
Foi estranho. Eu tava com frio na barriga, mas a sensação era que eu estava indo viajar por alguns dias, nada de mais. Ficamos umas 2 horas aguardando o horário do embarque e chegou o momento da despedida. Eu sabia que ia chorar, mas depois de me despedir ainda fiquei um tempão soluçando enquanto passava pela imigração, raio-x e tudo mais ("Despedida é assim mesmo, moça!" - me disse a atendente).
Ontem o dia foi estressante. Terminei com muito custo e ajuda da minha mãe de arrumar a mala... minha família foi em casa se despedir... E minha mãe e irmão me levaram no aeroporto.
Foi estranho. Eu tava com frio na barriga, mas a sensação era que eu estava indo viajar por alguns dias, nada de mais. Ficamos umas 2 horas aguardando o horário do embarque e chegou o momento da despedida. Eu sabia que ia chorar, mas depois de me despedir ainda fiquei um tempão soluçando enquanto passava pela imigração, raio-x e tudo mais ("Despedida é assim mesmo, moça!" - me disse a atendente).
No último final de semana aconteceram minhas festas de despedida.
No sábado reuni o pessoal do trabalho pra cantar num karaokê - não sei se é coisa de professor de inglês, mas quase todos que conheço gostam muito! Cantei Smiths, cantei Depeche Mode, cantei Simple Plan e até Justin Bieber. Mas as minhas clássicas de karaokê não ficaram de fora: Spice Girls, BSB, Debbie Gibson e Pitty.
E aí que esses dias me dei conta de que ficarei por pelo menos um ano sem ver familiares e amigos. Eu tava tão envolvida no meu mundinho de intercâmbio que não tinha percebido que essa hora chegaria.
Ainda não fiz nenhuma despedida, mas recentemente, ao falar com uma velha amiga no chat do facebook, quase tive um troço de tanto chorar. Todo mundo que me conhece sabe que sou manteiga derretida, choro sempre e choro muito. Como é que vou ter emocional pra me despedir de todo mundo? Se eu já fico sem ar vendo episódio de seriado teen, como meu coração agüentará se despedir da minha mãe, irmão, vó, tios, primos e amigos?!