Opiniões de um irlandês sobre o Brasil - parte I

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Como comentei por aqui, eu queria muito que o R. desse as opiniões dele sobre o Brasil aqui no blog. A princípio não achei que ele fosse querer, já que ele não gosta de redes sociais, de se expor na internet e tal, mas não é que ele gostou da ideia? Confesso que tô até com medo das pessoas pedirem pra ele ser o escritor oficial do Barbaridades, já que ele escreve muito muito bem! :)

Vou dividir o texto em algumas partes e vou sempre colocar o texto dele em inglês primeiro, seguido da minha tradução livre, assim, quem lê em inglês pode ter o gostinho da "obra original". Os posts não serão muito grandes porque levo muito tempo traduzindo tudo, então de pouquinho em pouquinho a gente vai postando.

Vamos lá! O que será que o meu irlandês achou do meu Brasil? Parte 1.

Nós dois em Copacabana <3


Irlandês diz...

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Esses dias eu tava pensando no quanto eu aprendi sobre o vocabulário britânico/irlandês nesse tempo morando na Irlanda. Apesar de ter estudado numa escola que utiliza material didático britânico, sempre houve variedade de sotaques/estilos por parte dos professores - e pra ajudar, eu sempre assisti muitos seriados e filmes americanos, o que contribuiu para a expansão do meu "inglês americano". Então ao invés de dizer "lorry", eu digo "truck" (caminhão), mas é tudo a mesma coisa, não importa.

Só que esses dias eu tava pensando que a particularidade do vocabulário irlandês merecia um espaço aqui no blog. Afinal de contas, a professora em mim não me dá descanso!

E essa palavra maravilhosa?

O banho

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Não sei se você sabia, mas criança aqui na Irlanda NÃO toma banho todo dia. Não precisa, né, gente? Pois é. Para nós, brasileiros, vindos de um país onde você toma fácil 2 ou 3 banhos no calor, se deparar com esse fato na Irlanda é um certo choque cultural. Pra mim, não tem desculpa. Não diga que é o frio, porque aqui tem aquecedor e água quente. Não diga que a pele é sensível, porque isso não existe. Criança pula, brinca, se suja, tem que tomar banho. Sem contar outros cantos do corpo - só um lencinho umedecido ao trocar a fralda não é sabão...

Bom, aí ao voltar das férias do Brasil percebi que o cabelo da C. (agora com 2 anos e 1 mês) tava bem oleoso. A mãe até comentou comigo que achava que a menina tava passando a mão suja no cabelo, mas pra mim, esse não é o único motivo. O verão chegou e a mãe delas continua vestindo-as com manga longa - elas suam, passam calor também, porra! Lógico que o cabelo da menina vai ficar oleoso.

A chefe emendou esse papo dizendo que tava sem tempo aquele resto de semana pra dar um banho na menina (acho que elas tomam banho 1 vez por semana apenas) e eu me ofereci pra dar banho nelas no período em que estou lá. Ela agradeceu e disse que seria ótimo se eu pudesse banhar a menina no dia seguinte, pois elas estariam fora de casa no fim de semana.

Uns dias no Uruguai - parte V

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Ahhhhhhhhh, esse é o último post sobre minha viagem ao Uruguai. Mas antes, um parênteses: eu esqueci comentar de um lugar onde paramos no 2º dia lá, a fonte dos cadeados em pleno centro da cidade!


Segundo o que encontrei no site da Jamile, o Viver Uruguai, "a fonte de pedra vulcânica foi importada do México e ficou sem utilidade durante um longo período. Os proprietários do Restaurante Facal - que fica em frente a fonte - decidiram utilizá-la e por uma questão de segurança colocaram essa grade de proteção em volta, logo começaram a aparecer os cadeados, a principio eles pensaram que eram de pessoas que deixavam as bicicletas presas aí e mandaram retirá-los. Com o tempo descobriram que eram os cadeados do amor em referência a tradição da Ponte Milvio em Roma".

Uns dias no Uruguai - parte IV

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E estamos quase no fim da série "Uns dias no Uruguai" - nosso 4º dia foi mais curto (já que nosso vôo era no fim da tarde), mas mesmo assim, deu pra aproveitar bem.

Eu queria visitar um museu que era meio afastado do centro, ficaria bem longinho de ir então resolvemos trocar. A Jamile é uma ótima guia e deu a ideia de conhecermos o Museu dos Andes, que ela mesma ainda não conhecia. O museu fala da história de um avião uruguaio que caiu na Cordilheira dos Andes (parte chilena) nos anos 70 e seus sobreviventes. A entrada é cara, tipo uns 20 reais, mas vale cada centavo.

Eu já tinha ouvido falar dessa história, mas visitar o museu foi um negócio muito, muuuito fascinante.

Eram 45 pessoas no vôo, incluindo uma equipe de rúgbi, seus amigos, familiares e associados que caiu na Cordilheira - mais de um quarto dos passageiros morreram no acidente e vários morreram nos dias seguintes por causa de ferimentos e do constante frio. Dos 29 que estavam vivos alguns dias após o acidente, oito foram mortos por uma avalanche que varreu o seu abrigo. Os últimos 16 sobreviventes foram resgatados mais de dois meses após o acidente. DOIS MESES.

Uns dias no Uruguai - parte III

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3º dia de Uruguai e o destino não era ficar na capital: pegamos uma carona com a Jamile e fomos em direção à Punta del Leste, destino super turístico e procurado por quase todo mundo pra vai pro Uruguai.

Tipo, eu já adianto que gostei de Punta, mas pensando bem, pensando com carinho, acho que teria sido mais a minha "cara" ir à Colônia do Sacramento, uma cidade fundada por portugueses que fica a uns 180km de Montevidéu. Só que Colônia fica de um lado e Punta do outro - não dá pra ir nos dois no mesmo dia! Escolhemos Punta (não me arrependo), mas acho que teria gostado mais de Colônia.

É que Punta é uma coisa mais badalação, mais ostentação, sabe? Eu sou simples, não sou de hotéis caros e cassinos. Mesmo assim, não teve como não se encantar com a beleza do local e das pequenas surpresas pelo caminho...

Uns dias no Uruguai - parte II

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No segundo dia em Montevideo não acordamos muito cedo pois estávamos meio cansados do dia anterior. O plano era ir ao centro, conhecer uns prédios e também museus.

Acabei não comentando no outro post, mas Montevideo é uma cidade muuuuuuuuuito tranquila, parecia feriado todos os dias em que estivemos lá. Não me senti alvo de trombadinhas (como em Buenos Aires) e por ser uma cidade pequena, com aproximadamente 1.3 milhões, me senti à vontade, como em Dublin, que tem população parecida.

Pegamos um ônibus até o centro e fomos andando até o prédio da prefeitura, onde, no último andar, há um mirante de onde dá pra ver a cidade toda. Antes, deve-se passar num "quiosque" de turismo pra pegar o ingresso - que é de graça!

Tava fazendo um friozinho e um sol muito gostoso, o que contribuiu pra deixar Montevideo e seu outono ainda mais lindos - as árvores estavam marronzinhas, com folhas caindo, bem parecido com o que acontece aqui na Europa. Pelo menos em São Paulo eu não vejo essa mudança muito clara de estações! Acho que pelo fato de Uruguai estar mais ao sul, fica mais "fácil" de observar essa mudança.


Uns dias no Uruguai - parte I

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Quando eu decidi ir ao Brasil, ainda mais de surpresa, quase explodi por não poder contar pra ninguém a grande novidade. Aí num dia de muita ansiedade resolvi compartilhar as novas com minha amiga Jamile, que conheci aqui em Dublin. Ela já voltou pra casa, Montevidéo, no Uruguai. E já que ela tá no Uruguai, não teria nada de mais em falar que eu tava indo de férias pro Brasil, né?

Contei e ela ficou empolgadíssima e me fez um convite: "vem me visitar aqui?"

Ahhhh, como eu queria, ainda mais porque ela tá esperando um bebê! Seria demais conhecer mais um país na América Latina, né?

Conversei com R., que ficou bem empolgado em conhecer, além do Brasil, o Uruguai. Pensamos, calculamos, e um tempo depois, compramos as passagens pela TAM.

Chegado o dia da viagem, acordamos bem cedo e pegamos um táxi pra Guarulhos, porque não tem condições de chegar naquele aeroporto de transporte público. O aeroporto foi tranquilo, imigração sossegada, vôo silencioso. Sim, tava com saudade de voar com uma companhia que não fosse Ryanair que não ficasse vendendo coisa e fazendo alarde o vôo inteiro.

15 meses de Irlanda

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Mais um dia 20, mais um aniversário de Irlanda. São 15 meses - Um ano e três meses que moro nesse país. O último mês, diferente de todos os outros, foi gasto quase todo fora daqui. É que eu fui passar umas férias do outro lado do oceano e fiquei praticamente 3 semanas longe de Dublin. Sendo assim, não teve muita coisa nova acontecendo por aqui, mas...

Ao chegar no Brasil, pude perceber a falta de coisas que eu conheci na Irlanda. Eu não imaginava, mas com tão pouco tempo vivendo aqui já me apeguei a coisas da rotina local, do modo de falar, do dia-a-dia mesmo. Claro que muito da saudade daqui vinha da falta de estabilidade, já que nas férias no Brasil eu acordava eu horários diferentes, comia coisas diferentes, via gente diferente todos os dias, enquanto aqui tenho meu cronograma e minhas coisinhas do mesmo jeito todo dia, sabe? Às vezes a gente reclama, mas rotina faz muito bem.

Em 15 meses de Irlanda eu já me acostumei totalmente a beber água da torneira;


A água na Irlanda faz mal?

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Como já comentei aqui no blog há muuuuito tempo, eu colecionava esmaltes e adorava fazer a unha. Sempre tive unhas fortes, longas, dificilmente quebravam.

Aí eu cheguei na Irlanda e notei que aos poucos, as unhas foram enfraquecendo.

Começou assim: uma ou outra unha quebravam, depois começavam a descascar... resolvi comprar uma base boa, de responsa, pra ajudar. Comprei e não resolveu. Eu fazia a unha num dia e no outro já tava descascando (não o esmalte, a unha), lascando, quebrando.... intrigada, perguntei no facebook se mais alguém tinha problemas com isso aqui. Nivea comentou que sim, que o caso dela era parecido com o meu e que ela acreditava ser a água daqui.

A água?


Pois é. Depois de 20 dias sem NENHUMA UNHA lascar no Brasil, elas começaram a quebrar na Irlanda, logo quando cheguei.


O Brasil e tudo que há de bom

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Se no último post sobre as férias no Brasil eu acabei focando na parte negativa e nas minhas reflexões mais reclamonas do tempinho que passei lá, nesse venho falar das coisas boas, do que valeu a pena ter atravessado o oceano naquele avião que não chegava nunca.

Primeiramente, logicamente, rever a família. A cara de espanto da família ao me ver chegando foi impagável (lembra? foi surpresa!), bem como a recepção calorosa com o R. Foi muuuito bom passar os domingos com eles e colocar o papo em dia. No primeiro domingo comemos feijoada, no segundo fomos no mercadão e no último fizemos uma festa junina, minha festa nacional preferida.


Vem chegando o verãooooo

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O verão, meus caros, o verão já chegou.

Desde antes de ir pro Brasil eu já sabia que o verão tava aí, mas me recusei a aceitá-lo. Poxa, eu queria um pouco mais de frio! Os dias já estavam ficando bem claros e eu sabia que quando voltasse das férias no ~hemisfério sul~, eu ficaria meio atordoada com a claridade.

De fato. Mas não é só a claridade que mexe com o meu senso de tempo - aliás, esse negócio do sol raiar até 10 da noite não dá, me confunde demais. Tô aqui fazendo nada, de boa na lagoa e quando percebo já são mais de 9 da noite e ainda não fiz janta, não tomei banho, não cuidei da vida. Essa luminosidade engana você!

Da minha janela, dia 16 de junho às OITO E MEIA DA NOITE

E como eu me senti no Brasil?

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As férias no Brasil foram ótimas. Extremamente cansativas e no início um pouco estranhas, mas ótimas. É que como já comentei por aqui, alguns amigos ficaram bravos comigo por eu ter feito surpresa e não ter contado que eu ia pra lá. Além disso, me senti extremamente dividida, tendo que passar tempo com família e amigos e sendo cobrada por isso. Não vou me alongar nessa parte porque vai parecer indireta e pode causar mal-entendidos, o que não é a intenção.

Ao sair do aeroporto já fiquei estressada com o trânsito, que tava bem pesado por conta de uma chuva.

Nos dias subsequentes também tive pequenos ataques de nervoso e ódio com o trânsito e com a demora pra chegar em qualquer lugar da cidade. Tudo bem, eu moro na periferia, meio longe de tudo, mas mesmo assim, é foda.


Preconceito lingüístico dentro de casa

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Antes de ir ao Brasil por 3 semanas, aconteceu um lance no trabalho que me intrigou demais. Intrigou na verdade é modesto, o lance me deixou revoltada mesmo. Mas vamos aos poucos.

Você já ouviu falar em preconceito linguístico?

De maneira simplificada, preconceito linguístico é o julgar alguém ou um grupo por conta de seu modo de falar. Ele pode vir disfarçado de tom de brincadeira, pode ser mais direto e desrespeitoso, mas ele tá sempre lá. Quer ver como? Gente que tira sarro de quem faz o R caipira, gente do sul/sudeste que imita algum sotaque do norte/nordeste, gente que julga o nível intelectual do outro por ele cometer erros gramaticais como não usar plural, só pra citar alguns exemplos.

O assunto é longo e complexo e como o blog não é tese de monografia, não vou me alongar nisso. Mas antes de contar o porquê deu estar falando desse assunto, recomendo MUITO a leitura desse texto da Revista Galileu (é um texto curtinho e muito elucidativo).

Apesar de brasileira, quando falo inglês acabo usando um sotaque meio americano, ou como já ouvi muitas vezes aqui, tenho um tal de American twang (tendo crescido e passado anos assistindo filmes e seriados americanos, não podia dar em outra). Aí inevitavelmente eu falo wárer ao invés de watttter, burer ao invés de buttter, etc. Só que por trabalhar e viver na Irlanda, às vezes acabo misturando um pouco com a forma que os irlandeses usam, principalmente com as meninas, que estão mais acostumadas e expostas à maneira local de falar.

O último de Portugal

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Meu deus! Acho que nunca fiz tanto post sobre uma viagem como fiz sobre Portugal, mas o fato é que o país me encantou demais!

No último post eu falei que tinha feito dois walking tours em Porto. De fato, após o término do primeiro deles, fui almoçar com um pessoal que conheci e também um australiano que se juntou ao grupo. Por recomendação do guia, fomos no restaurante chamado Santiago pra comer o prato típico do Porto, a francesinha.

Diz a lenda que a francesinha foi inventada por um português que viveu na França e incrementou o croque-monsieur francês. O lanche consiste em pão, presunto, bife, linguiça, lombo e queijo derretido por cima, podendo vir com um ovo também. É servido com um molho "picante".

O guia já tinha dito que era um lanchão e disse que era melhor dividirmos, pra garantir. De fato, ele tinha razão:


Ainda em Portugal: chegando em Porto

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Dia 3: Chegada em Porto

Cheguei em Porto antes das oito da noite. Ainda na estação Campanhã, onde o trem vindo de Lisboa parou, peguei um outro trem pra estação São Bento, super pertinho de lá. 

A estação São Bento é perto do hostel, mas como eu sou péssima em ler mapas, dei uma puta volta desnecessária pra chegar lá. O hostel era da mesma rede que eu fiquei em Lisboa e assim como aquele, também era super bacana e o staff, gentil e simpático. Fiz o check in e a ideia era subir, tomar um banho, comer alguma coisa e ir dormir, mas o hostel oferecia um jantar com entrada, bebida, prato principal e sobremesa por 10 euros. Não resisti e fiquei pro jantar ao invés de sair procurando um lugar pra comer. 

As meninas do meu quarto eram de Singapura e Taiwan, umas fofas. Descemos pro jantar e uns alemães sentaram perto - foi muito legal! Batemos papo (não exibi muito do meu alemão não), rimos, e a comida tava uma delicia. Aí vi que um dos caras da mesa tava super quietinho, deslocado. Perguntei de onde ele era - Colômbia! Começamos a conversar em "espanhol". Muito nas aspas porque eu consegui misturar espanhol, italiano e português na conversa, mas deu tudo certo. Já passava das 11 quando fui dar uma arrumada nas coisas e tomar um banho. 

Volta a Dublin e pequenas reflexões

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Ah, que saudade de escrever aqui no blog! Tava com muita muita muita saudade mesmo. Mas como eu comentei por aqui, passei quase 3 semanas no Brasil e simplesmente não tive um minuto pra escrever nem postar. Na verdade, até tive, que foi quando subi o post do último dia em Lisboa. E só. Pra ser sincera, acho que os únicos momentos em que estive sozinha no Brasil é quando ia ao banheiro. Sério.

Esse começo pareceu meio carrancudo, mas é que eu cheguei ontem vindo de um vôo não muito legal. Não sei o que tem acontecido comigo, não consigo mais dormir profundamente em avião. Foram longas 11 horas de vôo preenchidas por 1 horinha de cochilo no inicio, algumas refeições (gostei mais do sorvete da KLM na ida do que o picolé da Air France na volta) e um filho da puta do meu lado que julgava ter um "dito cujo" muito grande, já que ele ficou tomando o meu espaço o tempo todo abrindo suas pernas. Além disso, roncou PRA CARALHO do meu lado. Que ódio!

Tá, ainda tô parecendo irritada, né? Mas imagina que eu não aguentava mais ficar sentada no avião - as costas doíam, as pernas doíam, os olhos doíam. Assisti um episódio de Friends, um de Louie, um de Modern Family, além de ter visto dois filmes: "The secret life of Walter Mitty" (filme de auto-ajuda meio água com açúcar mas com paisagens de tirar o fôlego) e "Frozen" (eu era a única que ainda não havia visto e logicamente, quis sair cantando e dançando as músicas do filme pelos corredores do Boeing da Air France).


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