Rock of Dunamase

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Como comentei no post sobre a Dunaghmore Workhouse, num fim-de-semana em maio estávamos de bobeira e resolvemos visitar mais um condado da nossa lista: Laois. Uma das coisas que nos chamou a atenção nas pesquisas foi a Rock of Dunamase - e na verdade já tínhamos visto placas pra esse local nas nossas idas à Cork.

Pois bem. A Rock of Dunamase nada mais é do ruínas de um castelo - que antes disso havia sido um lugar de assentamento cristão, invasão vikings e muito mais.

rock of dunamase


No ano de 842, os vikings (que já encontravam-se na Irlanda) atacaram o local e somente no século XII, quando os normandos chegaram no país, é que a construção foi fortificada e transformada em castelo. Essa foi uma fortaleza importante para os normandos, já que localizada no topo de uma colina, permitia uma vista privilegiada da região, possibilitando uma melhor preparação contra possíveis ataques.

A chegada até o local é muito fácil e bem localizada, pois não é preciso sair muito da rodovia principal pra chegar até lá. Há uma placa com algumas informações e um portãozinho - o local fica aberto desde o nascer do sol até o fim do dia.


Mestrado na Irlanda (fim da segunda parte!)

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No comecinho do ano eu fiz um post contando um pouco de como foi a primeira parte do meu curso na UCD: os trabalhos, apresentações e notas. No geral eu fiquei bastante satisfeita com o conteúdo aprendido e com o que consegui absorver.

Bem, estamos em maio e as aulas acabaram no fim do mês passado. Eu estava esperando minhas notas saírem para que eu pudesse fazer um post contando sobre essa segunda parte, e já que elas saíram, vamos lá?

O segundo semestre do curso teve início em janeiro e foram, de novo, quatro disciplinas (três teóricas e uma prática). Se na primeira parte do curso estudamos Methodology, Discourse, Language Learning and Materials e Describing and Researching English, dessa vez tivemos os módulos de Researching TESOL, Assessment for Language Learning e Teachers in a Global Context, além da disciplina eletiva, que no meu caso (e de todo mundo da sala), foi Teaching Practice.

As professoras haviam dito que o volume de trabalho seria menor, mas acho que no fim das contas, tivemos tanta coisa pra fazer quanto antes. Foram apenas três apresentações (uma em dupla e duas individuais) e quatro trabalhos escritos, sendo que um deles valeu 100% da nota.

Um dos trabalhos que tivemos envolveu entrevistar duas pessoas que trabalhassem numa escola aqui em Dublin e investigar a estrutura organizacional da empresa, entre outras coisas. Foi um trabalho muito interessante de se fazer, um que certamente me inspirou demais. Um outro foi sobre criar um teste, aplicar o teste e dissertar sobre os resultados, positivos e negativos, que o mesmo teve sobre os alunos. Deu um trabalhão porque eram 4 mil palavras pra serem escritas, fora o lance de ter que criar um teste do zero. No fim, valeu a pena, porque aprendi alguns conceitos que não era familiarizada formalmente, mesmo sendo professora há tanto tempo.

Três

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Como eu poderia saber que ao vir pra Irlanda eu encontraria a resposta pra uma pergunta que nem eu mesma sabia fazer?

Como eu poderia ter adivinhado que ao cruzar o oceano eu estaria vindo finalmente te encontrar, mesmo sem saber que você me esperava aqui?

Como posso agradecer todo o amor, carinho, respeito e cuidado que você tem comigo?

Como posso mensurar o quanto eu te amo e o quão importante você é pra mim?

Como posso explicar todas as coisas boas e mudanças positivas que você trouxe à minha vida?

Como devo me controlar, se mesmo depois de todo esse tempo, eu ainda sou totalmente apaixonada por você e não quero te largar nem por um minuto?

Como devo preservar sua identidade por aqui, quando na verdade eu queria contar aos quatro ventos como você é maravilhoso?

Como posso agradecer o seu interesse pela minha língua e cultura, me enchendo de orgulho cada vez mais?

Como eu tentaria viver uma vida diferente, se a nossa vida é a vida que me faz feliz?

Como posso ressaltar que você é a minha família nesse novo país, e que eu sou honrada em fazer parte da sua?

Como eu deveria saber que depois daqueles beijos na bochecha do primeiro encontro, você não teria medo de sair comigo novamente?

Como eu deveria ter me preparado para o fato de que nos tornamos namorados no nosso quarto encontro?

Como poderia esquecer do seu rosto e do seu perfume na noite do nosso primeiro beijo?

Como descrever a vontade que sinto de conversar com você o tempo todo, mesmo quando já passou da meia-noite e você diz que é hora de dormir?

Como eu poderia explicar o quão feliz sou ao dividir o mesmo teto com você?

Como eu poderia descrever o quão feliz sou ao dividir a minha vida com você?


Três anos...

Três anos de beiijnhos. Três anos de brigadeiro. Três anos de arroz & feijão. Três anos de purê de batata. Três anos de uma curiosidade e vontade insaciável de se conhecer mais. Três anos de "no Brasil é assim". Três anos de "na Irlanda é assado". Três anos de ouvir música juntos. Três anos de fazer air guitar, air drums e air qualquer instrumento que exista. Três anos de cantar juntos no carro. Três anos de cantar juntos ao acordar no fim de semana. Três anos de cantar juntos enquanto cozinhamos. Três anos de banoffee pie. Três anos de respeito e admiração um pelo outro. Três anos de Natais irlandeses. Três anos de férias brasileiras. Três anos de cartões de Valentine's Day. Três anos de cartões de Dias dos Namorados. Três anos de cartões de aniversário de namoro. Três anos de cartões de todo o tipo. Três anos de viagens juntos. Três anos de fazer planos juntos. Três anos de grude. Três anos de palavras novas em português. Três anos de palavras novas em irlandês. Três anos de trabalho em equipe. Três anos de chororô ao ter que dizer "tchau".

Três anos de R., do meu R., na minha vida. Que três anos mais felizes!

Nossa primeira viagem juntos - Paris, Outubro de 2013


Nomes, apelidos e sobrenomes irlandeses

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Eu sei que provavelmente você já se deparou com algum post ou vídeo no youtube que falava sobre os nomes irlandeses, eu sei. Mas é que esses dias a Vânia, do Diário de uma Teimosa, postou um lance no facebook que me fez ficar pensando sobre os sobrenomes na Irlanda e bem... resolvi juntar tudo numa coisa só e falar de nomes de maneira geral, uma coisa que nunca fiz aqui no Barbaridades!

Ahhhh, o que dizer dos nomes irlandeses?

Lembro muito bem do desespero dos meus primeiros dias aqui tentando adivinhar a pronúncia de nomes, principalmente quando eu ia ligar pra alguém a respeito de alguma casa. Eu googlava tudo! Felizmente, para a minha nossa felicidade, existem sites como o forvo que tem pronúncia de tudo quanto é coisa e ó, me salvou bem.

Primeiro nome na Irlanda


Apesar da maioria dos irlandeses não serem ligados à língua e cultura irlandesa fortemente, muitos acabam dando nomes tipicamente irlandeses pros seus filhos. Nomes como Cian, Seán, Siobhvan e Sinéad são super comuns, por exemplo. Esses são até bem populares, então a pronúncia deles é bem difundida, mas caso você não saiba, clique nos nomes pra ver como eles são ditos! :)

Quando você entra numa loja de cartões (já falei aqui diversas vezes o quanto os irlandeses amam mandar cartão pra tudo!) é comum ter uma prateleira com cartões de aniversário (principalmente infantis) que já vem com o nome da criança na frente. É um show de AoifePádraig, Óisín, Ciarán, Caoimhe, Deirdre, Gráinne, Niamh, Saoirse, Darragh...

Donaghmore Famine Workhouse

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Num fim-de-semana no começo de maio, decidimos fazer um passeio bate-e-volta ao condado de Laois, que eu ainda não havia conhecido. Pesquisamos algumas coisas para fazer por lá e duas nos chamaram a atenção: o Donaghmore Famine Workhouse Museum e o Rock of Dunmase (que fica pra um futuro post).

Eu já visitei muito museu e atração histórica aqui na Irlanda, mas mesmo nessas andanças, não lembrava de ter ouvido o termo 'workhouse'. E se prepara que lá vem post longo....

donaghmore famine workhouse


O que era essa tal workhouse?


As workhouses são consideradas as instituições mais temidas e odiadas da Irlanda.

Elas foram introduzidas na Irlanda graças aos ingleses em 1838. A ideia era tentar implantar um sistema com um bom custo-benefício pra dar conta das pessoas mais pobres do país. Lembre-se que nessa época a Irlanda tinha 8 milhões de pessoas e muitos desses passavam e morriam de fome.

Basicamente, a workhouse era um lugar de último recurso pra alguém que não tivesse terras, trabalho, nem como se sustentar. Lá eles trabalhavam durante o dia em troca de abrigo e comida. Não era uma prisão, mas era, entende? As workhouses eram financiadas com o dinheiro dos impostos de donos de terras na região.

Nova fase e a mudança mais rápida da história desse país

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A minha vida deu uma mudada inesperada nas últimas semanas, mas não tô reclamando não: toda mudança é sempre pra melhor, não é mesmo?

Começou com o trabalho. Eu já estava trabalhando como childminder desde julho/2014 com a mesma família. Após um ano, minhas horas foram reduzidas a meu pedido para que eu pudesse frequentar as aulas na faculdade. Assim seguimos por mais uns bons meses, até que minha chefe, que estava de licença-maternidade, me disse que voltaria a trabalhar e me fez uma proposta: que eu trabalhasse pra eles em período integral nos meses de maio à agosto e depois, em setembro, voltaria a trabalhar meio período.

Confesso que a proposta era de fato muito boa. Primeiro porque minhas aulas na faculdade acabaram em abril, então eu voltaria a ter disponibilidade total para trabalhar em maio. Segundo que, como eles me pagavam por hora, eu faria uma boa grana nesses meses de verão.

No entanto, eu já tinha planos de sair desse trabalho. Não porque eu não gostava - ao contrário! - mas porque eu queria voltar os meus dois olhos à minha carreira aqui na Irlanda. A escola onde dei aula ano passado me fez uma proposta para voltar esse ano, então eu meio que já tinha pra onde ir no verão. Claro, trabalhando como professora pra essa escola novamente não me garantiria um emprego depois, e caso eu resolvesse permanecer com a família C. teria meu emprego por quanto tempo fosse, mas pensei e resolvi negar a proposta.

Minha chefe, como sempre, foi suuuuper compreensiva, me apoiou e disse que no meu lugar, faria o mesmo, que eu era "too good for childminding". No fim, foi uma decisão mais minha do que deles.

Resultados da pesquisa do blog - 2ª edição

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Primeiramente eu gostaria de agradecer quem tirou uns minutinhos do seu dia pra responder a minha pesquisa - significa muito pra mim!

Esse blog continua de pé, alive and kicking, com os seus três anos e meio de existência. Mais do que um hobbie, o Barbaridades é um registro de memórias e uma maneira incrível de conhecer outras pessoas, fazer amizades e compartilhar as dores e delícias de não só fazer um intercâmbio na Irlanda - mas um intercâmbio que está se transformando em vida, de fato, no país.

Agradecimentos à parte, vamos aos resultados?



Minha primeira visita às cavernas

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Sempre que vamos pra Cork (a família do R. mora lá), fico lendo as placas de atrações pelo caminho: castelos, jardins, cavernas... cavernas? Sim! Há um tempo eu queria parar na Mitchelstown Cave pra ver qual é que era e há umas semanas fizemos uma parada lá, já que ela fica localizada na estrada pra Cork, sem precisar desviar muito.

A Mitchelstown Cave foi descoberta por acaso em 1833 por um fazendeiro chamado Michael Condon e fica na fronteira dos condados de Cork e Tipperary. Essa foi a primeira caverna aqui na Irlanda a ser aberta ao público nos anos 70 e fica localizada numa área privada - por estar na propriedade de Michael, foi considerada sua. E assim foi, passando de geração pra geração.

Quando você chega lá, só vê uma casa mesmo, onde você toca um sininho e paga a entrada (9 euros). No dia em que fomos lá, a senhorinha nos indicou esperar no topo da colina pois o próximo tour começaria em breve. Pegamos o último tour, às 16h30, e não havia mais ninguém por lá, só nós dois e a guia!

Do lado de fora há uma placa com informações sobre a região e alguns quadros sobre a formação geológica da Irlanda - essa ilha se movimentou por esse mundão, viu? Além disso, você tem uma vista linda das Galty Mountains!

mitchelstown cave

Vóóóó, é bolo do quê?

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Dublin, 6 de maio de 2016,

Vó, minha querida vó Thereza,

Que saudade da senhora. Do seu sorriso. Da sua voz. Do seu narizinho vermelho quando bebia uma caipirinha nas festas de família. Do seu olhos azuis e do seu cabelo roxinho.

Vó, eu me sinto privilegiada por ter me despedido da senhora. Poucas semanas após o casamento da Lu, você se foi. Quando vejo as fotos do casamento e do quão aparente era sua felicidade, sinto um calorzinho no coração. Foi uma grande alegria presenciar o casamento da sua neta, não é mesmo? Foi uma alegria para todos nós tê-la lá.

Aliás, dias antes do casamento sentamos uma tarde e ficamos admirando fotos antigas, inclusive fotos do seu casamento - como a senhora era linda! Sempre. Por dentro e por fora.

Vó, a senhora nos proporcionou uma infância absolutamente maravilhosa. Assistia pacientemente nossas peças de teatro, fazia lanchinhos deliciosos e cantava, em toda noite de Ano Novo, a música do "Adeus ano velho"...

Vó, tenho muito que agradecê-la. Por levar a gente pro inglês quando eu e meu irmão ainda não tínhamos idade suficiente pra ir sozinhos, por ter nos dado tanto amor, carinho e cuidado.

Ah, como a senhora adorava assistir suas novelas e o Raul Gil aos sábados. Sentávamos juntas e comentávamos os candidatos do programa.

Nunca me esquecerei de uma vez, quando muito criança, da ocasião em quebrei o vidro da sua porta com a minha cabeça. Mas também pudera, as duas brincando de ciranda no meio da sua cozinha! O vidro ficou trincado por anos, uma lembrança de que mesmo quando aprontávamos, a senhora nunca ficava brava conosco.

"Oi, minha lindinha" era o que a senhora dizia quando nos falávamos ao telefone. Se fecho meus olhos, consigo lembrar da sua voz ao me dizer essas palavras. Consigo sentir o seu perfume e o calor da sua pele.

Ah vó, e as comidas que a senhora fazia para os netos? Bolinho de chuva, salada de batata, sagu, rosquinha e o clássico espanhol mantecal. Se um dia eu tiver filhos, farei questão de preparar todas essas delícias pra eles, muito embora eu saiba que a qualidade dos meus quitutes nunca chegará aos pés dos seus.

Quando éramos pequenos, a senhora nos colocava no colo e cantava uma canção em espanhol que me lembro até hoje - a "Arre arre caballito". Era uma diversão e pedíamos repetidamente pra senhora cantar de novo, de novo e de novo...

Hoje penso que deveria ter passado ainda mais tempo com você. Ter conversado mais. Ter feito mais perguntas. Ter descoberto mais coisas sobre o seu passado e seus pais e avós. Lembro de ficar maravilhada ao ouvir as suas histórias e as do vô também - que orgulho eu sentia em ter um pouquinho de herança espanhola em minha vida!

Vó, fomos muito sortudos em ter uma vó tão maravilhosa quanto você. E toda vez que eu estou fazendo um bolo, lembro de nós quatro, ainda crianças, lhe perguntando que bolo a senhora fazia, na esperança de que ele fosse de cenoura com cobertura de chocolate. Às vezes a resposta era essa, às vezes ouvíamos um "bolo de bolo". E mesmo não sendo o que esperávamos, o bolo saía maravilhoso e acabava rapidinho.

Obrigada por tudo que nos ensinou, por todas as brincadeiras, canções, amor e companheirismo. A senhora faz falta entre nós.

Beijos e saudades da sua "pituquinha",

Bárbara





My third goodbye

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O primeiro post dessa série foi publicado em 2013, quando minha amiga Bia foi embora da Irlanda. Sofri e chorei muito porque ela foi o primeiro contato que fiz antes de vir pra cá, viramos amigas, flatmates... permanecemos amigas e nos falamos com frequência até hoje, mas na época foi difícil lidar com a despedida.

O segundo post da série veio em 2014, quando me despedi da família M. depois de trabalhar um ano com as pequenas É. e C., duas belezinhas que hoje tem 5 e 4 anos de idade. Teve muita choradeira porque eu me apeguei às duas, mas felizmente tive outras oportunidade de visitá-las e inclusive passar um dia com elas no fim do ano passado. A família ganhou um novo membro, o pequeno D., de um mês de idade, que ainda não conheci.

A minha terceira despedida, no entanto, vem em 2016, quase dois anos após ter começado a trabalhar com a família C.

É até difícil pensar em palavras pra descrever o quão generosos e respeitosos eles foram comigo, de verdade. Chefes como esses eu sei que nunca mais terei na vida - acho que é uma daquelas coisas de uma vez na vida e outra na morte, como diz minha mãe.

A minha chefe também chama Bárbara, sem acento. Ela foi muito importante na minha vida aqui na Irlanda pois me apoiou em diversos momentos, ajudou, me deu espaço para férias, respeitou dias em que estive doente, enfim, ela foi muito mais do que uma chefe.

E os meninos? Ah, os meninos. Vou sentir falta deles! Dois anos na vida de uma criança é muita coisa e vi esses dois amadurecerem e evoluírem demais. Dos surtos de nervosinho que o J. tinha quando não conseguia fazer alguma coisa à choradeira do S. quando perdia um jogo, esses dois certamente fizeram as minhas tardes melhores. Afinal de contas, como eu saberia sobre super-heróis, Yogioh cards, Scooby Doo, Transformers, Rescue Bots e tantas outras coisas do universo dos meninos?

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