Mostrando postagens com marcador Gravidez. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gravidez. Mostrar todas as postagens

Depressão pós-parto

/

A maternidade não tem sido uma jornada fácil - aliás, bem mais difícil e inesperada do que eu imaginava. Claro que eu sabia que haveriam dificuldades e desafios, e tentei me preparar da melhor maneira possível (terapia, conversando com amigas-mães, lendo sobre o assunto, etc.). Mas sabe de uma coisa? Não importa o tipo de preparação que você faça - nada nem ninguém pode te preparar para o que é de fato tornar-se pai ou mãe.


Minha gestação foi totalmente tranquila, e eu tava otimista para um parto vaginal com poucas intervenções - fiz minha fisioterapia pélvica, não parei o pilates, li a respeito... e a bebê estava encaixada. Mas a gente não controla nada, e tudo meio que começou a desandar ali na sala de parto mesmo: apesar de estar há horas em trabalho de parto e a dilatação não estar indo como deveria, o que nos impediu de prosseguir com o parto normal foi uma queda do ritmo de batimento cardíaco da P. 


Na ocasião não pensei muito, mas sei que ter ido pra uma cesárea de emergência já foi um fator negativo determinante para o começo da minha maternidade.




Quero o nome mais bonito

/

Escolher um nome pra uma pessoa é uma imensa responsabilidade. Talvez nem todos pensem assim, e acabem indo na onda de nomes populares, nomes de filhos de famosos, e tudo certo. Pra mim, não. O nosso nome carrega junto nossa identidade e mais um monte de coisa pra vida todinha... então desde que embarcamos nessa jornada de tentar engravidar, eu sabia que escolher o nome do bebê seria uma tarefa difícil.


Não somente porque a escolha em si já é trabalhosa, mas também porque no nosso caso, tínhamos uma questão: eu sou brasileira, meu marido e pai da criança, irlandês. E embora moremos na Irlanda e embora essa criança cresceria na Irlanda, eu fazia questão de um nome que funcionasse bem tanto em inglês como em português - e nisso, muitos nomes já são eliminados das possibilidades.



Relato do meu parto

/

Finalmente venho contar sobre o meu parto! Comecei a escrever ainda no hospital, e também usei umas notas que o R fez no dia seguinte pra me ajudar a não esquecer nada! A data prevista pra baby nascer era 12 de maio de 2024, e eu poderia ter jurado que ela nasceria antes, já que eu mesma fui uma bebê que nasceu de 8 meses. No entanto, as semanas foram passando e somente na semana 39 eu de fato comecei a ter uns sinais: um pouco do tampão saiu exatamente quando completei 39 semanas, num sábado, e ao longo da semana tive algumas cólicas, como cólica menstrual, principalmente à noite. 


Na quinta-feira tive mais um show (o que eles chamam aqui do tampão saindo), inclusive com um pouco de sangue. Dei um google em imagens parecidas pra saber se era isso mesmo e fiquei na expectativa. Na sexta dia 10, acordei com cólica mas tinha um compromisso no centro de manhã: eu ia encontrar a advogada de imigração que contratamos pra nos auxiliar com a obtenção da cidadania espanhola (comentei mais a respeito aqui). R tava trabalhando de casa, me deixou na estação Red Cow do Luas e segui o restante do caminho de transporte público. Encontrei a Cris, fiz o que tinha que fazer, peguei o Luas de volta e vim andando do ponto até em casa. Aliás, voltei morrendo de calor porque naquele dia fez 22 graus e eu não fui feita pra temperaturas acima de 15!




O terceiro trimestre do bebê R&B

/

Entrei no terceiro trimestre muito feliz! Apesar de alguns desconfortos físicos, eu tive um ótimo segundo trimestre, passeei, viajei, não fiz muitas coisas estressantes e o melhor: consegui sentir muito o/a bebê chutar!


A minha expectativa é que os desconfortos aumentariam, e que eu entraria numa fase de me preparar melhor para o parto e para as primeiras semanas de vida dessa pessoa nova que vinha chegando.


Semana 28

Durante essa semana eu tive o primeiro escape de xixi, hahaha. Tava dirigindo, espirrei e notei que algumas gotas escaparam, que humilhação! Eu sabia que isso era esperado e que aconteceria em algum momento, e aconteceu, mas vida que segue!


Últimos preparativos antes da grande chegada

/

A poucas semanas da chegada de baby R&B, me vejo um pouco mais ansiosa do que estava antes. Vim levando a gravidez de uma maneira bem tranquila (penso eu), e embora o primeiro trimestre tenha sido fonte de preocupação, eu relaxei bastante ao longo do tempo e não estava com pressa pra nada: enxoval, comprar coisas, preparações...


Quer dizer, continuei com o pilates, fiz exercícios de fisioterapia pélvica, participei das aulas de pré-natal e amamentação, mas nada com muita pressa, fui deixando rolar. Tanto que só compramos coisas tipo a cadeirinha de carro e o carrinho praticamente nos 45 do segundo tempo! 


No entanto, eu notei que após umas 33 semanas, comecei a ficar bastante cansada, pesada, dormindo mal - tanto por precisar levantar pra fazer xixi como por sentir umas palpitações, coração acelerado do nada... que sim, tem motivos físicos mas também psicológicos. Não estou com medo do parto em si, mas comecei a pensar mais em como será, como serão as dores da contração, se vou ter alguma laceração, se precisarei ir pra uma cesárea, etc.



Não tô pronta (y otras cositas más)

/

Com a reta final da gravidez, tenho me sentido cada vez menos pronta pra essa empreitada. Não que dê pra voltar no tempo ou mudar de ideia, porque o trem já partiu e logo chega na estação... mas a poucas semanas da minha data prevista de parto, tenho me visualizado como mãe, na prática, e me assustei ao perceber que eu não tenho a noção de como a vida vai mudar.


Claro que a gente pensa em tudo isso antes de ter filho, e eu levei anos de terapia e reflexão pra tomar essa decisão, não foi algo que surgiu do nada na minha vida. Além disso, após a longa jornada de perdas que tivemos, foram ainda mais oportunidades para afirmar o meu desejo de seguir tentando.


Mas tudo parecia muito longínquo. No começo dessa atual gravidez, eu tava mais preocupada em não ter mais uma perda gestacional. Depois, me distrai com férias, natal, ida ao Brasil, etc. E agora, no terceiro trimestre, e pra ser mais precisa, só agora no final do terceiro trimestre, é que estou me dando conta que estou muito perto de conhecer esse/essa bebê. E não tô preparada!




O segundo trimestre do bebê R&B

/

Segundo trimestre do bebê R&B começou um pouco melhor do que o primeiro - não que estivéssemos em paz e tranquilos, porque não estávamos. A verdade é que, pelo fato deu ter tido uma perda com 14 semanas da outra vez, na minha cabeça ainda não estávamos em terra firme.


No entanto, as coisas já estavam melhores: apesar do sono e constipação, continuei sem enjoos, e continuamos fazendo ultrassons praticamente semanais para acompanhar a gestação e nos tranquilizarmos um pouco. Minha grande expectativa pro segundo trimestre era ver a barriga crescer e aproveitar o fim do ano no Brasil!


Então vamos à descrição de semana após semana:




Cosméticos durante a gravidez

/

Eu tenho o hábito de postar muita coisa rápida, do dia-a-dia, no instagram. Inclusive tenho até uma "série" onde vou postando os produtos acabados, e queria muito fazer algo parecido pra esse período da gestação. No entanto, como tudo em redes sociais é muito efêmero, achei que valia a pena fazer um post aqui!


Já venho nessa jornada de tentar engravidar há um bom tempo, e como sou ligada nesse mundo de skincare, já tinha consciência de alguns produtos que não podem ser utilizados, como retinol (que nem uso por ter pele sensível mesmo!). Por outro lado, tem muito mito pela internet, então uns dois ou três anos atrás eu tive uma consulta com uma dermatologista pra me explicar exatamente o que eu poderia ou não usar enquanto estava tentando, bem como quais coisas poderia usar durante uma possível gravidez.


De forma geral, como já tenho rosácea e pele sensível, não uso ativos muito fortes, mas foi ótimo ter o respaldo de uma profissional pra me guiar. Além disso, durante a gravidez em si, eu sempre olhava os ingredientes e pesquisava pra saber se aquele produto era ok pra usar na gestação. 


Fonte




O primeiro trimestre do bebê R&B

/

Eu estava muito, mas muito ansiosa pra finalmente escrever esse post aqui! Pra quem acompanha o blog, sabe que 2022 foi um ano muito difícil na questão gravidez. Tivemos algumas perdas, um fim de ano catastrófico, muitos traumas.


Pra quem já vinha tentando engravidar desde 2021, foi um baque começar 2023 sem ter saído o lugar. Eu não imaginava que seria assim conosco, me sentia injustiçada, mas ao mesmo tempo até culpada por tudo. Pensava que não tinha conseguido levar a gravidez adiante por inúmeros motivos (porque não acredito em deus, porque eu não quis ser mãe por grande parte da minha vida, porque tudo na minha vida já era bom e eu merecia sofrer, etc.).


Foram meses após a perda da Ayla pra nos reerguermos e decidirmos voltar a tentar novamente. E lá se foram uma, duas, três tentativas... e um atraso na menstruação. Quando você já passou por gravidez química, perda no primeiro e segundo trimestre, um atraso não significa nada. Até porque, mesmo nessas tentativas de 2023, eu tive atrasos, inclusive certeza absoluta que engravidei na viagem do Japão, porém dias depois a menstruação veio. Não cheguei a fazer o teste, mas sei que teria dado positivo. Então, no geral, tinha muito medo.





Exames, investigação e (um pouco de) resolução

/

Faz mais de um mês que estou pra escrever esse post, mas voltar nesse assunto nunca é uma coisa simples pra mim - acho que pra ninguém que passou por uma perda gestacional! A gente acaba revivendo muita coisa, tendo uns flashbacks, e lembrando do vazio, da tristeza, e também da dor emocional e física pela qual passamos.



Ter tido dois abortos espontâneos ao longo de 2022 já não tinha sido fácil, mas a experiência que tive em dezembro, nossa terceira perda, foi a mais traumatizante. Eu não fazia ideia, mas os protocolos aqui na Irlanda pra uma perda no segundo semestre levam em consideração a saúde física da mãe em primeiro lugar. Isso significa que eles tentam estimular sempre um "parto" normal, com poucas intervenções, pra que não haja efeitos colaterais ou sequelas pra mulher.


Além disso, é oferecido todo um acompanhamento psicológico que eu de forma alguma esperava. Enquanto estávamos no hospital, eu tava no meio de um furacão sem entender absolutamente nada, mas depois fui processando tudo e entendendo que esse acompanhamento de psicóloga especializada em luto, parteiras, enfermeiras obstétricas, etc, foi muito importante pra começar nossa jornada de aceitação desse luto.



A vida após a perda de um filho

/

Desde que soubemos que o coração do nosso bebê não batia mais, a vida não foi mais a mesma. Por mais que tenhamos tido outras perdas, nenhuma foi tão avançada e dura quanto essa. E ter passado por um processo de parto, de escolhas funerárias, de muita luta e dor certamente nos transformou.


Mas não digo que nos transformou em pessoas melhores, não acredito nessas bobagens. O que aconteceu é que esse evento nos transformou em pais enlutados, em pais que não tiveram a escolha e oportunidade em exercerem sua paternidade e maternidade. Foi difícil preencher os papeis do crematório e perceber, por exemplo, que nós dois éramos de fato os pais daquele bebê que seria cremado, embora nosso bebê não estivesse mais nesse mundo conosco.


No entanto, eu sabia desde o início que não queria entrar num buraco e que esse evento não me paralisaria - não que tenhamos uma escolha se vamos entrar num buraco ou não, mas eu sabia que ainda tinha uma vontade de continuar a viver, e viver momentos felizes. Sou uma otimista, e por mais reclamona e crítica que eu seja, eu sei que ainda há esperança de dias melhores. Tento seguir em frente, tenho feito planos B, organizado passeios e viagens, coisas que me deixam feliz e que talvez eu não poderia fazer tão livremente caso nosso plano A ainda estivesse de pé.




O pior dia da minha vida - parte II

/

 (a primeira parte desse post está nesse link aqui)


Após ter sentido contrações, bolsa estourado, parido o meu bebê junto à coágulos e ter vivido um dos piores momentos na minha vida, eu voltei a sentir pressão pra fazer força - e a midwife já tinha dito que eu tinha que expelir a placenta.


Como eu só expelia coágulos, a midwife H. me sugeriu ficar sentada na comode por um tempo pra gravidade ajudar nessa expulsão, e fazia sentido mesmo. Porém do nada começou a me dar uma tontura. O R. veio até mim, mas não lembro de mais nada porque desmaiei. O que não havia nos ocorrido até ali é que eu já tnha perdido muito sangue e minha pressão baixou.


Eu nunca tinha desmaiado na vida, e a sensação que tenho é de que estava sonhando, sonhando com um ginásio esportivo. Enquanto isso, R. já tinha aberto a porta do quarto e pedido ajuda porque tombei pra frente e comecei a fazer um barulho como se estivesse tendo uma convulsão. Assim que a enfermeira chegou no quarto (pelo que ele me contou, pois eu estava desmaiada), eu vomitei. E então acordei com ela jogando água em mim, segurando meu cabelo e dizendo "you poor thing, oh my god". Parecia uma cena de filme, começou a chegar mais gente - outras enfermeiras ajudando a midwife a me levantar do comode e me colocar na cama.



O pior dia da minha vida - parte I

/

Poucos dias atrás fez um mês que eu vivi o pior e mais triste dia da minha vida. Não tinha conseguido escrever sobre isso porque acho que precisava de um certo distanciamento - e confesso que apesar de já ter contado o decorrer do dia pra algumas pessoas, eu não tinha forças pra vir escrever sobre tudo que aconteceu naquele 9 de dezembro de 2022.


[ALERTA] Antes de continuar, gostaria de alertar que esse post vai ter descrições bem gráficas e pode evocar reações desagradáveis. Caso você seja sensível à isso, passe a leitura. 




Sobre minhas três perdas gestacionais

/

A minha intenção com esse post era começar a escrever sobre o dia mais triste e assustador da minha vida: o dia em que fiz o parto de um bebê sem vida na minha barriga. Mas conforme eu pensava sobre essa experiência, eu percebia que precisava voltar ao começo de tudo. Sabia que precisava escrever sobre tudo que aconteceu em 2022 pra me ajudar a lidar um pouco melhor com isso.


Então esse texto não começa no 8 de dezembro de 2022. Essa história na verdade acontece muito antes: em 18 de fevereiro de 2022, quando tive meu primeiro aborto espontâneo. Na época eu queria falar sobre isso aqui no blog, mas não me senti pronta, e outras coisas aconteceram também. No fim das contas, resolvi abrir o coração e contar aqui sobre minhas três perdas antes de focar de fato na experiência mais traumática de todas elas.



Web Analytics
Back to Top