De vez em quando eu assistia Supernanny no Discovery Home and Health. Apesar de não ser fã de crianças, gostava de ver as soluções que a nanny encontrava e também de julgar os pais pensando "Bem feito! A culpa é sua". Sei que julgar é feio, mas eu fazia isso, vou mentir pra quem?
Agora, trabalhando de babá, posso colocar em prática algumas coisas que vi no programa. Não que eu goste, porque me irrita e afeta muito.
Outro dia voltando de um playdate na casa da Nivea, É., a mais velha das meninas que cuido (2 anos e meio), sentou na calçada e não queria mais andar. Mas ela não queria mesmo. Tentei conversar, tentei negociar em troca de água e comida, nada funcionou. Juro, tentei respeitar o espaço e vontade dela, mas depois de muito tentar e nada, perdi a paciência: segurei ela pelo braço e disse "cê vem comigo agora!". Ela começou a chorar pedindo pelo pai e jogou o corpo pra trás, sabe? Agora imagina que eu tava empurrando o carrinho da mais nova, que começou a chorar também! Pensei comigo: não vou deixar uma criança tão pequena me tirar do sério assim - quem manda aqui sou eu, eu sou a adulta!
Segurei ela firme e falei: preciso que você ande e você vai andar.
E não é que deu certo? Foi quietinha o caminho inteiro e quando chegou em casa, abriu o sorriso de novo!
***
Teve um outro episódio, o do almoço. Ela não queria comer, não queria comer por nada, mas já tinha comido uns 70%. Insisti, ela não queria. Tirei o pratinho dela da mesa e levantei pra pegar uvas (geralmente nossa sobremesa). Daria as uvas para a mais nova, já que ela havia comido tudo. Aí quando ela viu que eu tava falando sério, pediu o prato de volta rapidinho e comeu tudo pra poder ganhar uvas também!
***
Por fim, a grande técnica da supernanny: o cantinho do castigo.
A É. tá na maior fase do "my". Tudo é "my my my", mesmo se ela nem tá brincando com a porra do brinquedo em si. A irmã mais nova, C., pegou uma boneca na cesta e começou a brincar. É. fez um escândalo querendo a boneca e expliquei que ela deveria esperar, pois quem tava brincando era a C. No segundo seguinte que virei pro lado ela empurrou a irmã com tudo, que caiu sentada no chão e começou a chorar. Na mesma hora peguei É. pelo braço e mandei ela pedir desculpas- ela não quis, então coloquei ela no cantinho da porta pra ela pensar no que havia feito.
Ela começou a chorar, berrar, mas ficou no cantinho.
2 minutos depois, voltei: e aí, pensou? Tá pronta pra pedir desculpas? Ela disse "não". Tudo bem, fica aí mais um pouco.
Ela chorava muito alto (espero que os vizinhos não tenham ouvido) e uns 3 minutos depois eu voltei: ainda não queria pedir desculpa.
Aí perdi a paciência e deixei ela lá mais de 5 minutos sozinha. Acho que a bichinha tava cansada de tanto chorar e disse que qurira pedir desculpas. Pediu desculpas pra irmãzinha, deu um beijo e um abraço, me deu um abraço também e saiu feliz pra brincar.
Comigo não tem moleza não! (mas eu dei sorte, elas são bem obedientes....)