Pra vir pra cá você não faz praticamente nada do Brasil, a não ser comprar o curso e a passagem. E juntar o dinheiro claro, mas até então, não precisa provar nada lá.
Aí você chega aqui, e se for como a grande maioria, não fechou acomodação em casa de família, e sim em residência estudantil ou hostel. Procura casa, adquire endereço fixo, tira o seu PPS, abre conta no banco, deposita dinheiro, pede extrato, pega seguro governamental na escola pra aí sim tirar o visto. Tudo isso sozinho, em inglês. Mas o cara veio pra cá aprender inglês, então só nesse processo todo ou ele vai ter que 1) ir com a cara e a coragem resolver as coisas, 2) contar com a ajuda de algum funcionário da agência/escola, 3) pedir ajuda dos amigos.
Dei um pouco de azar. Minha carta da escola atrasou, chegou sem carimbo, fui no banco algumas vezes até finalmente conseguir abrir a conta e a documentação do banco demorou pra chegar. Depois que depositei o dinheiro, o extrato até que chegou bem rápido e pude finalmente ir até o escritório da imigração tirar o meu visto, exatos 46 dias depois de chegar na Irlanda.
Mas antes de contar como foi lá, queria fazer um parênteses importante: se você tá pensando em vir pra Irlanda só trazendo os 3 mil euros exigidos pela imigração, pense melhor. Eu trouxe bem mais e quase não deu. Aliás, o dinheiro tá voando, e eu não gastei nada aqui - roupa, sapato, bebida, nada disso. Pra não dizer que não gastei, fiz alguns passeios de baixo custo e comprei um secador de cabelo que custou 15 euros. Então cuidado com o dinheiro é fundamental.
Mas vamos ao que interessa: a imigração.
Eu sabia que eles só começam a distribuir senhas para os alunos a partir das 9h, então me programei pra chegar antes. Fui com um dos meus flatmates que também precisava tirar o GNIB (Garda National Immigration Bureau). Chegamos às 08h40 no escritório da imigração. Perguntamos na recepção e o funcionário disse pra nos dirigirmos ao guichê 15. Você entra numa porta à esquerda e anda num corredor bem curto. Vira à esquerda de novo e tá de cara com o guichê 15. Só que tinha um monte de gente sentada, gente sendo atendida, gente numa fila. Não sabíamos pra onde ir e perguntei pro funcionário do guichê 15 - tínhamos que entrar na fila pois as senhas ainda não haviam começado a ser distribuídas.
Uns minutinhos na fila (junto com coreanos, indianos, e claro, brasileiros), pegamos a senha. A minha era a 68 e no próprio papelzinho havia uma indicação de que 48 pessoas estavam na minha frente. Sentamos, preparados pra passar a tarde ali - afinal, quase todo mundo que conheço ficou pelo menos 5 horas aguardando o visto. Levei água, lanche, livro, bateria extra pro celular... enfim, tava preparada pra esperar muito. Mas a vida já provou funcionar assim: quanto menos expectativas, melhor o resultado. Eu esperava ficar horas na imigração, e no fim das contas, fiquei pouco mais de 2. Isso, só DUAS!
Não podia tirar foto, mas pra fins informativos... |
Mais ou menos umas 10h40, chamaram minha senha. Senta, passa os documentos, espera um cara bem mal-humorado ser grosso com você. Só que não! O cara foi tão simpático e gentil! Conversou um pouco comigo, pegou os documentos, saiu por um minuto, voltou, pegou as digitais dos dedos indicadores e pediu para que eu efetuasse o pagamento (tô 300 euros mais pobre, mas faz parte).
Depois do pagamento, ele pediu para eu o acompanhá-lo até uma outra sala para tirar a digital de todos os dedos das duas mãos. Ficamos conversando sobre o clima irlandês (claro), sobre São Paulo, sobre o grande número de estudantes aqui na Irlanda e sobre o meu bronzeado (!):
"You have a very nice tan!"
Opa tio, brigada, mas né? Somos só amigos.
Depois da sessão das digitais, você volta pro salão principal e espera o cartão ficar pronto. Uns 45 minutos depois eles anunciam sua nacionalidade e nome: "Brazilian. Barbra Hernandes, counter two please". Peguei meu passaporte e GNIB e agora sim tô autorizada a ficar 1 ano na Irlanda. Yes!