Mais um pouquinho de walking tour

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Como comentei aqui, no último domingo fiz a turista e participei de um walking tour pela cidade. O que foi ótimo, porque aprendi ainda mais sobre a história do país e curiosidades de seus prédios e monumentos. No último relato, parei na região mais boêmia de Dublin: o Temple Bar.



O Temple Bar é relativamente novo, começou a bombar nos anos 80 e tá sempre cheio de gente. Aos finais-de-semana tem feirinhas pelas ruas durante o dia - à noite, pubs, pubs e mais pubs. As ruas são todas de paralelepípedo e apesar de passar carro, é tranquilo pra andar no meio da rua mesmo.

Seguimos para a universidade mais tradicional de Dublin, a Trinity College.


Eu já tinha entrado lá uma vez, mas não tinha caminhado dentre entre os vários jardins e prédios enormes. A Trinity tem várias histórias curiosas e superstições, por exemplo: tinha um tal de reverendo chamado George Salmon. Ele estudou matemática na Trinity e depois tornou-se professor lá, das mais altas honras. Ele era contra mulheres estudando em universidades, e dizia que se dependesse dele, apenas sob seu cadáver mulheres entrariam pelos portões da Trinity. Mas aí ele morreu em 1904, e as mulheres puderam ingressar na universidade. Dizem que seu corpo está enterrado sob uma das entradas da Trinity, simbolizando o "sob meu cadáver mulheres entrarão por esses portões".


Falou o que queria, agora sinta nosso peso
Uma superstição curiosa é que supostamente qualquer aluno que consiga subir a "cúpula" central da Trinity tem o direito de se tornar "rei" da universidade. Além disso, alunos não passam por debaixo da cúpula na época de provas pra não trazer azar e se uma mulher passar por ali e o sino tocar, ela pode ser considerada virgem.

Na dúvida, melhor não passar aí debaixo

Depois das histórias da Trinity, seguimos para a Leinster House - antiga residência do Duque de Leinster e atual edifício do parlamento irlandês. Sua arquitetura lembra bastante a Casa Branca nos Estados Unidos... ou seria o contrário? O arquiteto irlandês James Hoban foi o responsável pela criação da residência do presidente dos Estados Unidos e se inspirou nos primeiros andares da Leinster House pra criá-la:


Parece, não parece?

Ainda nessa rua, vimos a casa do Drácula, ou melhor, a casa onde o autor da obra morou. Não dá pra ver direito na foto que tirei porque estávamos do outro lado da rua, não tinha como ficar no meio dela pra bater a foto - não parava de passar carro, então o Google ajudou nessa:



O tour termina no parque Saint Stephen's Green, mais precisamente em dois monumentos em um dos cantos do parque: o monumento à Grande Fome e ao Wolfe Tone - revolucionário irlandês que foi pego pelos ingleses por conta da rebelião de 1798. A história dele é meio tensa porque ele foi condenado a enforcamento, mas ele não queria ser enforcado, queria levar tiros e morrer como um soldado. Seu pedido foi negado e antes de sua sentença ser executada, ele tentou o suicídio cortando sua garganta. A história diz que fizeram um curativo em seu corte e lhe disseram que se ele tentasse falar, a ferida abriria e ele sangraria  até a morte. Ele respondeu a ameaça com a seguinte frase "que assim seja". 



Já o monumento dedicado à Grande Fome basicamente representa esse período negro da história do país, onde mais de um milhão de pessoas morreram e muitas saíram do país, imigrando pros Estados Unidos, Austrália ou até mesmo Inglaterra. A colheita de batatas no período de 1945 e 1852 não foi bem-sucedida por conta de uma bactéria que afetou a "saúde" das mesmas. Sendo assim, a população passou por uma grande fome. E o pior de tudo é que além das batatas (que eram a alimentação base dos irlandeses) não possuírem condições de serem comidas, outros tipos de alimentos estavam sendo exportados para a Inglaterra - ou seja, dizem que o diabo enviou a praga às batatas, e os ingleses enviaram à fome pra cá.



Já dentro do parque, o guia falou um pouco sobre a Revolução de 1916 e de como os líderes irlandeses, em busca da independência do país, falharam em consegui-la, já que tentavam combater o domínio dos ingleses - o maior império do mundo na época. Em 1920 ouve outra tentativa (e desse ano que vem a música "Sunday Bloody Sunday", do U2) de independência  mas só em 1921 o governo britânico deu uma trégua e "terminou a guerra", e em 1922 a Irlanda passou a fazer parte da Commonwealth Britânica. Somente em 1949 o país foi considerado totalmente independente.

O guia termina citando uma cerimônia que aconteceu no dia 16 de janeiro de 1922, dia em que as tropas britânicas deixaram o país. A cerimônia aconteceu no Dublin Castle e um dos líderes da revolução, Michael Collins, chegou atrasado. O Lorde inglês Lieutenant Fitzalan o recebeu dizendo "ô Collins, cê tá 7 minutos atrasado!", ao que Collins responde (na minha versão abrasileirada): "Pois é, e a gente tá esperando há mais 700 anos, então pode ficar com seus sete minutos, tá bom?".
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