Istambul - frio e algumas coisas inesperadas

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Senta que lá vem história.

Istambul, primeiro dia: acordei cedo, tomei um banho e fui tomar café. Meu primeiro susto: cadê o pão? Cadê os frios? Cadê as bebidas? Só tinha nescafé e chá na mesa, além de azeitonas pretas e verdes e ovos cozidos ainda na casca. Não entendi nada, mas coloquei um pouco no prato. 

Aí percebi que o pão e os acompanhamentos (manteiga, geléia) estavam nas mesas. Comi o ovo, o pão, mas fiquei chateada porque não bebo café. Mas depois, quando eu já estava saindo, uma menina abriu a geladeira e pegou um suco. Agora não sei se isso era pra todo mundo ou comprado por ela e colocado na geladeira.

Passada a decepção do café, pedi informações no balcão sobre como chegar no Palácio Topkapi. Pareceu tão fácil que já fui andando, sem mapa mesmo. 


ruas de istambul
Pelo caminho

ruas de istambul

Uns 5 minutos depois fui parar na praça principal do centro de Sultanahmet, onde é possível encontrar museus, mesquitas, etc. Além disso, há varias lojas, restaurantes  e caixas eletrônicos. 

Saquei minha câmera e logo vieram me abordar: "Hi, where are you from?". Quando eu respondia "Brasil", ouvia um "bom dia" de resposta. E isso não aconteceu uma vez não... Foram umas 5 vezes. Nas primeiras eu tava simpática, mas cortando a conversa, nas últimas eu já olhava feio. 

Um desses caras foi até bem insistente. Ele começou a dizer que tinha um loja na esquina, que a família vendia tapetes, blá blá blá. Ele insistiu tanto que concordei ir pra loja dele. E mostra tapete, abre tapete, conta a história do tapete. E eu sou uma pessoa que basicamente NÃO GOSTA de tapetes. Tentei ser gentil, falei que era alérgica, mas ele não parava. Depois de muitos tapetes expostos e muita conversa, quando falei que realmente não queria no momento, ele fez a maior cara de decepção do mundo e me deixou ir embora. 

Saí da loja e andei um pouco pra "sentir" o local e tentei achar casa de câmbio pra conseguir umas liras. A idéia era começar pelo Palácio, conhecer a história dos sultões e tal. Só que aí um outro chato me abordou com o papinho do "bom dia". Disse que era melhor eu ir pra Mesquita Azul primeiro pois logo ela seria fechada para o horário de oração... E ele insistiu, insistiu, disse que não era guia nem nada, que só queria ajudar... Falou tanto que me convenceu. Fui na Mesquita primeiro. 


mesquita azul

Ele ficou comigo na fila, mas não entrou. Aí pensei: "ele tá aqui dando essas informações mas não vai ser de graça, né? Ok". No final eu daria minhas únicas 5 liras (o resto era euro que eu ainda não tinha trocado) e pronto. Mas essa história ainda tem chão. 

Na Mesquita você tira o sapato pra entrar, em sinal de respeito. Eles dão um saquinho plástico pra você guardar e carregar o sapato com você. Ao contrário do que eu havia lido, não precisei cobrir a cabeça com um lenço - acho que por causa do frio, o povo já tava bem coberto. 

Entrei na Mesquita e fiquei tensa: o maior cheiro de chulé do mundo naquele lugar. Além disso, o tapete parecia estar molhado... Senti muito frio nos pés e olha que estava com duas meias-calça. 

A vibe do lugar é bem legal, é tudo muito bonito e imponente:



mesquita azul
Por isso chama Mesquita Azul



Na saída coloquei meu calçado e o tal do turco tava me esperando. Resolveu que ia me levar até a Santa Sofia (em frente à Mesquita, bem pertinho mesmo). Quando vi a fila pra comprar o ingresso, ia caindo pra trás. Mas aí ele tinha um "amigo" com ingressos e me deu um, disse que eu poderia pagar depois, na saída. Achei estranho ele confiar assim, mas beleza. Combinamos dele me encontrar na saída. 



A Santa Sofia é um museu. Já foi igreja, já foi mesquita. A parte histórica, pra quem tem interesse, deixo pros links que me ajudaram na pesquisa esclarecerem melhor. 

Tinha muito gringo, claro. Nunca ouvi tantos idiomas diferentes e NÃO OUVI NINGUÉM FALAR PORTUGUÊS! (?!)

Andei, tirei foto, pedi pra estranhos tirarem foto de mim:


Estranhos tirando foto - apenas: sensacional

É demais, imponente, mas sinceramente, acho que gostei mais da mesquita. 








O turco me esperava na saída uma hora depois. Me convidou pra almoçar e disse que me levaria num lugar bem local, sem turista. As ruas estavam bem movimentadas e então pensei "foda-se! vou almoçar e pronto!"  No caminho vi uma casa de câmbio e troquei meu dinheirinho. Mais alguns passos e chegamos no restaurante. Ele conhecia o dono, pois se cumprimentaram, conversaram e tudo mais. O lugar era realmente bem local (homens barbudos, mulheres com lenço na cabeça, etc). Primeiro o dono (não garçom, o dono mesmo) trouxe um pão DELICIOSO. Na seqüência, uma salada com pepino, tomate e alface. O turco sugeriu um kebab não-sei-o-quê-lá (claro que não lembro o nome e não tirei foto do menu). E gente.... QUE COMIDA BOA! Pedacinhos de carne, molho, bem temperadinho e picante. Sucesso total!


Chá turco


pão turco

Aí ficamos lá conversando sobre Turquia e Brasil, economia, família, etc. Fiquei desconfiada do turco estar dando em cima de mim, pois falou que gostou do meu estilo, do meu cabelo azul, da minha saia colorida e do meu piercing. Mas ele enfatizava que gostava de fazer amizade, "for fun" e tal. Ok, né.

Fui ao banheiro e me deparei com a segunda surpresa ruim do dia: o banheiro era tipicamente turco (eu já tinha lido a respeito), ou seja, praticamente um buraco no chão. PORRA! Eu não sei fazer xixi assim. Que sufoco. Mas no final, tudo certo. A gente aprende na necessidade. 

Quando voltei ele tinha pedido a conta. E não me deixou pagar! Só deixou eu pagar a entrada do museu que ele tinha conseguido o ingresso e pronto. Hum, ok. (Mas assim, foi barato demais porque o prato que pedimos era 13 liras... Não deu mais que 20 pra cada um!)

Saindo de lá ele me deixou na entrada do Palácio Topkapi. Combinamos de jantar mais tarde (ele combinou praticamente sozinho, não deu tempo deu inventar nenhuma desculpa), dei um aperto de mão e ele se despediu com um beijo de cada lado. Hum, ok. 

O palácio é... Diferente do que eu pensava. Não é um prédio só, mas um complexo de prédios com várias coisas dentro das salas. Na frente tem um jardim bem bonito, folhas secas do inverno com algumas flores querendo brotar no início da primavera. 











Andei, viu? Entrei em várias salas, vi as relíquias dos sultões (não podia tirar foto) e fiquei impressionada... Os caras já eram sultão enquanto o Brasil nem era Brasil. Vi os tronos de ouro, as roupas, espadas e outros acessórios...

A idéia era também visitar o harém, que é pago à parte. Mas eu fiquei tão distraída no palácio que quando vi, não dava mais pra visitar o harém por causa do horário... Afff pra mim. Mas tudo bem. Agora fiquei com vontade de ler "As mil e uma noites".

Voltei pro hostel (lembrei do caminho sozinha! YES!) e fiquei apreciando o pôr-do-sol da minha janela:


por do sol em istambul

E à noite fui encontrar o tal do turco, Bülmet (que ele insistia em dizer que significava "lua cheia").

Ai, como sou ingênua!

Fomos num restaurante pertinho aqui, muito legal, clima legal, decoração legal, comida legal. Tava tudo legal até quando ele quis sentar ao meu lado e passou o braço no meu ombro, pelas costas. FUCK. Aí me deu a mão e começou a falar que tinha gostado de mim, do meu estilo, do meu cabelo, etc etc etc. Começou a dizer que tinha me mandado mensagem e ficou desesperado porque eu não tinha respondido (nem recebi, pra dizer a verdade). AI MEU DEUS. Tentei desconversar, dizer que tava tímida, que eu não vim pra Istambul pensando nisso, que eu queria que fôssemos amigos (a temida palavra). Não sei fazer essas coisas de encontro, não sabia o que fazer, queria me enfiar num buraco. Aí ele ficou sem graça e voltou pro lugar dele, continuamos conversando...


comida turca
Pelo menos o jantar tava bom!

Aí o restaurante meio que esvaziou e ele tava tomando o vinho sozinho (lógico que como bom turco ele insitiu HORRORES pra eu tomar, porque "o vinho turco é o melhor", e lógico que eu experimentei e odiei, porque não bebo). Ele começou a ficar soltinho e cheio de gracinha: "Bárbara, senta perto! Não quero perdê-la" e coisas do tipo. Eu só queria ir embora!

Mas a noite ainda me reservava a sobremesa (essa, não recuso nunca): o tal do baklava. É um doce de massa folhada com pistache, castanha e mel... HMMM, MUITO BOM. Depois ainda teve o chá turco (desse não gostei) e o dono do restaurante veio trazer uma bebida de cortesia, um tal de raki. Bebi tudo de uma vez e achei que fosse explodir a garganta de calor.


baklava turco

Viemos embora, ele quis andar de mão dada (fuck fuck fuck), e ficava dizendo "Barbara, I really like you!"... mano, eu não sabia mais o que fazer. Mas ele percebeu que eu não gostei, e se despediu com um beijo na minha mão, perguntando mil vezes "você vai me ligar amanhã, né? você tem meu número, whatsapp, skype e email". AI MEU DEUS, AI MEU DEUS, AI MEU DEUS! hahaha

O turco é até bonitinho, bronzeadinho, mas apenas: não quero.

:(

E este foi o meu 1º dia em Istambul.

Ps1: Istambul tem mais gato do que gente. É gato na rua, na loja, nas portas, nos museus... Na cidade toda. 
Ps2: Hoje não era "dia de compras" então só olhei algumas coisas e quase cai pra trás com pashiminas lindas a tipo 10 liras. ME SEGURA!
Ps3: 3 graus foi a temperatura mais baixa que já peguei e sinceramente, duas meias-calça fio 40, uma blusa de lã e um casaco deram conta do recado. 

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