Acordei cedo e sai pra rua pra tomar café. Achei um restaurante/café/hotel que tinha buffet livre por 15 liras. Comi pão, tomei suco, comi frutas... Só alegria!
Aí peguei o tram até a estação Kabatas, pra chegar no Palácio Dolmabahçe .
Tipo assim: eu tinha lido pouco sobre ele nas pesquisas, mas eu tinha tempo "livre" e um dos blogs que li antes de vir recomendou muito o lugar.
Descendo na estação final (a poucos minutos de Sultanahmet) você anda menos de 5 minutos e chega no palácio. É estranho porque de um lado, o Bósforo. Do outro, uma avenida bombando de carros e ônibus.
Ao contrário do que o meu guia da Folha disse, não tinha fila nenhuma pra comprar ingresso. Paguei 40 liras pra ter acesso total ao palácio e já fiz amizade com uns coreanos na entrada: quando vi um gripo de asiáticos, pensei: é pra eles mesmo que vou pedir pra tirar foto pra mim! Fui, pedi, e um deles perguntou de onde eu era. Quando falei "Brasil", ele sorriu e disse que já tinha ido pro Rio nos anos 80, disse que era "muito bonito" (assim mesmo, em português). Coreanos = muito simpáticos e tiram boas fotos. Só quero amigos coreanos!
Fiquei na fila pra fazer a visita guiada (só pode entrar no palácio com visita guiada - eles separam as filas em turco e inglês). Antes de entrar todos devem colocar um saco plástico nos pés pra não sujar o tapete. Achei isso muito legal e higiênico.
Entramos no palácio e fiquei com as pernas bambas.
Nunca, nunca, nunca na minha vida eu achei que fosse ver uma construção tão impressionante. Tipo, o palácio por fora já dá uma idéia do quão grandioso ele é, mas cara, ele é muito mais. Eu não sabia pra onde olhar, queria engolir tudo aquilo com os meus olhos... o domo, os tetos pintados, as cadeiras, os tapetes, os lustres... é tanta coisa linda que não dá pra acreditar que naquele lugar pessoas moraram e fizeram negócios/festas/celebrações.
Esse palácio é importante pros turcos pois foi onde o primeiro presidente, Atatürk (nome do aeroporto), morreu nos anos 30. Ele foi importante para a modernização da Turquia e é muito querido por aqui.
O guia vai mostrando os salões, os escritórios, todos os cômodos do local. A visita durou 50 minutos e infelizmente, é proibido tirar fotos. Não vi ninguém tentando - acho que tava todo mundo preocupado em admirar toda aquela beleza. O salão principal foi tão impressionante que correu uma lagriminha no meu rosto: eu não conseguia acreditar naquilo. Um teto gigantesco, pintado por artistas italianos e franceses; mais de 50 colunas sustentando o salão; lustres ENORMES feitos de cristais franceses, presentes da Rainha Vitória da Inglaterra; cadeiras super estofadas com tecidos lindos... foi simplesmente a coisa mais linda, mais rica e mais impressionante que já vi na minha vida.
Achei umas fotos no google, santo google:
Como se não bastasse, depois teve visita à parte do harém (pra visitar essa parte paga mais caro na entrada, claro). É como se fosse um "anexo" do prédio principal, mas as salas não são tão grandiosas quanto. É lá que as esposas e família do sultão efetivamente moravam, além de ser lá onde o sultão dormia. É tipo... absurdo. Banheiros de mármore, camas enorrrrrmes, fora que o sultão em si tinha dois quartos - o de verão e o de inverno. Nem preciso dizer que saí de lá boquiaberta, louca pra saber mais sobre os sultões...
Já era quase 1 da tarde e eu estava com fome - peguei o tram de volta pra Sultanahmet e almocei num restaurante que o guia sugeriu. O prato famoso desse restaurante é o köfte, umas almôndegas de carne mais finas, no formato de uma lingüiça. São servidas com salada e pão, claro (quase todas as refeições aqui são servidas com pão).
Depois de almoçar, tinha que esperar mais ou menos 1h para o passeio pelo Bósforo que comprei mais cedo.
Resolvi sentar na praça em frente à Santa Sofia e ver o movimento: locais, turistas, muitos guias vendendo passeios. O guia que eu havia comprado o passeio sentou perto e ficou jogando o maior xaveco, coisa de turco. "I love Brazil", "Do you know how to say I love you in Turkish" e "Ahhhh, you're a teacher, my teacher now" foram algumas das coisas que escutei. Mas achei engraçado! Ele até se ofereceu pra tirar foto comigo. Mas esses turcos são fanfarrões mesmo!
Ainda sentou do meu lado e escreveu umas palavras em turco pra me ensinar. É possível?!
O outro guia ouviu que eu era do Brasil e me mostrou o cartão de um amigo que mora em SP. Depois falou que falava espanhol e que adorava Cuba, Che Guevara e Buena Vista Social Club. Pegou o celular, abriu um vídeo do Buena Vista e colocou na minha mão pra eu assistir. Além de tudo isso, dois meninos, estudantes, vieram me perguntar se podiam me entrevistar para um trabalho de escola. Ai, deus. Aí um deles gravou com o celular e o outro fez a entrevista: "há quanto você está na Turquia? por que a Turquia? já provou comidas típicas? conhece algum time de futebol aqui" foram algumas das perguntas. Tadinhos, estavam nervosos, mas dei a entrevista e eles saíram todos felizinhos.
Como ainda faltavam uns 30 minutos pro passeio, resolvi dar uma volta pois os turcos já estavam enchendo.
Anda aqui, anda ali.... e lembra do Bülent, o cara do meu primeiro dia aqui, que não saía do meu pé e até jantei junto? Pois então, ENCONTREI COM ELE SEM QUERER. Claro que eu encontrei com ele, Murphy tá sempre ao meu lado.
Que constrangedor. Ele perguntou o que eu tinha feito, se faria alguma coisa mais tarde... tentei desconversar, disse que tinha que acordar muito cedo por causa do vôo e... ele me deu um aperto de mão e falou que não queria tomar meu tempo. Virou as costas e saiu. Eu, hein!
E pra provar que Murphy me adora e não me larga, quem me viu por ali também? O tiozão que me convidou para um café ontem. Dessa vez, dei as costas e deixei ele falando sozinho. Porra, terça-feira à tarde e você não tem nada pra fazer não?! Afff.
Quase 16h, finalmente o passeio pelo Bósforo. O ônibus leva a turistada para o porto (onde váááááárias pessoas ficam pescando o dia todo. Toda hora que passei por ali tinha gente pescando). De lá, entramos no barco. É um daqueles barcos que você fica "em cima", a céu aberto, pra poder ver tudo. Na ida ele passa pelo lado europeu de Istambul; na volta, pelo lado asiático. Custou 35 liras e achei o preço ok, o passeio dura 2 horas e o guia vai falando um pouco sobre os lugares no caminho.
Do meu lado tinha um cara lendo um guia sobre a Turquia em inglês. Vi que ele tava sozinho e puxei conversa: "Hi, where are you from?"
"I'm from Guatemala."
Opa, latino-américa é nóis.
Começamos a conversar e blá blá blá, ele estudava na Alemanha, arrumou emprego e mora lá há três anos já. Falava um inglês bem bom, viu? E era assim... latino-americano, né gente. Depois de ver tanto turco assanhado, foi bom conversar com um cara sabendo que ele não tinha segundas intenções (que ele deixou bem claro quando disse que morava na Alemanha com a namorada).
Conversamos sobre viver na Alemanha, sobre Guatemala e Brasil (me senti burrinha de não saber nada sobre o país dele... but then again, ele não sabia muuuuito do Brasil não. Mas sabia do Lula, da Dilma, da economia que está crescendo). Passamos o passeio todo conversando, foi bom ter companhia no barco, porque não dava pra entender o que eu guia falava, então ignoramos essa parte e ficamos admirando a beleza dessa cidade incrível que é Istambul.
Pôr-do-sol no Bósforo |
Quando o barco atracou, o guia foi indo na frente. Achamos que ele tava levando a gente pro ônibus de volta, mas não. Ele andou, andou... e nisso, mais de 90% do grupo ficou pra trás. Logo percebi onde estávamos pois tinha passado no mesmo local ontem, mas achei sacanagem porque pra quem não conhece ali, dá pra se perder bem (tipo eu, ontem). E o pior foi perceber que o trânsito é mais caótico do que eu pensava: as pessoas vão atravessando na hora que querem. O guia mesmo foi passando no meio de todo mundo. O menino da Guatemala, Edgar, tava chocado dizendo que os alemães ficariam horrorizados com aquilo. Pois é, pois é, pois é.
Nos despedimos na praça da Santa Sofia e fui no meu caminho para o hostel, mas antes resolvi ter a minha última refeição turca. Parei num restaurante/lanchonete muuuito local. Ninguém falava a mesma língua. Mas tudo bem, o menu tinha fotos! (me sentindo muito gringa burrinha de novo) Comi a tal da pide, tipo uma pizza com cara de barquinho. Foi 7 liras, preço super ok. Quando chegou, quase morri só de olhar, pois são dois "barquinhos", prato que dá tranquilo pra alguém que come pouco, como eu. Comi um quase empurrando e o outro ele ofereceu para embrulhar pr'eu levar. Ufa!
ps: Fiz questão de tomar sorvete de outra rede pra ter certeza se o sorvete turco era bom mesmo e... *suspiros*