Ontem o dia foi estressante. Terminei com muito custo e ajuda da minha mãe de arrumar a mala... minha família foi em casa se despedir... E minha mãe e irmão me levaram no aeroporto.
Foi estranho. Eu tava com frio na barriga, mas a sensação era que eu estava indo viajar por alguns dias, nada de mais. Ficamos umas 2 horas aguardando o horário do embarque e chegou o momento da despedida. Eu sabia que ia chorar, mas depois de me despedir ainda fiquei um tempão soluçando enquanto passava pela imigração, raio-x e tudo mais ("Despedida é assim mesmo, moça!" - me disse a atendente).
No portão do embarque, já ouvi a primeira chamada e levantei. Aguardei uns minutinhos e na segunda chamada, fui pra fila. Tinha um menino com cara de bonzinho na minha frente, que virou e falou um "oi" cheio de sotaque.
Ele tava na vibe de puxar conversa, e continuou "você fala português?", ao que respondi: "sim! and english too!". Aí começamos a conversar em inglês, dar risada na fila quando falei as duas coisas em turco que decorei (oi e sim) - e segundo ele, tenho boa pronúncia! Só que o português dele é muito melhor do que meu turco, claro. Ele é guia de viagem e mora na Capadócia, veio ao Brasil aprender português e conheceu várias capitais por aqui. Papo vai, papo vem, ele perguntou se eu tinha facebook e deu a ideia de nos adicionarmos, mas entramos no avião e meio que "nos perdemos".
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O vôo foi a coisa mais tranqüila da minha vida. Não senti o avião subir, não senti tremer, não senti nada. Dormi nas primeiras 8 horas (YES!), então acabei perdendo o café-da-manhã, que tava com um cheiro maravilhoso, mas preferi ficar no cantinho dormindo. Ao meu lado tinha uma alemã esquisita e antipática, virou as costas quando perguntei de onde ela era.
Serviram o almoço com umas 10 horas de vôo. Comi macarrão, que veio com uns pedacinhos de abobrinha e beringela - além de salada e um molho muito gostosinho. De sobremesa tinha um pedaço de bolo de laranja/castanha, não deu pra identificar muito bem.
Um parênteses: as comissárias são todas lindas, com aquela cara de árabe, com uniformes, cabelos e maquiagem impecáveis. #invejinha
Fiquei meio à toa, aproveitei pra ver o que tinha naquela "tv" em frente ao assento: filmes, música, séries, games, um monte de coisa. Acabei vendo um episódio de Friends (aquele em que eles estão em Barbados e o Joey fica com a Rachel) e um do How I Met your Mother (aquele em que eles apostam pra ver quem chega primeiro no lugar combinado - sensacional!). Depois ouvi um pouco de música turca (as de rock pelo menos eram bem boas) e quando menos percebi, já estavam pedindo pra afivelar o cinto que o avião ia descer.
Esperei a pessoa ao lado usar 1º pra eu aprender. RISOS. |
Saindo do avião, andei um bom pedaço pra passar pelo controle de passaporte. Foi surreal porque o cara nem olhou pra mim, nem "tirou minha digital", só olhou, viu alguma coisa no computador e carimbou. Tipo, nem responder o meu "good evening" ele respondeu. Aí fui buscar as malas, que sairiam no úúúúúúltimo portão. E espera, espera, espera, demorou uns 40 minutos, mas vieram. Uma delas acabada, toda surradinha com a alça de cima arrancada (ela já tava meio solta). Coloquei no carrinho e saí, mas fazendo o maior esforço porque parecia que as rodinhas estavam emperradas (e óbvio que depois que percorri o caminho todo até o desembarque é que um funcionário me viu fazendo esforço e suando e disse pra eu apertar a barra do carrinho (ele falou em turco, mas deu pra entender pelos gestos), e aí me senti a mais burrinha do universo por ter ARRASTADO o carrinho. Afff.
Vários brasileiros tirando foto no aeroporto |
Mas ainda tinha um surpresinha: perto do desembarque o tal turco que conheci antes de entrar no avião tava sentado lá! Ele levantou, me deu um abraço (?) e disse que foi um prazer me conhecer. Nem arrisquei falar o nome dele, porque eu já tinha perguntado tantas vezes antes (sem sucesso de lembrar), que achei melhor ele soletrar pra eu anotar e adicioná-lo no facebook. Adoro o mundo moderno!
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Desembarque, a galera no portão, já vi o motorista segurando placa com meu nome: opa! Ele pegou o carrinho e fomos até o estacionamento.
Sentei do lado do passageiro e quando peguei o cinto e não vi a parte de afivelar, olhei pra ele e ele disse: "No, no, no...". Ok, minha primeira aventura na Turquia foi andar no banco da frente sem cinto de segurança.
O motorista era bonzinho, mas falava, segundo ele, "little English", então por mais que eu falasse coisas bem simples, ele não entedia direito. Mas perguntou se eu conhecia o Alex Souza (ou Silva? nem lembro), jogador brasileiro que está no futebol turco. Ai, Brasil. Ainda citou o Rio de Janeiro e o samba, claro. Sem mencionar o momento em que ele tentou me ensinar algumas frases em turco e disse que era bonita. Ai, Jesus.
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Do aeroporto até o hostel foram uns 20, 30 minutos. Quando ele entrou em Sultanahmet, o bairro em que estou hospedada, já pensei: o Pelourinho me persegue. As ruas são de paralelepípedo e bem estreitas, passando um carro por vez. Cheguei no hostel e dois recepcionistas vieram me atender. Um deles tinha o inglês beeeem fraco, o outro já era mais desinibido (e bonito, mas abafa) e falava melhor. Me explicaram os procedimentos, blá blá blá, e quando viram que eu tinha duas malas pra ficar apenas 3 dias, perguntaram o porquê. Aí quando comentei que estava indo pra Dublin, já foram chamar uma japonesinha que tava no refeitório que faz faculdade de Artes em Dublin. A japonesinha fofa elogiou meu cabelo azul e não conseguia falar meu nome! hahahaha
O recepcionista gentilmente carregou minhas duas malas pro quarto andar, onde estou agora. Tá garoando um pouco, previsão de chuva amanhã também. No momento, 2 graus. Liguei o aquecedor um pouco, e tô amando sentir um friozinho! Previsão do tempo pra segunda e terça é de frio, mas dias ensolarados. "You're lucky", disse o turco bonitinho.
E eu realmente espero que sim. :)