Quando eu era criança morria de medo de Papai Noel. O motivo não sei, mas me lembro claramente do meu primeiro Natal (o primeiro do qual me lembro, devia ter uns 4 anos): sabia que o Papai Noel era meu tio e mesmo assim chorei e não quis dar beijo nele pra ganhar presente. E assim foi até eu ser uma criança grande. Inclusive teve um ano que eu sabia que o Papai Noel era meu pai e mesmo assim fiquei apavorada (há uma foto maravilhosa em que estou me escondendo atrás da minha mãe e outra em que estou vermelha de tanto chorar abrindo o presente - pena que essas fotos estão em casa, lá em SP).
Tudo isso pra dizer que até então, eu não sabia como esses traumas de infância se formavam - na verdade, nunca parei pra pensar muito nisso porque não é algo que me incomoda, sabe? Até que há uma duas semanas a menina mais nova que cuido aqui na Irlanda , a C., começou a apresentar um medo que ela nunca teve antes. Ao colocá-la no trocador ela ficava super à vontade, brincava, cantava. De repente ela começou a demonstrar medo de deitar lá, me segurava nas mangas da minha blusa e ficava olhando pra trás, demonstrando medo da cabeça cair (inclusive falava "my head falling").
Uns três dias disso acontecendo, comentei com a mãe - será que era só comigo? A mãe não deu muita importância e disse que a C. às vezes fala "my head" quando está no trocador com ela, mas só.
Continuei preocupada quando na segunda semana ela continuou com esses sintomas. Eu tento tranquilizá-la dizendo que tô aqui, que tô segurando, que a cabeça dela tá segura, mas mesmo assim, ela fica tensa. Não teve jeito e comentei isso com a chefe de novo. Aí ela me contou uma história que não havia contado antes: no Natal passado ela tava no mercado com as meninas e a C. estava sentada no carrinho do mercado. A chefe foi na prateleira pegar alguma coisa e BAM! - C. tinha escalado o carrinho em segundos e caiu pra trás, batendo a cabeça no chão. É como se fosse eu cair de uma altura 3x maior do que eu mesma, horrível, né?
Disso pra sentar no cabo e cair do carrinho é um segundo, né? |
Agora acho que tá explicado o medo da bichinha, mas aos amigos psicólogos: como ajudar a criança nessa situação?!