Inglês - erros e acertos

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Sim, eu já falei que adoro cuidar da É. e da C., que elas são fofinhas e mordíveis e tal tal tal. O que eu nunca contei é que a parte preferida de conviver com elas é ver as bichinhas falando inglês. A É. já me surpreendeu de cara, pois eu jamais imaginei que uma criança de 2 anos e meio pudesse ser tão falante e tão eloqüente. A C. tinha poucas palavrinhas mas em 3 meses consegui ver uma evolução absurda: hoje, além de ter vááárias palavras e inclusive juntar 2 ou mais palavras (more juice ou look at this), entende tudo, tudo. Se eu fizer perguntas fechadas (você quer o x ou o y? quer colocar ou tirar a blusa?) ela sempre entende e responde.

Mas elas são crianças e por serem crianças, comentem erros de gramática. O interessante, nesse caso, é que venho observando que os erros que a É. comente são erros que os meus alunos brasileiros cometiam. Se há alguma relação ou motivo pra esses erros acontecerem tanto com uma criança nativa no idioma como para alguém que está aprendendo o inglês como segunda língua já adolescente ou adulto não sei, mas o assunto me intriga bastante.

Por outro lado, ela utiliza palavras e pequenas construções que costumam ser ensinadas em níveis um pouco mais avançados no estudo de línguas; É. também faz uso de coisas que meus alunos viviam esquecendo ou ignorando.

Tomei nota de três erros constantes que ela comente, assim como três coisas positivas.

  • "Her like soup."
Essa é uma constante. A É. sempre usa os pronomes oblíquos ao invés dos pronomes pessoais - então ela nunca diz "she likes soup" ou "they are nice" (no caso, ela diz "them are nice"). Meus alunos não costumavam trocar esses pronomes com frequência, mas vez ou outra alguém trocava "she" por "her", etc.

  • "She don't have a clue!"
Conjugar verbos na terceira pessoa, tanto na forma afirmativa como na negativa é coisa que a É. quase nunca faz. Até mesmo no exemplo lá de cima dá pra ver que tá faltando o "s" em "like". Esse é um erro extremamente comum entre brasileiros aprendendo inglês, erro que honestamente, não faz muito sentido pra mim. A gente não conjuga verbo em português o tempo todo? Qual a dificuldade em colocar o "s" na terceira pessoa nos verbos em inglês?

  • "I see that yesterday."

Ao falar de passado, minha fofinha fica no 50/50. Às vezes ela usa os verbos no passado de forma correta (inclusive na forma negativa, com o didn't), às vezes ela usa os verbos todos no presente - outros exemplos: "when I'm a little baby" (ao invés de "I was"), "I eat all my lunch" (ao invés de "I ate"). Isso acontecia muto com meus alunos!



  • Phrasal verbs
De início, os brasileiros que estudam inglês logo ficam familiarizados com vários phrasal verbs (get up, come on), mas é só mais pra frente que o estudo se aprofunda. Os alunos reclamam bastante pois os phrasal verbs são combinações de verbo com preposição que podem ter um significado totalmente não-relacionado com o verbo original - a palavra "desistir", por exemplo, é "give up". Nada a ver, né?

E aí que a É. usa phrasal verbs o tempo todo, todos corretamente. Então é "pick it up" pra pegar alguma do chão, "tidy up" pra arrumar as coisas, "make up" pra inventar uma história, etc...

  • O uso do IT
O pronome "it" é um problema pro aluno brasileiro porque a gente não usa esse complemento nas palavras, principalmente na forma imperativa. Então a gente diz "pega", "faz", "coma" e pronto. Em inglês não funciona assim. "Take" para "pegar" é ok, mas take o quê? "Eat" para comer é ok, mas eat o quê? Precisa do complemento, precisa do it. Das meninas que cuido, tanto a mais velha, É., como a pequena de 1 ano e meio, C., usam o it corretamente. "Eat it", "get it", "want it", "got it" e por aí vai...

  • Vocabulário
Percebo a variedade de vocabulário delas quando, por exemplo, ao invés de "almost" ela diz "barely" ou "nearly" ou numa outra situação na qual fui corrigida! hahaha, veja só: eu disse que o coelho "jump" igual ao sapo, mas a É. veio logo dizendo "no, it's not jump! The rabbit bounce". Então tá. 

A gente muda de país, muda temporariamente de ocupação, mas a professora tá sempre em nós! :)
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