As passagens estavam compradas há meses, e pelo fato das mesmas estarem muuuuito caras pra voar no sábado e voltar segunda (feriado aqui), resolvemos comprar a passagem pra sair no domingo de manhãzinha - assim, teríamos dois dias completos na cidade. Só que Murphy mandou um beijinho e mudou um pouco os nossos planos.
Avião tava previsto pra chegar às 7h30 da manhã em Edimburgo, só que um pouco antes disso o piloto avisou que por conta da intensa neblina, não seria possível fazer o pouso lá - fuck! Ele explicou que não havia nada a ser feito, a não ser pousar em outro aeroporto, o de Glasgow. Até aí, beleza, achamos que ia rolar um ônibus pago pela Ryanair pra nos levar pra Edimburgo - ledo engano. Quer dizer, o ônibus até existia, mas ele tava vindo de Edimburgo com o povo que ia embarcar lá e poderia demorar até 2 horas pra chegar. Fuck de novo! O funcionário no aeroporto nos recomendou pegar um trem, já que seria mais rápido. Mais ou menos, porque como era domingo, o trem só passaria em uns 50 minutos.
Fizemos as contas e mesmo assim, compensaria pegar o trem. A passagem custou 9 libras e ficamos esperando na estação junto com outras dezenas de passageiros do mesmo vôo. O trem nos levaria pra estação central de Glasgow para de lá pegarmos outro trem pra Edimburgo. Parece piada, mas nessa brincadeira perdemos muitas, muitas horas. A ideia era ter começado a turistar umas 9h, quando na verdade começamos quase uma da tarde.
Pelo interior do país |
Não conseguimos fazer check-in no hotel, mas deixamos as mochilas lá e resolvemos almoçar, já que não havíamos tomado café-da-manhã. Paramos num restaurante numa esquina da Royal Mile, avenida cheia de restaurantes e turistas:
Almoçados, nos juntamos ao walking tour que começaria ali perto às 14h. A ideia era ter feito o tour da manhã, mas como perdemos muito tempo nessa brincadeira de trem pra cá e trem pra lá, só deu pra pegar esse horário mesmo. A empresa era a Sandeman's New Europe, a mesma do tour que fiz aqui em Dublin e também em Berlin. A guia era uma americana com um sotaque muuuuito nova-iorquino - que eu gosto, mas putz, ela era TÃO americana que até cansou.
O tour começa na Royal Mile mesmo, onde a guia resumiu rapidamente a história da Escócia e Edimburgo geograficamente falando (muitos vulcões que geraram as colinas na cidade, entre outras coisas) e também desmente de cara alguns mitos, como o personagem do Mel Gibson no filme "Coração Valente". No filme, Gibson interpreta William Wallace, guerreiro escocês que lutou contra o rei Edward I da Inglaterra pela independência de seu país. Só que na vida real, Wallace não usava kilt (o filme conta uma história que se passa no século 13 quando o kilt só popularizou-se no país no século 17), não pintava seu rosto de azul pra batalha... enfim, o filme é entretenimento, não é um documentário, então a gente releva, né? Pra quem se interessa pelo assunto, achei um site que aponta outros erros históricos do filme.
A guia falou muita coisa interessante pelo tour, o que me fez pensar em uma coisa: no próximo walking tour que eu fizer, anotarei tudo no papel. A cabeça não dá conta de tanta informação boa, meu deus!
Lembro dela citar Walter Scott, escritor mais famoso da Escócia e interessado em contar a história e tradições do país para o mundo. Aliás, ele tem um monumento dedicado a si numa das ruas mais famosas de Edimburgo, a Princes Street:
- A escritora J.K.Rowling morou em Edimburgo e se inspirou em vários aspectos do local pra utilizá-los na sua série Harry Potter. A escola que a inspirou a escritora a criar Hogwarts (mais informações sobre isso aqui), o monumento que lembra a câmara secreta, nomes de personagens em túmulos no cemitério Greyfriars... olha, é muita coisa. É tanta coisa que eu quero voltar pra Edimburgo só pra engolir todas essas informações e curiosidades. Ah, esqueci de falar do "Elephant House", o café onde Rowling sentava pra escrever Harry Potter... lotado de turistas. Só tirei foto na frente mesmo.
- Edimburgo era uma cidade embaixo de onde é uma cidade hoje. Tipo, existia uma cidade meio subterrânea, que só foi descoberta nos anos 80. Na verdade, tem toda uma vibe fantasmagórica pelos cantos da cidade e oferecem muitos tours noturnos que falam sobre os fantasmas e lugares mal-assombrados de lá, mas por uma questão de tempo, não conseguimos fazer o tour. O pouco que a guia contou no cemitério me deixou interessadíssima e tô doida pra voltar lá (sim, então é pelo Harry Potter e pelos fantasmas também) pra fazer esse tour. Pra quem quer saber mais, achei um blog onde uma menina fez um desses tours noturnos e conta em detalhes - de arrepiar!
- Um dos personagens mais bizarros da história da cidade é o tal do William Brodie. Ele fazia movéis e era cidadão respeitado pela cidade, mas na calada da noite, invadia as residências alheias porque gostava de roubar e de sustentar seu vício por jogos e apostas. Isso intrigou o pequeno Robert Louis Stevenson, escritor escocês dono da obra "O médico e o monstro". É que ele ficava intrigado por essa dupla personalidade, essa vida dupla que o tal do Brodie levava e inspirou-se nele pra escrever esse livro!
- Muitas execuções em praça pública aconteciam na Royal Mile e no Grassmarket. Era comum ver gente com a orelha pregada na parede ou sendo executado e enforcado em praça pública. Tem até a história da Margaret Dickson, que foi sentenciada à morte por ter parido um filho em segredo. Ela foi enforcada mas acabou sobrevivendo quando acordou no caixão a caminho do cemitério. Enfim, é uma história muito bizarra e até achei um site que conta bastante a respeito (porra, tem o site chama murderpedia gente, vê se pode?!).
Enfim, ainda tem muita coisa que rolou no walking tour (independência da Escócia do Reino Unido em 2014?, pedra do destino, jóias da Coroa Escocesa, mais histórias medievais e esquisitas...). Eu não imaginei que ia acabar lembrando de tanta coisa, então vou parando o post por aqui. No próximo eu conto mais!
Escola que inspirou Hogwarts |
Vários becos e cantos pela cidade |
Assento do ônibus na estampa escocesa |
Catedral de St. giles |