Já a pequena C. tinha um ano e pouco e entendia tudo, mas seu vocabulário se restringia a poucas palavras e a cada semana este expandia pra mais palavras e pra combinações também (I'm laughing, more water, not apple, etc).
Até fiz um post falando sobre os erros e acertos gramaticais que elas cometiam aqui.
- C., do you want this puzzle over here?
E ela, de longe:
- Yeah, that one over there.
Outro exemplo:
- Did your sister hit you?
- Yes, she hit me. (há alguns meses ela teria repetido a minha frase, "she hit you")
Já a É. abandonou várias palavras de seu vocabulário infantil (lembra que falei nesse post que "knickers" (calcinha) era "ninnies"? Agora calcinha é knickers mesmo), tem usado palavras mais elaboradas e principalmente fillers e discourse markers, o tempo todo.
Fillers podem ser palavras ou combinações de palavras que essencialmente não tem importância na frase, mas funcionam como "brechas" para que a comunicação aconteça de maneira mais fluida - exemplos: "uhm", "like", "you know", "I mean". Já discourse markers são palavras do tipo "well" (que veja bem, também pode ser um filler), palavras que podem ser utilizadas pra que o falante ganhe tempo de desenvolver sua ideia (há outros tipos de discourse markers, vale lembrar...).
Ah, ela também tem usado muitos advérbios: really e actually estão presentes na maioria das frases.
Esses dias ouvi duas coisas que me surpreenderam bastante: o tal do "supposed to" e do "so/neither". É que é interessante observar que aos 3 anos de idade É. já conhece o conceito do que deveria ou não ter sido feito e sabe utilizá-lo: "We were supposed to eat lunch but we didn't". Já o "so/neither" foi num dia que eu perguntei se ela tava brincando e ela disse "yeah, and so is my sister".
Como pode uma pessoinha que ainda comete erros primários, como trocar o she por her, ter em sua fala "tópicos" que só são ensinados num curso intermediário/avançado de línguas?
Não preciso nem dizer que aquisição de língua é um assunto que tem me interessado cada vez mais. Quando escrevi a monografia da minha pós-graduação, sobre o uso de língua mãe no ensino de uma segunda língua, cheguei a fazer algumas leituras e escrevi um pouco a respeito de aquisição de língua, mas agora que estou acompanhando ao vivo e de perto por meses, estou tendo uma percepção mais detalhada e me apaixonando de vez pelo assunto. Ai, amo!
Resolvi "subir" um vídeo que gravei com a É. no qual eu fazia umas perguntas aleatórias. Não ilustra os itens citados no post mas é bem bonitinho!