Eu fiquei

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Eu fiquei. 

Fiquei porque não era a hora de voltar, porque não estou preparada pra voltar pra São Paulo. Porque eu gosto de ir de bicicleta pro trabalho em segurança, mesmo quando chove. Porque pagar as minhas contas, fazer as minhas compras no supermercado e lavar as minhas roupas da mó sensação de ser mesmo adulta. Porque é possível chegar no cinema 5 minutos antes do filme começar, sem se preocupar em comprar ingresso pela internet e ficar horas na fila quando o assento não é marcado. Fiquei porque apesar de sentir falta da sala de aula, esse tempo longe dela vai me fazer bem. Porque a experiência como babá tem sido, porque não, muito enriquecedora. Porque com o meu pequeno salário já conheci mais países do que os dedos de uma mão podem contar. Porque a minha lista é grande e ainda há muitos lugares que eu gostaria de conhecer - Holanda, Espanha, Portugal, Suíça, Polônia, Noruega, Inglaterra... Porque a Irlanda ainda tem muitas belezas e coisas boas pra me mostrar. Porque eu gosto do chá com leite, da banoffe pie, do scone e do feijão enlatado. Porque aqui eu consigo saciar os meus desejos Becky Bloom e usar cosmético de marca gringa famosa sem precisar parcelar em mil vezes no cartão. Porque aqui não se parcela nada no cartão e isso é libertador. Porque eu posso pagar 1 euro numa camisetinha na Penneys. Porque eu posso observar a mudança das estações do ano, que aqui são visíveis e bem marcadas. Porque a luz do dia tem durado cada vez mais e logo logo ainda estará claro às 10 da noite. Porque aqui eu não passo calor usando cachecol. Porque eu posso usar meia calça todo dia. Porque eu quero estudar mais, prestar algum certificado de proficiência, fazer algum curso na minha área. Porque um curso de línguas aqui é mais barato do que no Brasil e eu aproveito pra estudar alemão. Porque aqui eu escuto português, espanhol, alemão e polonês quase sempre nas ruas do centro. Ah, escuto inglês também! Porque aqui a polícia não tem armas. Porque não tenho medo de ser assaltada, mas no máximo de algum adolescente folgado falar alguma coisa ou gritar no meu ouvido. Porque eu quero mais do intercâmbio, mais da Irlanda, mais de Dublin. Fiquei por ele também, mas acima de tudo, fiquei por mim. Por mim e pelos meus sonhos e planos, pela minha curiosidade insaciável. 

Por isso e por muito mais, eu fiquei. 

As distâncias mais curtas

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Desde muito cedo aprendi a gostar de tecnologia. Meu pai adorava ser o primeiro a ter as coisas e sempre investia em novidades: lembro de nosso Windows 95, do nosso VHS 6 cabeças, do cd player de última geração da Sony. O fato é que por ter sempre sido exposta a tudo isso, me apaixonei pela magia da tecnologia muito cedo. Com nosso Windows 98 já tínhamos acesso a internet e com isso, eu passava horas pesquisando sobre coalas e Backstreet Boys. 

Minha primeira conta de e-mail foi criada em 1999 (saudades BOL, todo brasileiro tem direito a internet grátis) e desde então, nunca mais larguei a internet. Foi através dela que fiz grandes amigos, que aprendi muita coisa, que pesquisei inúmeros assuntos pra trabalhos de escola e faculdade, que baixei músicas e seriados, etc etc etc. 

Tudo isso pra contextualizar uma coisa que eu venho pensando há um tempo: como o intercâmbio seria diferente se a tecnologia não fosse como é hoje!

16 horas de alemão

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Semana passada foi a última aula do curso promocional de alemão, que teve duração de 16 horas. As duas últimas aulas foram ok, já relevei o fato da professora se embananar na hora de mandar a gente repetir as coisas ou não, dela jogar as coisas totalmente fora de contexto, de não dar modelos de prática suficientes, etc. 

Mas nada disso me irrita tanto quanto uma italiana que tem na turma. Puta que pariu, ela interrompe as pessoas, pergunta coisa que a professora acabou de falar, fica de risadinha com uma amiga dela na turma... Que raiva! Lembro que ficava incomodada com alunos assim quando eu dava aula, mas como professora eu conseguia cortar algumas coisas de maneira sutil - outras nem tanto, eu dependia da coragem de alunos mais "ousados" pra reclamar com o aluno "sem noção", mas eu como aluna não consigo reclamar. 

Evolução da fala

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A minha parte preferida de ser babá é sem dúvidas poder observar a evolução linguística das meninas. Quando comecei pra trabalhar pra essa família em agosto, a mais velha na época com mais ou menos 2 anos e meio, já falava tudo e se expressava muito bem, embora cometesse alguns erros de gramática. 

Já a pequena C. tinha um ano e pouco e entendia tudo, mas seu vocabulário se restringia a poucas palavras e a cada semana este expandia pra mais palavras e pra combinações também (I'm laughing, more water, not apple, etc). 

Até fiz um post falando sobre os erros e acertos gramaticais que elas cometiam aqui.


Dublin também tem castelo

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Em dezembro, quando minha mãe e irmão vieram me visitar, fiquei super na dúvida de onde levá-los aqui em Dublin, afinal de contas teríamos poucos dias e ainda tava escuro e frio por causa do inverno. 

Eu queria muito que eles vissem algum castelo por aqui, porque a Irlanda tem muitos e dos mais variados. Aproveitamos que o Dublin Castle é bem no coração na cidade e fomos pra lá num domingo. 

Eu já conhecia os jardins e cheguei a ir na Chester Beatty Library também, que fica dentro do complexo do castelo, mas não dentro dele em si. A entrada foi baratinha e infelizmente perdemos o horário da visita guiada, então ficamos livres pra visitar os cômodos e pegamos um folheto na entrada com informações sobre os mesmos. Tem folheto em português inclusive (pro alívio da minha mãe).





Ir ao médico num país estrangeiro pode ser interessante

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Demorou quase um ano pra eu precisar ir ao médico aqui. Na verdade precisar eu não precisava - não era caso de vida ou morte, mas enfim, vamos aos detalhes: eu precisava de uma receita médica pra algum remédio que combatesse acne, já que misteriosamente minha pele ficou muito ruim de uns meses pra cá. Não sei se foi o calor, se foi o vento, se foi a chuva, se foi a água, mas o fato é que minha acne, essa maldita que me acompanha desde a adolescência, invadiu minha vida com tudo aqui na Irlanda.

Creminho e sabonetinho não resolve, eu queria um remédio mesmo, por isso fui numa dermatologista.

Só que na Irlanda é assim: se você quer ir num especialista (no caso, o dermatologista), você precisa primeiro passar no GP (clínico geral). É uma lógica um pouco sem sentido em alguns casos, porque se eu sei que meu problema é acne, não preciso ir num clínico geral pra me dizer isso, certo? Ainda mais quando você paga no mínimo, atenção, 50 euros na consulta.



Museu da... manteiga! (?)

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Sabe aqueles lugares que você nunca imaginou conhecer? Pois é, há algumas semanas fui com o R. ao Museu da Manteiga, em Cork.  


butter museum em cork


Meio bizarro pensar que existe um museu dedicado à manteiga, mas não é super legal? Eu achei a ideia ótima e justamente por isso queria conhecer o local, mas da primeira vez que tentamos (há alguns meses já) não deu certo porque ele tava fechado. 

Logo na entrada o cara da recepção nos informou que um vídeo informativo tinha acabado de começar. Se tratava de um vídeo meio brega dos anos 80 falando sobre a indústria alimentícia - e mais especificamente do leite e manteiga na Irlanda, com foco na marca Kerrygold

Aliás, o R. me mostrou uns comerciais muito bizarros dessa marca - inclusive um que ele disse ter virado meme na Irlanda muito antes dos memes na internet existirem. Só assistindo pra tentar entender - a frase que se tornou "viral" foi a frase final "who's taking the horse to France", muito bizarro. Assista aqui.

Restaurantes em Dublin

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Eu tava relutando pra fazer esse post e não sei o motivo, mas é que eu queria muito falar sobre comida na cidade e como esse é um dos programas que eu mais faço com o R., acho que tenho umas boas dicas pra dar. Caso não sirva pra ninguém, fica de registro pra posteridade mesmo.

Comer em Dublin é meio caro, pelo menos pro bolso de estudante, como o meu. Sim, tem restaurantes mais fancy e restaurantes mais simples, mas de forma geral, você não gasta menos que 20 euros se for incluir prato principal e sobremesa (e gorjeta!).

Há muitas opções de restaurantes e de comidas de vários lugares do mundo. Muitas mesmo! Vou listar alguns lugares e uma breve descrição do que achei de cada um. Pode ser que as informações estejam incompletas porque tem lugar na lista que fui há meeeeses atrás e como nunca tirei foto nem tomei nota de nada, vou depender total da memória.

Renovando o visto

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Pra renovar o visto como estudante na Irlanda, você basicamente precisa pagar por um novo curso, ter frequência, seguro governamental e... Acho que é só. Eu já tava juntando dinheiro pra renovar há meses e tava na maior dúvida em como renovar esse visto. 

É que eu pensei: o curso mais barato é o General English, mas inglês de novo eu não vou aguentar. E renovar com algum curso mais caro (fotografia, business) valeria a pena? Depois de muito tempo pensando e analisando cada possibilidade, decidi pelo General English. Mas foram semanas de muita reflexão e análise MESMO! 

Fui na escola conversar sobre minha frequência e tudo certo: paguei o curso e voltei uma semana depois pra buscar minha confirmação de matrícula, carta do seguro e carta de frequência. 

1 ano de Irlanda!

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Finalmente chegou o momento! Hoje eu completo 1 ano morando na Irlanda!!!!

MAS GENTE, UM ANO PASSOU RÁPIDO DEMAIS!

Que coisa mais bizarra, parece que foi ontem que cheguei aqui, ou que estava me preparando e juntando dinheiro pra vir. O fato é que o tempo passa rápido, e como já ouvi por aí, se você não aproveita, "perdeu playboy". Piscou e já foi um mês. Piscou de novo e já foram 6. Piscou de novo e já ta hora de voltar pra casa. 

Ou no meu caso, hora de renovar o visto. Como diria nosso conhecido Dom Pedro: "digam ao povo que fico"!

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