A busca por emprego não tinha parada, porque eu sou brasileira e não desisto nunca. Essa não seria uma boa época do ano pra encontrar trabalho como professora de inglês, muito menos um trabalho permanente: não há vagas em lugar nenhum. Porém, nada me impedia de continuar tentando até conseguir, não é mesmo?
Como minha pesquisa de mestrado foi justamente sobre professores não-nativos em Dublin, eu já tô ligada em muita escola onde eu não gostaria de trabalhar. Na verdade, uma das coisas que eu fiz pra minha pesquisa foi analisar mais de 50 sites de escolas em Dublin pra ver o que essas escolas falavam sobre a questão "professores nativos". No fim das contas, algumas escolas usam sim esse argumento - o que é completamente discriminatório de acordo com leis da União Europeia e irlandesas. De todo modo, eu meio que tenho uma "lista negra" de escolas, uma lista de escolas que são ok e uma lista de escolas super legais onde eu adoraria trabalhar.
Então comecei mandando currículo justamente pras escolas super legais e ok - e claro, não tive muitas respostas. É normal, né? Quer dizer, tive uma ou outra resposta dizendo que no momento não estavam contratando mas que manteriam meu currículo e uma outra dizendo que não tinham nenhuma vaga permanente, mas que eu poderia começar como professora substituta e que geralmente isso pode virar uma vaga permanente.
Respondi que toparia na hora!
Sendo assim, lá fui eu pra entrevista numa terça de manhã - encontrei a DOS (director of studies) na unidade deles que fica dentro de uma faculdade no centro da cidade. E foi muuuuito legal. Primeiro que ela foi super fofa e simpática - bem diferente da outra entrevista que fiz. Segundo que a mulher não parava de elogiar meu currículo - e, não quero me gabar, mas a gente fica todo cheio quando alguém importante elogia a gente assim, né?
A entrevista durou uma meia hora e no fim ela disse que adoraria poder me dar uma vaga, mas que não tinha nada - mas que ela avisaria os outros diretores das outras duas unidades dessa escola e que se alguém precisasse de professor, me chamariam. E não deu outra: no mesmo dia recebi um email de D., o diretor da unidade da escola que fica em Dublin 6 me chamando pra substituir um professor na semana seguinte para duas aulas.
E lá fui eu. A escola fica num prédio georgiano super gracinha de frente pra um parque lindo e me senti muito bem acolhida, tanto pelos professores quanto pelo diretor. Na primeira aula, por algum motivo muitos alunos faltaram, com exceção de duas brasileiras. Elas ficaram super felizes quando eu disse que era brasileira também (apesar delas terem achado que eu era espanhola inicialmente e eu saí da aula me sentindo super bem e útil, senti que fiz a diferença naquela manhã, já que fizemos uma sessão de error correction e elas parecerem curtir demais.
A segunda aula foi com um grupo de 7 alunos, sendo que tirando um brasileiro e um chinês, todos os outros alunos eram do Omã. Eles também acharam que eu era espanhola de cara - o sangue não nega! Mesmo assim, a recepção foi super positiva e acho que eles curtiram a aula. Espero que tenham gostado tanto quanto eu, porque eu adorei, me senti produtiva e útil no mundo de novo!