Cheguei e logo o pai dos meninos saiu pro trabalho. Eles estavam tomando café, então aproveitei pra fazer uma torrada e tomar um chá com eles.
As primeiras horas não foram tão ruins: brincamos de lego, corremos pela casa, fizemos vários quebra-cabeças e tudo tava indo bem. A ideia era almoçar e depois ir até à biblioteca local pra ler uns livros, dar uma andada e tal.
E foi um pouco antes do almoço que tudo começou a desandar.
Primeiro que o J. é um poço de impaciência. A cada 5 minutos me perguntava se já era hora de almoçar pra poder sair de casa. Segundo que criança dentro de casa por muito tempo é criança que vai dar problema, porque logo eles começaram a implicar um com o outro.
Depois do almoço fui colocar o mais novo, S., pra tirar uma soneca como a mãe dele já havia me lembrado (coisa que ele faz todos os dias na creche), mas o bichinho fez um escândalo porque não queria dormir. Só que eu já vi esse filme antes e sabia que se ele não dormisse, ficaria muito cansado à tarde e não aproveitaria a biblioteca (que foi exatamente o que aconteceu).
Tentei, mas meia hora depois com ele batendo o pé que não queria dormir, desisti. Fomos nos arrumar pra sair.
J. tem quase 6 anos mas ainda precisa que alguém vá com ele ao banheiro - na verdade, ele só quer alguém perto, no outro cômodo, mas não gosta de ir sozinho. Já vi o pai dele dizendo que ele tá grande e que não precisa que ninguém vá com ele, por isso quando ele vem me chamar eu bato nessa mesma tecla, mas criança você sabe como é, né? Ele fica na minha orelha e fica e fica e fica e fica e fica e fica que acabo indo com ele.
Fui, mas quando voltei, o que encontro? S. escrevendo na parede que foi pintada há poucas semanas!
Quase joguei os cachorros pra cima dele, mas tentei me controlar. Dei bronca, fui brava, mas não gritei nem nada. Só sei que fiquei lá, tentando esfregar aquela parede pra droga do risco gigante sair. Missão bem-sucedida, mas que stress!
E não contei o episódio-mór desse dia: J. queria carregar o cartão da biblioteca com ele, portanto eu disse que ele podia colocar em seu bolso - ressaltei que ele devia cuidar bem do cartão pois precisaríamos dele mais tarde. Isso foi logo quando eu cheguei de manhã.
E o que você acha que aconteceu na hora de irmos pra biblioteca?
Ele perdeu o bendito do cartão.
Na hora que já estávamos prontos, que eu já tinha limpado a parede riscada pelo S., que estávamos pegando as bolsas e checando que tínhamos tudo na mão, o cartão não estava lá. Pois eu sentei e mandei o J. mesmo ir procurar. Não era responsabilidade dele? Pensei comigo "se ele demorar e não achar, eu vou procurar". Pois ele olhou em todo canto e nada. Disse "I'm sorry, Barbra" algumas vezes e fiquei com dó do bichinho e fui atrás. E nada do cartão.
Aí perguntei pro J. se ele tinha olhado no andar de cima e ele disse que não - pediu pra eu ir junto. Ele tem medo de ir lá em cima sozinho mas só quando lhe convém, porque quando quer pegar algum brinquedo ele sobe as escadas correndo e não tá nem aí se eu vou com ele ou não.
O menino travou. Disse que não queria ir lá em cima "without my Barbra". Ah coleguinha, sem essa de my Barbra pra cima de mim! Vá sozinho! Sobe, procura! O cartão era sua responsabilidade!
Aí ele disse que então não queria mais ir pra biblioteca. Eu disse "tudo bem" e sentei no sofá.
Ele ficou tão frustrado e ao mesmo tempo tentado que resolveu ir lá em cima - juntou coragem e falou "fine, I'll go". Subiu as escadas e quando chegou lá em cima... desceu correndo e chorando. hahaha. Tadinho! Não quero traumatizar o menino, mas gente, como eu falei, quando é conveniente ele sobe sem problemas. Fiquei com dó e subi junto. E não é que achei o cartão?
Fiquei estressada e cansada nesse dia, mas J. aprendeu uma bela lição sobre responsabilidade. S. levou bronca do pai em relação à parede e tenho certeza que vai pensar mil vezes antes de sair rabiscando.
Ficar parado pra tirar foto pra quê? |
(e esse nem foi o dia todo.... mas a parte da biblioteca eu conto outro dia)