Passagens compradas com antecedência, reserva no hostel feita com antecedência, blogs sobre Buenos Aires lidos com antecedência, lá fomos nós.
O vôo pela Aerolineas Argentinas foi bem tranquilo. As comissárias são sérias e argentinas, ou seja: espanhol já vai sendo praticado no vôo mesmo - "jugo de naranja, por favor! gracias".
Ao chegar no Aeroparque (2h e 30min de vôo), você entra na fila da imigração e apresenta o passaporte. O atendente perguntou onde ficaríamos, por quanto tempo, mas só isso. Ele foi bem simpático e estávamos oficialmente em solo hermano! Mas nem imaginávamos que ficaríamos ali por pelo menos 1 hora em busca de... moedas! A ideia era pegar o ônibus para San Telmo, onde ficamos hospedadas. E no ônibus só aceitam moedas. E ninguém no aeroporto trocava moedas pra gente, ninguém. Tivemos que sacar 10 pesos de um ATM pra tentar comprar alguma coisa e pedir o troco em moedas.
Fomos comprar uma água - dieciocho pesos. Ãhn? Ceis tão loucos? É SÓ ÁGUA!
Passado o susto, achamos as famosas medialunas (tipo um mini-croissant) por 6 pesos. E fomos pegar o ônibus felizes com nossas moedinhas.
Ao entrar no ônibus, você deve dizer pra onde está indo pra que o motorista gere o valor certo pra você pagar: "Avenida Belgrano, por favor", coloca as moedinhas na máquina e pega seu ticket.
Após uns 10 ou 15 minutos, comecei a ver algumas placas escritas "San Telmo". Comentei com a Lê: "estamos perto!", mas não imaginávamos que já estávamos no lugar certo, já que o motorista esqueceu de nos avisar e descemos 10 quadras mais longe do que deveríamos ter descido.
E esse andar 10 quadras foi a abertura das mais longas caminhadas da minha vida.
Conseguimos chegar na avenida certa, conseguimos encontrar o Tulio (que tem um blog sensacional, vale a pena visitar), amigo da Lê que ia trocar o dinheiro pra gente, conseguimos fazer o check-in no hostel. Aliás, um parênteses para o hostel: legal, enorme, wi-fi firmeza e staff SENSACIONAL (if you know what I mean). Café da manhã bacana e vários gringos descalços!
Starbucks onde encontramos o Tulio |
Almoçamos por ali mesmo e resolvemos ir ao centro, onde compraríamos nossas entradas para ver um tango num Centro Cultural (que já havíamos pesquisado e tava com o preço bom).
Andamos um pouco e avistamos a estação de metrô. O Felipe já tinha me avisado que o metrô era zoado, mas cara, é zoado mesmo. Gente mal-encarada, sujo, parece aqueles trenzão velho de SP. Mas pelo menos foi barato!
Duas ou três estações depois, descemos no coração da cidade: Obelisco. Aproveitamos pra tirar umas fotos por ali e seguimos em frente pra encontrar a rua do Centro Cultural.
E aí, o pior momento da viagem toda.
Sinto uma mão puxar meu pescoço, ao passo que sinto a Letícia me puxando na direção contrária. Na hora, não entendi o que estava acontecendo e segurei minha bolsa com mais força ainda.
"Lê! Por que você me puxou?!"
"Bá, aquele cara ia roubar tua bolsa!"
Cara, que desespero. A gente tinha acabado de sofrer uma tentativa de assalto e nem perceber eu tinha percebido. Deu uma vontade de chorar tão grande que até doeu a garganta. Continuamos andando (o ladrão saiu correndo na direção contrária) e uma moça que vinha chegando nos alertou: "não continuem por aqui, aqueles caras lá na frente estão roubando!". Com medo, atravessamos a avenida e após umas 3 quadras, fomos parar na tal Calle Florida, rua queridinha dos brasileiros, cheia de loja de marca, gente vendendo passeio e show de tango e uns caras mal-encarados. Entramos na Galeria Pacífico pra tentar sentar e pensar no que havia acontecido. Estávamos assustadas, cansadas, abaladas. Se bem-sucedido, o ladrão teria levado minha bolsa com: celular, câmera, dinheiro e documentos, tudo.
Ficamos sentadas na praça de alimentação por uns 40 minutos, pensando em como iríamos embora dali. Perguntamos pro segurança e logo atrás da Galeria tinha uma rua onde passava o ônibus pro hostel.
Nesse dia, por conta do cansaço e do susto, não saímos à noite e fomos dormir cedo. Mas a tentativa de assalto não nos impediu de continuar nossos passeios nos outros dias...