Sempre que vamos pra Cork (a família do R. mora lá), fico lendo as placas de atrações pelo caminho: castelos, jardins, cavernas... cavernas? Sim! Há um tempo eu queria parar na Mitchelstown Cave pra ver qual é que era e há umas semanas fizemos uma parada lá, já que ela fica localizada na estrada pra Cork, sem precisar desviar muito.
A Mitchelstown Cave foi descoberta por acaso em 1833 por um fazendeiro chamado Michael Condon e fica na fronteira dos condados de Cork e Tipperary. Essa foi a primeira caverna aqui na Irlanda a ser aberta ao público nos anos 70 e fica localizada numa área privada - por estar na propriedade de Michael, foi considerada sua. E assim foi, passando de geração pra geração.
Quando você chega lá, só vê uma casa mesmo, onde você toca um sininho e paga a entrada (9 euros). No dia em que fomos lá, a senhorinha nos indicou esperar no topo da colina pois o próximo tour começaria em breve. Pegamos o último tour, às 16h30, e não havia mais ninguém por lá, só nós dois e a guia!
Do lado de fora há uma placa com informações sobre a região e alguns quadros sobre a formação geológica da Irlanda - essa ilha se movimentou por esse mundão, viu? Além disso, você tem uma vista linda das Galty Mountains!
Esse conjunto de cavernas calcárias é considerado um dos melhores na Europa. A área toda se estende por cerca de 16 km de comprimento e 5 km de largura, mas durante o tour você só percorre uns 3 ou 4 km. Aliás, o tour dura dura em torno de 40 minutos. A entrada da caverna se dá por uma escadaria, que fica na entrada original onde Michael Condon descobriu esse "abismo" (ele estava quebrando pedras para construir sua casa e sua ferramenta caiu numa fenda - quando ele foi atrás pra ver, acabou descobrindo a caverna!).
Infelizmente fotos não são permitidas, portanto as fotos de dentro da caverna que ilustram esse post foram encontradas no Google.
É uma experiência inesquecível, de verdade. Primeiro porque eu nunca tinha visitado uma caverna na minha vida; segundo porque é um lugar mágico, parece que você voltou no tempo. A região é bem úmida e cheia de estalactites e estalagmites. Isso acontece porque o calcário é dissolvido pela água da chuva que atravessa o solo - as gotas evaporam formando todas essas maravilhas da natureza. Vimos também colunas de calcita e outros tipos de formações que você encontra em cavernas. Uma delas é conhecida como a Torre de Babel, que tem 10 metros de altura - é uma formação de fato espetacular!
Vimos pedras de coloração avermelhada, dourada, branca e muitas outras cores - é impressionante! A guia nos disse que leva milhares de anos para uma estalactite ou estalagmite se formar - loucura, né? Há exemplos de fósseis com mais de 350 milhões de anos presentes na caverna também.
Perguntei à guia se havia algum tipo de animal lá dentro e ela disse que apenas algumas aranhas e insetos minúsculos. As aranhas são brancas e cegas, por conta da escuridão (infelizmente não vimos nenhuma).
Num dado momento, a guia apagou as luzes da caverna para vivenciarmos a escuridão de lá de verdade. Cara, é in-des-cri-tí-vel. Tipo, ela apagou as luzes e nós não conseguíamos ver nada, nem a nossa mão colada na cara. O ambiente mais escuro em que já estive na vida! Sem dúvidas um passeio inesquecível!