turista X morador e um texto do Estadão

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Esses dias uma galera que mora aqui na Irlanda divulgou um artigo que saiu no Estadão sobre a Irlanda e a Irlanda do Norte. A autora do texto foi convidada pela British Airways e Tourism Ireland pra escrever a matéria.

Bom, aí que quando eu li o texto fiquei pensando em como a nossa percepção é diferente quando moramos num lugar e quando somos só turista. E comentei isso com Bia e Rick e eles também tinham vários pontos interessantes sobre o tal artigo. Aí resolvemos nós três escrever sobre o assunto.

A autora começa o texto citando a coisa dos clichês, que aqui na Irlanda, têm a ver com a bebida, com os ruivos, U2, etc. Menciona também nomes de grandes escritores irlandeses como Wilde, Shaw e Joyce; beleza, a introdução tá bacana e engraçadinha. Até o momento em que ela faz um parágrafo super "classe média sofre": "Você já foi mil vezes para Londres, conhece Paris de ponta-cabeça e pega o metrô em Berlim com mais tranquilidade do que em São Paulo, mas não conhece Dublin nem Belfast. Que tipo de globetrotter é você, afinal?". Ai gente, me poupe, quanta arrogância!

Edimburgo - parte V

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Caramba, como menos de 48h num lugar rendeu tanto assunto aqui no blog?

É que eu fiquei apaixonada por Edimburgo mesmo. Apesar de muitas coisas serem parecidas com Dublin (e não que isso seja ruim), a cidade tem características próprias, um lance bem legal no ar. Nos posts sobre a cidade contei sobre o Castelo, o tempo medieval, o cemitério, alguns personagens curiosos na história de lá, alguns museus e o Calton Hill, mas olha só, ainda faltou coisa. E vamos começar com coisa boa? Vamos começar falando de comida.

Eu adoro provar culinária de outros países, adoro. Já tinha ouvido falar do haggis e não havia me animado muito com a descrição do prato não - um bucho de carneiro recheado com vísceras, ligadas com farinha de aveia. O prato vem com turnips e potatoes e é...

Edimburgo - parte IV

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Continuando a minha série de posts sobre Edimburgo - eu esqueci completamente de mencionar o cemitério que visitamos no primeiro dia! Não que eu seja fã de cemitérios, porque não sou, mas o walking tour passa rapidamente por lá e tem bastante história macabra e curiosa sobre o local.



O Greyfriars é um cemitério que começou suas atividades em 1561 (não me conformo em ver essas datas e pensar que nessa época os Portugueses haviam chegado há pouco no Brasil) e tem várias histórias e mitos que o rondam. Uma delas é sobre o roupo de corpos no cemitério. É que os professores de medicina na época precisavam de corpos pras aulas mas cada aluno estudava somente um corpo por ano. Foi quando um dos professores, Robert Knox, resolveu contratar uns caras pra não só roubar corpos do cemitério como matar pessoas pra que ele tivesse "corpos frescos" para o estudo de anatomia.

O negócio era tão sério que quando alguém importante ou que tivesse grana morria, contratava-se um guarda pra ficar de olho no túmulo da pessoa, pra garantir que ninguém o roubasse. 

Edimburgo - parte III

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O segundo dia em Edimburgo começou cedo e corridinho - queríamos ter colocado os pés na rua mais cedo, mas estávamos tão cansados do dia anterior que não conseguimos sair antes das 9h. Mesmo assim, fizemos o check out, tomamos café num lugar ali perto (aliás, um deal ótimo de 5 libras com um lanchão, bebida e um pedaço de shortcake) e seguimos pra estação Waverley pra deixar as malas no lockers enquanto faríamos os passeios pela cidade.

Só que o locker de Edimburgo tá achando que é a última coca-cola do deserto. Cara, era um negócio tipo 9 libras por item. Aí não dá, sem condições! R. colocou a minha mochila (que tava bem vazia até, beijos) dentro da dele e levou ela na costas durante o dia.

Começamos direto no Castelo de Edimburgo.



Edimburgo - parte II

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Como eu tava comentando no post passado, teve muita informação interessante e curiosa no walking tour por Edimburgo. Uma das que mais me chamou a atenção foi a história da tal pedra do destino. Vou confessar que a guia explicou meio por cima e eu não entendi de onde veio a pedra, afinal. Aí pesquisando pra escrever esse post achei um texto bem bacana e fácil de entender - retirado do site "Hunky-Dory":

"Talvez a pedra mais famosa da Grã-Bretanha seja a Pedra do Destino, também conhecida por Pedra de Scone. A disputa dessa pedra tornou-se uma questão de honra para os escoceses, pois representa para eles um dos mais importantes símbolos de sua pátria. Conta-se que a Pedra serviu de travesseiro para Jacó, o rochedo onde repousou sua cabeça quando sonhou da escada que se erguia aos Céus. A lenda continua, afirmando que a Pedra foi levada para a Escócia por descendentes de Scota, filha do faraó do Egito, e instalada num local chamado Scone por um rei que uniu o reino dos escoceses com o de outro grupo autóctone, no séc. IX. No entanto, o arenito da Pedra do Destino é do tipo que se encontra na área de Perthshire, um condado a leste da Escócia. Por aproximadamente 400 anos, os reis dos escoceses eram coroados, sentados na Pedra do Destino. Com o passar dos anos, a realeza escocesa foi se enfraquecendo, e a inglesa se fortalecendo, a ponto dos reis ingleses encararem os escoceses como seus vassalos, inaceitável para os escoceses até os dias de hoje."

Edimburgo - parte I

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Ahhhh, que maravilhosa é essa capital escocesa, hein? Edimburgo é uma cidade misteriosa, linda e muito, muito, muito turística. Fiquei assustada com o tanto de turista que vi pelas ruas do centro, mas o meu susto e espanto eu descrevo melhor em outro post dessa série.

As passagens estavam compradas há meses, e pelo fato das mesmas estarem muuuuito caras pra voar no sábado e voltar segunda (feriado aqui), resolvemos comprar a passagem pra sair no domingo de manhãzinha - assim, teríamos dois dias completos na cidade. Só que Murphy mandou um beijinho e mudou um pouco os nossos planos.

Avião tava previsto pra chegar às 7h30 da manhã em Edimburgo, só que um pouco antes disso o piloto avisou que por conta da intensa neblina, não seria possível fazer o pouso lá - fuck! Ele explicou que não havia nada a ser feito, a não ser pousar em outro aeroporto, o de Glasgow. Até aí, beleza, achamos que ia rolar um ônibus pago pela Ryanair pra nos levar pra Edimburgo - ledo engano. Quer dizer, o ônibus até existia, mas ele tava vindo de Edimburgo com o povo que ia embarcar lá e poderia demorar até 2 horas pra chegar. Fuck de novo! O funcionário no aeroporto nos recomendou pegar um trem, já que seria mais rápido. Mais ou menos, porque como era domingo, o trem só passaria em uns 50 minutos.

Pequenos diálogos com pequenas meninas

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Como cêis sabem, eu trabalho como babá aqui na Irlanda e o que mais gosto de fazer é conversar com as meninas e perguntar o que se passa na cabecinha delas. Todo dia tem alguma pérola ou coisa engraçada, mas nunca lembro de colocar no papel. Aí fiz um esforcinho de memória e reuni alguns diálogos e situações pelas quais passei com elas...

1) Indo pro parque outro dia, eu perguntava sobre o que elas haviam feito no St. Patrick's Day:

Eu: I went to the parade too! I went to the one in Dublin with my friends and my boyfriend.
É.: Boyfriend? What's your boyfriend's name, Barbar?
Eu:  It's R.
É.: And your girlfriend?

Porque amor não tem barreiras de gênero!

1.1

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Esqueci completamente que no último dia completei 1 ano e um mês de Irlanda - 13 meses morando na Ilha Esmeralda! Quanta coisa tem acontecido na minha vida! Não sou religiosa, mas estou muito feliz e agradecendo aos céus e universo por tudo que conquistei e vivo a cada dia aqui.

Passada essa introdução meio breguinha, vamos aos fatos: o que aconteceu de bom nesse primeiro mês pós-renovação?

Um dia desses, no trabalho....

Em termos práticos, a rotina continua a mesma: trabalhando bastante, indo as aulas de alemão, escrevendo no blog, assistindo algumas séries e tentando me manter ocupada aos finais de semana, porque se deixar, eu faço nada meeeesmo. Como é bom não fazer nada de vez em quando!

Porqueee é primaveeeeeeeraaaa

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Ai gente, que maravilha essa tal de primavera, hein?

Eu sempre digo que minha estação preferida é o inverno por motivos que já citei diversas vezes aqui no blog (em suma: odeio passar calor), mas o inverno no Brasil é diferente do inverno aqui. Não quero parecer aquelas pessoas chatas que ficam "ai, porque na Europa na diferente", mas porra, aqui dá pra ver a mudança das estações. No inverno é frio e as árvores estão secas e sem folhas, no verão é tudo vivo e verde, no outono tudo amarela e as folhas caem e na primavera tudo vira flor.

primavera em dublin, na irlanda


Acho que foi meio da noite pro dia que percebi que tinha um monte de flor nas árvores no caminho pro trabalho. Do nada percebi que as margaridas já tavam brotando loucamente em qualquer pedacinho de grama nesse país. Mas acho que a grande mudança foi a entrada do horário de verão - agora já tá claro bem cedo e fica assim até umas 8 da noite. Já tá uma vibe de primavera mesmo, porque teve dia que fez 13 graus e que passei calor, fiquei de camiseta na rua. Sim, eu sou calorenta. Ainda vejo gente usando casaco, lenço no pescoço, luva, mas ó, só dá pra usar essas coisas à noite, porque se tá sol, durante o dia não dá.

10 lugares pra (ainda) conhecer

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Apesar de ter conhecido muitas coisas em Dublin, arredores e Irlanda de uma maneira geral, ainda há muita coisa que eu gostaria de ver na Ilha Esmeralda. É que eu não me dou por satisfeita não - ainda guardo nomes de lugares que vi em algum lugar e achei interessante, salvo fotos no pinterest de cidades pelo país que eu quero ver de perto, enfim, não deixo o meu "sonho irlandês" morrer. 

Pro meu segundo ano de Irlanda ainda quero conhecer (em ordem aleatória):

1) A fábrica da Guinness

(conheci em julho de 2014 - leia o post "O ponto turístico mais visitado da Irlanda")

Pois é, eu sei. É meio bizarro morar aqui e ainda não ter ido lá, mas o fato é que eu não tenho o mínimo interesse por cerveja, muito menos pela Guiness (amarga, credo!). A única coisa que me faria pagar o preço caro da entrada é a vista que se tem lá de cima, no bar 360º:



Rapidinhas

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Sempre faço posts temáticos e dedico um texto a um assunto específico, mas como eu ando meio na correria e acabaram os meus posts-reserva (a lista de assuntos pra escrever tá grande, só falta a disposição pra sentar e escrevê-los), vou fazer um bate-e-volta aqui rapidinho:

- Essa semana e a próxima são semanas de férias para os estudantes aqui da Irlanda, afinal de contas, a Páscoa tá logo aí. Isso significa que a É., uma das meninas que eu cuido, não vai pra escola por essas duas intermináveis semanas. Só o primeiro dia já me deixou acabada, pois foi um tal de leva-aqui-leva-ali... Mas só levar elas no parque e tudo não é cansativo; o cansativo é ela não saber brincar sozinha e ficar me chamando O TEMPO TODO. Desculpa, mas que saco! Não consigo ir fazer um xixi que a menina vai atrás de mim perguntar o quê tô fazendo. Coragem pro resto da semana...


Os melhores cafés em Dublin

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Ahhhh, eu adoro comer! Mas isso eu já falei diversas vezes aqui no blog, tipo aqui ou aqui. Fiz até uma lista dos restaurantes que frequentei no meu primeiro ano de Irlanda.

Agora resolvi deixar registrado também os cafés dessa cidade por onde passei. Não que eu seja a maior fã de café - aliás, não sou! Já viu brasileira que não bebe café?

Pois é, eu gosto de ir em cafés pela atmosfera, pelo chocolate quente, pela comida gostosinha. O primeiro café que fui aqui na Irlanda foi o Costa - é uma rede grande no estilo Starbucks - você pede a bebida no balcão, paga e senta. O chocolate quente grande deles leva o conceito de grande ao pé da letra: a caneca é tão grandona que tem dois "handles" pra segurar com as duas mãos. É uma delícia!

E já que falei do Starbucks, vale fazer uma menção: não tem nada de muito especial, né? É igual ao do Brasil, nenhuma bebida particularmente maravilhosa mas também não é ruim.

De redes grandes também fui no Insomnia, que tem um chocolate quente muito gostoso e diferente de todos os que já tomei na vida - eles colocam chocolate derretido na bebida, então fica muito doce e muito bom. Também gosto muito do apple crumble, é crocantinho e delicioso.

O lado feio de Dublin

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Dublin, assim como qualquer outro lugar no mundo, não é perfeita. Disso eu sempre soube e pude comprovar aos poucos no meu primeiro ano morando aqui: apesar de agitada, limpa, literária, musical e rica culturalmente, Dublin tem áreas meio barra-pesada, muita gente folgada, transporte caro e não totalmente eficiente e muitos pedintes no centro.

Mas isso é só a ponta do iceberg - o motivo de tantos pedintes e de tanta gente sendo sustentada pelo governo que só vive de badernagem (os tais do knackers) existir vem láááá de trás. A cidade sempre teve pobreza (lembra nesse post que comentei que quando a rainha da Inglaterra veio pra cá e se hospedou no Dublin Castle mandaram construir muros pra esconder as favelas que podiam ser vistas do castelo?): foi a potato famine que matou milhões e deixou outros passando fome ou obrigando-os ir pra outros países a procura de uma vida melhor; foram famílias vivendo amontoadas em casas sem saneamento no começo do século XX... Dublin, apesar de não ter sofrido com os problemas que as Grandes Guerras trouxeram pra Europa de uma forma geral, também lidou com diversos tipos de adversidade ao longo de sua história.

Vergonha e orgulho

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Pode parecer bobagem, mas quando algum não-intercambista aqui pergunta com o quê eu trabalho, fico envergonhada de dizer que sou babá.

Nunca ninguém me distratou ou fez algum comentário que diminuísse esse fato, pelo contrário; sempre demonstram interesse e perguntam. Mas a verdade é que no fundo, no fundo, uma parte de mim se sente um pouco com vergonha de dizer se sou babá sim. Besteira, né? É um trabalho como qualquer outro. Um trabalho, aliás, que me permitiu viajar pra um monte de lugares na Irlanda e na Europa toda, que me permite pagar o aluguel, as contas, que dá conta da minha alimentação e de todos os meus passeios. Ora, no Brasil eu não conseguiria fazer nada disso com o meu salário de professora. 


Sempre sem dinheiro, mas pelo menos aqui, viajando.

Sehr interessant und lustig

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O povo adora falar que alemão é difícil, que isso é que aquilo, mas nunca ouvi ninguém focando nas coisas legais do idioma. Tipo, tudo na vida tem um lado bom e ruim, né? Eu sei que alemão é uma língua difícil pra caralho que pode apresentar dificuldades para quem se propõe a aprendê-la, mas eu vou vendo tudo de forma positiva. 

A começar por uma coisa não relacionada à língua em si, mas à atitude: eu não preciso aprender alemão. Não estou fazendo aula porque precisarei falar o idioma no emprego, não estudo porque vou precisar morar na Alemanha, nada disso. Estudo porque eu achei que seria legal e acrescentaria pro meu currículo pessoal. Só esse primeiro passo já tira um puta peso e pressão de mim. Eu lembro de alunos que claramente sofriam com pressões internas e externas de ter que aprender inglês o mais rápido possível ("teacher, em quanto tempo você acha que dá pra ser fluente?"). Isso acaba dificultando muito o aprendizado. 

Mas quem agüenta?

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Já fiz várias declarações de amor a Dublin e à Irlanda, mas ó, tem dia que é foda.

Mas vamos do começo: a primavera já chegou (e claro, escreverei com detalhes e postarei fotos). As árvores estão cada vez mais verdinhas, tá tudo florido e lindo e as temperaturas, subindo. Nas duas, três últimas semanas, já cheguei a ficar só de camiseta à tarde no parque alguns dias, sabe? Vai entardecendo e o friozinho bate, sim, mas de boa.

Ontem foi um dia excepcional. Tava 15 graus e fez muito calor! Fiquei de manga curta a tarde toda e só coloquei a blusa, que tava guardada há horas na bolsa, no final do dia ao voltar pra casa. Fiquei até desanimada pensando que esse ano seria quente de novo, mas Dublin e seu clima estão aí pra provar que não, que tudo pode mudar.

O blog

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Ter um blog é dos meus maiores orgulhos no sentido de projetos pessoais. Eu escrevo principalmente pra ter um registro mas fico feliz em saber que não somente amigos e familiares lêem o blog, como também desconhecidos que me acharam nesse mundão da internet. 

O mais legal é conhecer gente bacana através desse espaço (meus melhores amigos na Irlanda foram feitos por este e outros blogs) e poder compartilhar a minha experiência, seja ela boa ou ruim, por aqui. 

Até o momento foram 335 posts e quase 90 mil visualizações. Caramba! A média de visitas por dia é de 300 e pouco mas de uns tempos pra cá esse número aumentou bastante e já bateu quase 600 por dia. Aliás, outra coisa que achei esquisita/interessante foi o post sobre minha viagem de carro pela Irlanda, mais especificamente sobre o Blarney Castle, ter bombado de uma hora pra outra e entrado na lista dos mais lidos. 

Ter um blog é se surpreender com termos de busca do tipo "casas bonitas de gente famosa em sligo" ou "como ser prostituta em Dublin". Sim, bizarro é pouco!

E agora que renovei o visto na Irlanda fico pensando se ainda terei papo pra postar no ritmo quase diário que eu vinha fazendo desde que cheguei aqui. Ainda tenho alguns assuntos na lista "posts para escrever", mas eu queria jogar essa pergunta pra você leitor (anônimo ou não): que assunto você gostaria de ver aqui no blog? 

Assim eu mantenho o espírito de escritora e o blog vivos!

ps: Se essa não é a sua primeira vez aqui, deve ter reparado que o blog mudou. O banner quem fez foi a Mari Paint Art, indicação da minha amiga Jamile. O layout eu que modifiquei, com a ajuda do Pablo e do google. Ainda há algumas modificações que quero fazer, mas uma coisa de cada vez! :)

Chutei o balde e resolvi voltar a estudar italiano

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Um dia desses, não sei como, encontrei um site de um irlandês que se jogou no mundo e resolvi aprender diversos idiomas da maneira mais prática e um pouco auto-didata possível. Lembro que passei hooooras lendo os artigos dele no site (o cara escreve super bem) lendo a história dele com idiomas e as técnicas que ele usa pra aprender rápido. Ele cita em alguns posts vários sistemas que eu mesma utilizei quando estudava italiano sozinha: livros, sites, aplicativos, áudio-livros, etc.

Em termos de áudio-livros, gosto muito do Pimsleur mas ele é um pouco repetitivo e me cansa um pouco, pelo menos com o italiano, que é uma língua com sons muito fáceis de pronunciar - principalmente pra nós brasileiros. Acho que ele funciona mais pra quem tem dificuldade com pronúncia e memorização de frases prontas, tipo fazer pedido em restaurante, falar ao telefone, etc. 

Tem um outro método nesse estilo, que o Assimil,  um livro com diálogos em duas línguas - no caso o meu era em inglês e italiano. A ideia é que você aprenda a língua no contexto, como ela é realmente usada no dia-a-dia - há um cd com o áudio pra que você possa ouvir os diálogos e praticar. Acho um sistema bem legal, usei ele por um tempo, mas como o livro era meio pesadinho, não trouxe ele pra Irlanda. 


E o inglês, melhorou?

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Ninguém me fez a pergunta do título, mas esses dias conversando com o R., caímos nesse assunto. Depois de um ano morando fora, o meu inglês melhorou?

Não queria entrar no mérito do "morar fora". É que eu sempre fui do time (e prova viva) de que o tal do "morar fora" pode não fazer diferença nenhuma no inglês. Quantas pessoas eu conheci que moraram fora e voltaram com um bom nível de inglês? Poucas. Com quantos professores trabalhei cujo inglês era melhor do que o daqueles que nunca o haviam feito? Pouquíssimos. O fato é que eu tenho várias ideias sobre o assunto, mas o foco do post não é esse, porque eu ainda quero escrever, em detalhes, sobre a relação do morar fora com o inglês. 

O fato é que eu sempre tive esse crédito, essa carta na manga que fazia alunos ficarem curiosos- "teacher, você já morou fora"? E a resposta era negativa, e a surpresa era grande. Até brinquei com um amigo da Cultura que depois de vir pra Irlanda, toda vez que alguém perguntasse ou comentasse do meu inglês, ia dizer que eu era fluente porque morei aqui, o que não é verdade, já que eu falo inglês há muitos anos e nunca tinha saído do Brasil.

Eu fiquei

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Eu fiquei. 

Fiquei porque não era a hora de voltar, porque não estou preparada pra voltar pra São Paulo. Porque eu gosto de ir de bicicleta pro trabalho em segurança, mesmo quando chove. Porque pagar as minhas contas, fazer as minhas compras no supermercado e lavar as minhas roupas da mó sensação de ser mesmo adulta. Porque é possível chegar no cinema 5 minutos antes do filme começar, sem se preocupar em comprar ingresso pela internet e ficar horas na fila quando o assento não é marcado. Fiquei porque apesar de sentir falta da sala de aula, esse tempo longe dela vai me fazer bem. Porque a experiência como babá tem sido, porque não, muito enriquecedora. Porque com o meu pequeno salário já conheci mais países do que os dedos de uma mão podem contar. Porque a minha lista é grande e ainda há muitos lugares que eu gostaria de conhecer - Holanda, Espanha, Portugal, Suíça, Polônia, Noruega, Inglaterra... Porque a Irlanda ainda tem muitas belezas e coisas boas pra me mostrar. Porque eu gosto do chá com leite, da banoffe pie, do scone e do feijão enlatado. Porque aqui eu consigo saciar os meus desejos Becky Bloom e usar cosmético de marca gringa famosa sem precisar parcelar em mil vezes no cartão. Porque aqui não se parcela nada no cartão e isso é libertador. Porque eu posso pagar 1 euro numa camisetinha na Penneys. Porque eu posso observar a mudança das estações do ano, que aqui são visíveis e bem marcadas. Porque a luz do dia tem durado cada vez mais e logo logo ainda estará claro às 10 da noite. Porque aqui eu não passo calor usando cachecol. Porque eu posso usar meia calça todo dia. Porque eu quero estudar mais, prestar algum certificado de proficiência, fazer algum curso na minha área. Porque um curso de línguas aqui é mais barato do que no Brasil e eu aproveito pra estudar alemão. Porque aqui eu escuto português, espanhol, alemão e polonês quase sempre nas ruas do centro. Ah, escuto inglês também! Porque aqui a polícia não tem armas. Porque não tenho medo de ser assaltada, mas no máximo de algum adolescente folgado falar alguma coisa ou gritar no meu ouvido. Porque eu quero mais do intercâmbio, mais da Irlanda, mais de Dublin. Fiquei por ele também, mas acima de tudo, fiquei por mim. Por mim e pelos meus sonhos e planos, pela minha curiosidade insaciável. 

Por isso e por muito mais, eu fiquei. 
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