O apocalipse zumbi

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Uns dias antes do Natal acompanhei o R. na tradicional festa de fim de ano da empresa para qual ele trabalha. Foi minha segunda vez numa festa dessas e apesar deu não ser muito chegada no glamour de jantares regados à vinhos e tudo mais, é sempre uma ocasião divertida onde posso conversar com quem passa tanto tempo com o R. no trabalho e conhecê-los melhor.

Pois bem. A festa acabou lá pras 2 da manhã, quando o bar parou de servir bebidas e pegamos nossos casacos. Partimos pra rua, onde o plano era relativamente simples: pegar um táxi de volta pra casa.

Eu estava sóbria e R. tinha bebido um pouco, mas tudo sob controle, nada anormal.

Como o hotel onde a festa havia acontecido era numa rua meio vazia, andamos sentido Stephen's Green pra pegar um táxi. Eu não estava de salto, mas o sapato que eu usava na ocasião estava machucando meu pé, já que o único tipo de calçado que agrada meus pés é o bom e velho tênis.

Andamos por uns 15 minutos e nenhum táxi disponível. Claro: às 2 e pouco da manhã tá todo mundo saindo dos pubs e táxis são a coisa mais valiosa e procurada do momento.

R. teve a ideia de andarmos sentido Rathmines, de onde os táxis estão vindo pro centro pra pegá-lo antes dele chegar na Camdem Street, onde há inúmeros pubs, uma região agitada mesmo. E a visão ao chegarmos por lá era caótica: me senti num episódio do The Walking Dead.


taxi em dublin


Pessoas caindo, pessoas brigando, pessoas tacando garrafas umas nas outras, pessoas vomitando, pessoas fazendo xixi nos cantos, pessoas se atirando na frente dos carros e táxis que passavam.

Sério. Se a visão de um apocalipse zumbi existe, foi a visão que tive naquela noite.

Obviamente nem sempre é assim: era uma noite próxima ao Natal e as pessoas costumam celebrar com amigos e colegas de trabalho - é uma época extremamente agitada pra sair à noite.

Eu já estava frustrada de não conseguir pegar táxi e o R. frustrado de me ver frustrada.

Andamos mais um pouco e acabamos chegando sabe onde? em Rathmines. Os táxis simplesmente não paravam - ou porque já tinham passageiros ou porque não paravam mesmo. E veja bem: não é que não há táxis disponíveis: os mesmos simplesmente não páram. Acredito que a maioria já tenha uma corrida agendada ou marcada, porque não é possível!

Andamos muito e eu já não aguentava mais. O pior é que quando víamos um táxi livre vindo, um grupo de pessoas se atirava na frente pra fazê-lo parar. É um negócio absurdo!

Depois de uma hora na rua, R. conseguiu parar um táxi. A princípio, ele não queria trazer a gente pro Dundrum, mas trouxe.

E trouxe de um jeito que honestamente, me fez pensar que aquela noite poderia terminar muito muito mal: se o limite de velocidade nas ruas é de 50km por hora, o taxista certamente fez questão de ultrapassá-lo, dirigindo alguns trechos a 70, 80km por hora. NA CIDADE, GENTE.

Pra completar, ele ouvia uns reggaes meio doidos no último volume. Eu tava tão cansada que não tive coragem de pedir pra ele abaixar o som. Que noite...

Em poucos minutos estávamos em casa - afinal de contas, dirigindo a 80km por hora você realmente percorre a distância de maneira deveras veloz.

E se essa história toda tá parecendo um episódio de terror, ela pelo menos teve uma lição de moral ao fim (pelo menos pra Bárbara): dirigir é uma prioridade e será meu next big project. Não dá pra viver em Dublin sem dirigir, e já que eu não bebo mesmo, espere uma Bárbara motorizada nos próximos (talvez ainda longínquos) capítulos dessa história.
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