Esse é o último post da série "Opiniões de um irlandês sobre o Brasil" e eu queria muito deixar registrado o quão feliz fiquei com a participação do R. aqui no blog. Muita gente veio elogiar por mensagens através do facebook e pelos comentários aqui e eu mostrei tudo pra ele, que ficou muito contente também. R., muito obrigada!!! :)
O assunto que deixei pro final é das barreiras linguísticas. Eu não queria deixar de dar o meu pitaco, pois é um assunto que muito me interessa e intriga. Vamos lá!
Language barrier
I don’t speak Portuguese. While I do have some comprehension from my time with Bárbara, my vocabulary is extremely limited. While I know the most important words “gatinha, lindinha, bonita” these aren’t much help when you need to ask the front desk of a hotel how to make a call from your room. I was surprised that the staff at the hotel I had chosen had little to no English – that was the case with at least the night time staff. I’ve been spoiled by travelling in Europe where staff are multilingual almost everywhere.
Este é o terceiro de quatro posts com as impressões do R. sobre o Brasil. Resolvi seguir uma lógica meio não-linear e deixei um último assunto para o final (a barreira linguística) - é um tópico que me interessa e que quero desenvolver melhor.
Bom, no primeiro post nós lemos a introdução e as opiniões do R. sobre a comida e o povo brasileiro. No segundo, sobre o transporte, segurança e paisagem e arquitetura. Neste terceiro, riqueza e pobreza, SP X Rio e outras observações gerais. Bóra!
Wealth and poverty
Like every country in the world, there is a gap between the rich and poor in Brazil. I don’t think I can quantify the gap, but I can say that the amount of homeless people in São Paulo caught me by surprise. I don’t know how much bigger of a problem homelessness is in Brazil compared with Ireland, but it certainly seemed a lot bigger. However that could just be a consequence of the size of the city – it’s much bigger than Dublin and logically there will be many more homeless people. Furthermore, the stories from Bárbara and her friends about the wealthy students they teach were hard to believe. I think the middle class in Brazil is quite large, as it is in Ireland, but middle class in Brazil appears much more challenging than Ireland – in São Paulo at least.
Bom, no primeiro post nós lemos a introdução e as opiniões do R. sobre a comida e o povo brasileiro. No segundo, sobre o transporte, segurança e paisagem e arquitetura. Neste terceiro, riqueza e pobreza, SP X Rio e outras observações gerais. Bóra!
Wealth and poverty
Like every country in the world, there is a gap between the rich and poor in Brazil. I don’t think I can quantify the gap, but I can say that the amount of homeless people in São Paulo caught me by surprise. I don’t know how much bigger of a problem homelessness is in Brazil compared with Ireland, but it certainly seemed a lot bigger. However that could just be a consequence of the size of the city – it’s much bigger than Dublin and logically there will be many more homeless people. Furthermore, the stories from Bárbara and her friends about the wealthy students they teach were hard to believe. I think the middle class in Brazil is quite large, as it is in Ireland, but middle class in Brazil appears much more challenging than Ireland – in São Paulo at least.
Ontem eu postei a primeira parte das impressões do R. sobre o Brasil. Hoje eu publico a segunda, que fala sobre transporte, segurança e paisagens. Resolvi adicionar também umas observações minhas ao final. E lembrando, primeiro o texto original em inglês e lá em baixo minha tradução beeeem livre - hahaha.
Transportation
Buses in Brazil are nothing like buses in Ireland – they have more in common with rollercoasters – that is when they’re not stranded in traffic. While Bárbara had warned me about very long journey times, I was not prepared for the action-packed adventure of boarding a crowded bus in São Paulo.
The buses are old, driven very aggressively and the roads are hilly and bumpy. The result of this combination? They have virtually no suspension! I nearly fell so many times while trying to reach a safe place to stand after boarding, because the buses bounce around and the driver’s swerve so quickly. One day there was a particularly aggressive driver who was shouting at other road users and driving so dangerously I was amazed that we didn’t crash. I think he was just having a very bad day.
Transportation
Buses in Brazil are nothing like buses in Ireland – they have more in common with rollercoasters – that is when they’re not stranded in traffic. While Bárbara had warned me about very long journey times, I was not prepared for the action-packed adventure of boarding a crowded bus in São Paulo.
The buses are old, driven very aggressively and the roads are hilly and bumpy. The result of this combination? They have virtually no suspension! I nearly fell so many times while trying to reach a safe place to stand after boarding, because the buses bounce around and the driver’s swerve so quickly. One day there was a particularly aggressive driver who was shouting at other road users and driving so dangerously I was amazed that we didn’t crash. I think he was just having a very bad day.
Como comentei por aqui, eu queria muito que o R. desse as opiniões dele sobre o Brasil aqui no blog. A princípio não achei que ele fosse querer, já que ele não gosta de redes sociais, de se expor na internet e tal, mas não é que ele gostou da ideia? Confesso que tô até com medo das pessoas pedirem pra ele ser o escritor oficial do Barbaridades, já que ele escreve muito muito bem! :)
Vou dividir o texto em algumas partes e vou sempre colocar o texto dele em inglês primeiro, seguido da minha tradução livre, assim, quem lê em inglês pode ter o gostinho da "obra original". Os posts não serão muito grandes porque levo muito tempo traduzindo tudo, então de pouquinho em pouquinho a gente vai postando.
Vamos lá! O que será que o meu irlandês achou do meu Brasil? Parte 1.
Vou dividir o texto em algumas partes e vou sempre colocar o texto dele em inglês primeiro, seguido da minha tradução livre, assim, quem lê em inglês pode ter o gostinho da "obra original". Os posts não serão muito grandes porque levo muito tempo traduzindo tudo, então de pouquinho em pouquinho a gente vai postando.
Vamos lá! O que será que o meu irlandês achou do meu Brasil? Parte 1.
Nós dois em Copacabana <3 |
Esses dias eu tava pensando no quanto eu aprendi sobre o vocabulário britânico/irlandês nesse tempo morando na Irlanda. Apesar de ter estudado numa escola que utiliza material didático britânico, sempre houve variedade de sotaques/estilos por parte dos professores - e pra ajudar, eu sempre assisti muitos seriados e filmes americanos, o que contribuiu para a expansão do meu "inglês americano". Então ao invés de dizer "lorry", eu digo "truck" (caminhão), mas é tudo a mesma coisa, não importa.
Só que esses dias eu tava pensando que a particularidade do vocabulário irlandês merecia um espaço aqui no blog. Afinal de contas, a professora em mim não me dá descanso!
Só que esses dias eu tava pensando que a particularidade do vocabulário irlandês merecia um espaço aqui no blog. Afinal de contas, a professora em mim não me dá descanso!
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E essa palavra maravilhosa? |
Não sei se você sabia, mas criança aqui na Irlanda NÃO toma banho todo dia. Não precisa, né, gente? Pois é. Para nós, brasileiros, vindos de um país onde você toma fácil 2 ou 3 banhos no calor, se deparar com esse fato na Irlanda é um certo choque cultural. Pra mim, não tem desculpa. Não diga que é o frio, porque aqui tem aquecedor e água quente. Não diga que a pele é sensível, porque isso não existe. Criança pula, brinca, se suja, tem que tomar banho. Sem contar outros cantos do corpo - só um lencinho umedecido ao trocar a fralda não é sabão...
Bom, aí ao voltar das férias do Brasil percebi que o cabelo da C. (agora com 2 anos e 1 mês) tava bem oleoso. A mãe até comentou comigo que achava que a menina tava passando a mão suja no cabelo, mas pra mim, esse não é o único motivo. O verão chegou e a mãe delas continua vestindo-as com manga longa - elas suam, passam calor também, porra! Lógico que o cabelo da menina vai ficar oleoso.
A chefe emendou esse papo dizendo que tava sem tempo aquele resto de semana pra dar um banho na menina (acho que elas tomam banho 1 vez por semana apenas) e eu me ofereci pra dar banho nelas no período em que estou lá. Ela agradeceu e disse que seria ótimo se eu pudesse banhar a menina no dia seguinte, pois elas estariam fora de casa no fim de semana.
Bom, aí ao voltar das férias do Brasil percebi que o cabelo da C. (agora com 2 anos e 1 mês) tava bem oleoso. A mãe até comentou comigo que achava que a menina tava passando a mão suja no cabelo, mas pra mim, esse não é o único motivo. O verão chegou e a mãe delas continua vestindo-as com manga longa - elas suam, passam calor também, porra! Lógico que o cabelo da menina vai ficar oleoso.
A chefe emendou esse papo dizendo que tava sem tempo aquele resto de semana pra dar um banho na menina (acho que elas tomam banho 1 vez por semana apenas) e eu me ofereci pra dar banho nelas no período em que estou lá. Ela agradeceu e disse que seria ótimo se eu pudesse banhar a menina no dia seguinte, pois elas estariam fora de casa no fim de semana.
Ahhhhhhhhh, esse é o último post sobre minha viagem ao Uruguai. Mas antes, um parênteses: eu esqueci comentar de um lugar onde paramos no 2º dia lá, a fonte dos cadeados em pleno centro da cidade!
Segundo o que encontrei no site da Jamile, o Viver Uruguai, "a fonte de pedra vulcânica foi importada do México e ficou sem utilidade durante um longo período. Os proprietários do Restaurante Facal - que fica em frente a fonte - decidiram utilizá-la e por uma questão de segurança colocaram essa grade de proteção em volta, logo começaram a aparecer os cadeados, a principio eles pensaram que eram de pessoas que deixavam as bicicletas presas aí e mandaram retirá-los. Com o tempo descobriram que eram os cadeados do amor em referência a tradição da Ponte Milvio em Roma".
Segundo o que encontrei no site da Jamile, o Viver Uruguai, "a fonte de pedra vulcânica foi importada do México e ficou sem utilidade durante um longo período. Os proprietários do Restaurante Facal - que fica em frente a fonte - decidiram utilizá-la e por uma questão de segurança colocaram essa grade de proteção em volta, logo começaram a aparecer os cadeados, a principio eles pensaram que eram de pessoas que deixavam as bicicletas presas aí e mandaram retirá-los. Com o tempo descobriram que eram os cadeados do amor em referência a tradição da Ponte Milvio em Roma".
E estamos quase no fim da série "Uns dias no Uruguai" - nosso 4º dia foi mais curto (já que nosso vôo era no fim da tarde), mas mesmo assim, deu pra aproveitar bem.
Eu queria visitar um museu que era meio afastado do centro, ficaria bem longinho de ir então resolvemos trocar. A Jamile é uma ótima guia e deu a ideia de conhecermos o Museu dos Andes, que ela mesma ainda não conhecia. O museu fala da história de um avião uruguaio que caiu na Cordilheira dos Andes (parte chilena) nos anos 70 e seus sobreviventes. A entrada é cara, tipo uns 20 reais, mas vale cada centavo.
Eu já tinha ouvido falar dessa história, mas visitar o museu foi um negócio muito, muuuito fascinante.
Eram 45 pessoas no vôo, incluindo uma equipe de rúgbi, seus amigos, familiares e associados que caiu na Cordilheira - mais de um quarto dos passageiros morreram no acidente e vários morreram nos dias seguintes por causa de ferimentos e do constante frio. Dos 29 que estavam vivos alguns dias após o acidente, oito foram mortos por uma avalanche que varreu o seu abrigo. Os últimos 16 sobreviventes foram resgatados mais de dois meses após o acidente. DOIS MESES.
Eu queria visitar um museu que era meio afastado do centro, ficaria bem longinho de ir então resolvemos trocar. A Jamile é uma ótima guia e deu a ideia de conhecermos o Museu dos Andes, que ela mesma ainda não conhecia. O museu fala da história de um avião uruguaio que caiu na Cordilheira dos Andes (parte chilena) nos anos 70 e seus sobreviventes. A entrada é cara, tipo uns 20 reais, mas vale cada centavo.
Eu já tinha ouvido falar dessa história, mas visitar o museu foi um negócio muito, muuuito fascinante.
Eram 45 pessoas no vôo, incluindo uma equipe de rúgbi, seus amigos, familiares e associados que caiu na Cordilheira - mais de um quarto dos passageiros morreram no acidente e vários morreram nos dias seguintes por causa de ferimentos e do constante frio. Dos 29 que estavam vivos alguns dias após o acidente, oito foram mortos por uma avalanche que varreu o seu abrigo. Os últimos 16 sobreviventes foram resgatados mais de dois meses após o acidente. DOIS MESES.
3º dia de Uruguai e o destino não era ficar na capital: pegamos uma carona com a Jamile e fomos em direção à Punta del Leste, destino super turístico e procurado por quase todo mundo pra vai pro Uruguai.
Tipo, eu já adianto que gostei de Punta, mas pensando bem, pensando com carinho, acho que teria sido mais a minha "cara" ir à Colônia do Sacramento, uma cidade fundada por portugueses que fica a uns 180km de Montevidéu. Só que Colônia fica de um lado e Punta do outro - não dá pra ir nos dois no mesmo dia! Escolhemos Punta (não me arrependo), mas acho que teria gostado mais de Colônia.
É que Punta é uma coisa mais badalação, mais ostentação, sabe? Eu sou simples, não sou de hotéis caros e cassinos. Mesmo assim, não teve como não se encantar com a beleza do local e das pequenas surpresas pelo caminho...
Tipo, eu já adianto que gostei de Punta, mas pensando bem, pensando com carinho, acho que teria sido mais a minha "cara" ir à Colônia do Sacramento, uma cidade fundada por portugueses que fica a uns 180km de Montevidéu. Só que Colônia fica de um lado e Punta do outro - não dá pra ir nos dois no mesmo dia! Escolhemos Punta (não me arrependo), mas acho que teria gostado mais de Colônia.
É que Punta é uma coisa mais badalação, mais ostentação, sabe? Eu sou simples, não sou de hotéis caros e cassinos. Mesmo assim, não teve como não se encantar com a beleza do local e das pequenas surpresas pelo caminho...
No segundo dia em Montevideo não acordamos muito cedo pois estávamos meio cansados do dia anterior. O plano era ir ao centro, conhecer uns prédios e também museus.
Acabei não comentando no outro post, mas Montevideo é uma cidade muuuuuuuuuito tranquila, parecia feriado todos os dias em que estivemos lá. Não me senti alvo de trombadinhas (como em Buenos Aires) e por ser uma cidade pequena, com aproximadamente 1.3 milhões, me senti à vontade, como em Dublin, que tem população parecida.
Pegamos um ônibus até o centro e fomos andando até o prédio da prefeitura, onde, no último andar, há um mirante de onde dá pra ver a cidade toda. Antes, deve-se passar num "quiosque" de turismo pra pegar o ingresso - que é de graça!
Tava fazendo um friozinho e um sol muito gostoso, o que contribuiu pra deixar Montevideo e seu outono ainda mais lindos - as árvores estavam marronzinhas, com folhas caindo, bem parecido com o que acontece aqui na Europa. Pelo menos em São Paulo eu não vejo essa mudança muito clara de estações! Acho que pelo fato de Uruguai estar mais ao sul, fica mais "fácil" de observar essa mudança.
Acabei não comentando no outro post, mas Montevideo é uma cidade muuuuuuuuuito tranquila, parecia feriado todos os dias em que estivemos lá. Não me senti alvo de trombadinhas (como em Buenos Aires) e por ser uma cidade pequena, com aproximadamente 1.3 milhões, me senti à vontade, como em Dublin, que tem população parecida.
Pegamos um ônibus até o centro e fomos andando até o prédio da prefeitura, onde, no último andar, há um mirante de onde dá pra ver a cidade toda. Antes, deve-se passar num "quiosque" de turismo pra pegar o ingresso - que é de graça!
Tava fazendo um friozinho e um sol muito gostoso, o que contribuiu pra deixar Montevideo e seu outono ainda mais lindos - as árvores estavam marronzinhas, com folhas caindo, bem parecido com o que acontece aqui na Europa. Pelo menos em São Paulo eu não vejo essa mudança muito clara de estações! Acho que pelo fato de Uruguai estar mais ao sul, fica mais "fácil" de observar essa mudança.