Lerê lerê

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Sempre trabalhei muito, desde os 16 anos. Lembro que ia pro cursinho de manhã, dava aula à tarde e ia pra escola à noite, além de dar aula aos sábados também. Depois comecei a faculdade e sempre tive os 3 turnos do dia preenchidos com estudos e/ou trabalho. 

No auge dos 25, eu fiz jornada tripla de trabalho pra poder juntar dinheiro pra vir pra cá. 

E quando cheguei, tive uma folguinha: ia pra escola de manhã, mas como ainda não havia arrumado emprego fixo, ficava muito de boa em casa ou fazendo passeios por Dublin. Praticamente férias!

Nos últimos dois meses a rotina apertou um pouco mais com o volume de aulas particulares

Mesmo assim, 6 meses fora de sala de aula fizeram diferença no meu preparo, ou melhor, falta de. 


Nossa língua portuguesa

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Muita gente menospreza o próprio idioma, né?

Quantas vezes cê não ouve alguém dizer "ai, o francês é lindo!", "queria falar inglês assim, é tão bonito" ou "italiano é maravilhoso" (ah sim, essa fui eu que disse)?

No entanto, poucas vezes ouvi alguém dizer "a língua portuguesa é bela".

R. acha que o português (de Portugal) parece russo aos seus ouvidos, hahaha.

Mas é sério, o português é a 5ª língua mais falada no mundo, depois do inglês, francês, árabe e espanhol - são 285 milhões de falantes em Portugal e suas ex-colônias espalhadas pelo mundo: Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, etc e etc.

Dar aula é mais fácil

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Gente! Gente...

O meu primeiro dia de trabalho oficial sozinha com as crianças foi ok. Cansativo e agitado, mas ok.

Cheguei às 09h. A mãe saiu pro trabalho e eu fiz o mingau (ou melhor, porridge) das meninas. Elas comeram e troquei a fralda da menor - só xixi! hahaha

A ideia era trocá-las pra irmos no parque, mas gente... haja paciência. A grandinha até se trocou rápido e colocou o sapato, mas a pequena abria o berreiro se eu chegasse perto pra colocar a blusa. Tentei não ser invasiva, mas depois de muitas tentativas e da E. já estar pronta e impaciente pedindo pra ir no parque, eu simplesmente agarrei a menina e enfiei a blusa nela. Ela chorou e tentou tirar, mas só por alguns segundos.

Mas sair com criança na rua é uma experiência muito assustadora.

(Des)empregada

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Pois é. Sabe aquele emprego que comentei aqui, aquele de childminder que era pertinho de casa, família fofa, que eu tava super feliz e confiante que ia dar certo?

Depois de 3 dias de trabalho, fui educadamente despedida.

Numa quinta de manhã, a mãe dos meninos me liga dizendo que apesar de terem gostado muito de mim, o fato deu não ter muita experiência com bebês acabava atrapalhando as coisas e que eles achavam melhor, para o bem dos meninos, ficar com alguém com mais experiência.

Meu mundo caiu.

Ela me ligou tipo umas 9h45 e eu tinha que dar uma aula às 10h. Depois de desligar o telefone, chorei por uns 3 minutos, lavei o rosto e fui dar aula. Guardei o choro pra depois.

Após a aula, chorei muito, muito tempo. Que sensação de derrota, de fracasso, de "o universo conspira contra mim". Eu não sabia de onde começar. Site de emprego de novo? Entregar CV de novo?

Abri o Roller Coaster e vi um anúncio de childminder que era pra começar na segunda-feira seguinte. Mandei mensagem, mas tava tão desanimada que não imaginei que em umas 4 horas, a mãe me ligaria perguntando se eu tinha como fazer uma entrevista naquele dia à noite.

Fui.

Fiquei uma hora e meia lá. Conversamos sobre as meninas - uma de 2 e meio e uma de 15 meses, rotina delas, alimentação, e basicamente isso. A mãe não perguntou muito de mim, mas disse que havia gostado do fato deu ter experiência com aula e ter um bom inglês, já que ela havia entrevistado outras brasileiras e ficou preocupada com o fato do inglês delas não ser tão bom - poderia haver dificuldade em entender as meninas e as meninas entenderem a babá também (palavras da mãe).

Como já era pra começar segunda, ela pediu pra ir lá no sábado ou domingo passar o dia com a família - e foi o que fiz no domingo. Cheguei cedo e fui embora no meio da tarde - ela me pagou pelas horas trabalhadas e já foi me dando cópia de chave e tudo. E assim, em menos de 24h eu perdi um emprego e arrumei outro!

Café-da-manhã e sobremesas

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Todo mundo fala do Irish Breakfast, café-da-manhã irlandês reforçado e tal. Pérai, café-da-manhã?! Bacon, linguiça, ovos... café-da-manhã?

Aí lembrei dos meus tios em Pernambuco que comem cuscus bem cedo, mas divago.

O R. fez o tal do Irish breakfast pra mim algumas vezes e confesso: eu adorei! É óleo, gordura, tudo que não é saudável, mas é gostoso. E sustenta bem, viu? Dá um belo de um almoço.



Os ingredientes podem variar, mas no geral tem o já mencionado bacon - que aqui eles chamam de rashers, já que são tirinhas do bacon, e não pedaços - ovos, linguiça de porco (o que eu menos gostei, porque tem mó gosto de gordura), black pudding, white pudding e torrada.

Black o quê?

Black pudding, em português, morcela (?). É tipo uma carne misturada com sangue, sei lá. Não parece bom, mas juro que é gostoso. White pudding é a mesma coisa, só que sem o sangue: uma mistura de carne de porco, gordura, e outras coisas que preferimos não saber. É bom, vai por mim! E olha que sou mó contra esse negócio de comer gordura e tal.

Aí um dia desses eu exibia (através de fotos) as maravilhas doces da culinária brasileira pro R.: pudim de leite condensado, brigadeiro, beijinho, pavê, etc. Mas ele contra-atacou mencionando um tal de custard, que parece um mingau amarelinho. Ele pode ser comido individualmente ou no meio de outras sobremesas, como o triffle (que também provei e gostei!). R. misturou um pó próprio para o preparo, açúcar e leite. Confesso que eu não tava dando muito pelo tal do custard não, mas não é que o bichinho é bom? Tem que comer quente!

Mas a melhor sobremesa que comi aqui não foi triffle, nem custard, nem coisa nenhuma.

Foi a banoffee pie.

O negócio é tão bom, mas tão bom, que "bom" é pouco pra descrever a gostosura desse doce.



E depois de Irish breakfast, custard, banoffee pie... haja exercício pra queimar essas calorias! hahaha

Blogs amigos

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Quando a pulginha do intercâmbio começou a coçar, o google foi meu melhor amigo: li sites e sites e blogs e blogs sobre intercâmbio - muitos desatualizados, muitos mal escritos, mas que de alguma forma, me ajudaram na preparação.

Mas claro, sempre tive meus preferidos e vez ou outra comento deles aqui. Dessa vez, com mais detalhes:

Um Fabuloso Destino




Ainda em São Paulo eu acompanhava os preparativos da Bia pra vir pra Irlanda. Nunca comentei, ficava na minha, e só começamos a ter contato depois dela ter chegado na terra dos leprechauns. De leitora virei amiga, mas agora ela me abandonou e voltou pra Sampa!

O blog da Bia é super bem escrito e além dela escrever bem, dá informações e conta curiosidades de suas viagens e da vida na Irlanda. Bia, não pára de escrever não!

Livin' la vida Rick




Não lembro como encontrei o blog do Rick... mas lembro que ele tava nos últimos meses no Brasil, quase pronto pra vir pra cá. Eu gostei de cara de como ele escrevia e do bom-humor nos posts. Comecei a comentar no blog dele, nos adicionamos no facebook e nos tornamos amigos. Agora o Rick mora em Sligo e dá várias dicas da cidade, então o blog dele acaba sendo um grande diferencial no meio dos blogs sobre intercâmbio na Irlanda.

Vida na Irlanda



O Vida na Irlanda é tipo... o melhor site sobre intercâmbio e vida aqui. A Tarsila mora na Irlanda há muito tempo e tem muitas dicas boas - tanto dicas específicas sobre imigração e escolas como lojas legais pra visitar, passeios pra fazer... Tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente e nos vimos outras vezes e ela foi sempre muito gentil e fofa - além de ser ilustradora de mão cheia!

Viajar é Preciso




Só descobri o "Viajar" há alguns meses. Lembro que gostei dele de cara pois os textos eram bem escritos e a Jamile tem uma visão diferente, pois ela já morou em outro país além do Brasil e traz essa experiência nos relatos dela. Nos conhecemos pessoalmente no evento do Riverdancing aqui e ela é simpática, legal e linda como nas fotos!

Um Tôca na Irlanda





Também só fui descobrir esse blog quando já estava na Irlanda. O Thiago tem uma marca registrada: seus posts são divididos em capítulos, sempre com um título bacana e uma citação relacionada ao texto. Eu o conheci pessoalmente sem querer, andando pela O'Connell. Foi coisa de filme, tipo "oi.... é você??!!" - hahaha. Ficamos um tempão batendo papo na rua, mó barato!
O Thiago aliás que me inspirou a fazer esse post, já que ele fez propaganda do Barbaridades (e de outros blogs) recentemente.

Sábado no zoológico

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Fazia um tempinho que eu queria ir no zoológico de Dublin, mas nunca "dava". Sabe quando você fica adiando, adiando, adiando, e não tira a bunda da cadeira pra resolver? Pois é.

Queria ter ido no final de semana passado, mas eu e R. estávamos com muita preguiça e deixamos pra lá, mas do último sábado não passou.

Parecia que ia chover, mas na verdade o dia foi bem quente com alguns ventinhos fortes ao longo do dia.

O zoológico de Dublin fica no Phoenix Park - a entrada pra estudante é 12 euros e a de adulto, 16. Meio salgadinho, mas se você pensar que é um passeio que dura o dia todo, vale a pena.

Logo na entrada uma funcionária simpática tirou uma foto nossa com o lago de fundo - na saída seria possível ver a foto exposta e comprá-la se quiséssemos, coisa que não fizemos (mas a foto ficou bonita).

Tô ficando boa nesse negócio de entrevista

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Minha segunda entrevista pra ser childminder foi muito, muito mais sossegada do que a primeira.

Foi assim: vi o anúncio no Roller Coaster (assim como na primeira entrevista!), que tinha o telefone da mãe. Liguei à noite e ela não atendeu. Aí liguei no dia seguinte no horário de almoço, e ela atendeu com a maior simpatia do mundo. Ficamos no telefone uns 10 minutos e ela me explicou que precisaria de alguém pra 3 dias part-time e 2 full-time. Três meninos (de 2, 4 e 6 anos) e o salário era bem ok. Fiquei interessada, principalmente porque a localização era muito interessante, perto da minha casa, distância que dá pra ir até a pé.

Ela disse que conversaria com o marido e que me mandaria mensagem pra confirmar uma entrevista.

Mais tarde recebo a mensagem me chamando pra uma entrevista no dia seguinte.

Eles me receberam com muita alegria e informalidade. Os meninos jogavam video-game na sala e o pequeno tava andando pela cozinha e em cima da mesa.

150 dias, 21 semanas, 5 meses

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Ah não. 5 meses não! Já? Como assim? Cadê o 4º mês? E o 3º? E o 2º, e o 1º?!

Confesso: fiquei bem chateada há alguns dias porque estava perto de completar 5 meses de Irlanda com poucos euros na conta, nenhum emprego e irritada com esse calor.

Eu, na minha fase pré-intercâmbio, achava que com 5 meses já estaria trabalhando há meses - que teria juntado dinheiro pra viajar e que já teria começado a desbravar o mundo. Não foi bem assim.

Em 5 meses eu conheci muita coisa de Dublin e muita coisa da Irlanda. Se tivesse que voltar agora, voltaria feliz, mas um pouco frustrada.

Massssss, a frustração deu lugar à esperança quando fui aceita no meu emprego.

Museu de Cera - Agosto de 2013 (vou usar essa foto no Natal!)

Por tópicos, seguindo a tradição:

Sobre a língua irlandesa (ou gaélica, como preferir)

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Aqui na Irlanda existem dois idiomas oficiais: o inglês e o gaélico (chamado também de irlandês).

O Irlandês é língua indo-européia considerada uma das línguas oficiais da União Européia.

Pra resumir: as pessoas falavam irlandês. Os ingleses chegaram botando banca, mandaram o irlandês à puta que pariu proibiam o uso de irlandês e lá pelo século 17 a influência do inglês foi aumentando. Mas o que causou a brusca queda do irlandês aqui foi a Grande Fome no século 19, quando a Irlanda perdeu em torno de 25% de sua população por causa de mortes ou emigração - mais ou menos duas milhões de pessoas a menos em território irlandês.

No senso de 2006, 80 mil pessoas disseram usar o irlandês no dia-a-dia. Em 2001, mais de 90 mil pessoas disseram usar o irlandês em seu cotidiano, então os números tem aumentado!

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