Quando batemos o martelo que iríamos de fato pro Omã, não encontrei muitas informações sobre passear por lá em português. E pra ser sincera, encontrei poucos em inglês também - ainda mais com a especificidade de encontrar passeios possíveis pra fazer com bebê a tiracolo.
Mas lendo um blog aqui, um site ali, olhando no próprio Google maps, conseguimos montar um roteiro que nos permitia fazer pelo menos uma unidade de passeio no dia, e o que viesse a mais seria lucro, hahaha. No fim conseguimos visitar bastante coisa, inclusive mais de uma por dia! A ideia foi tentar focar em lugares que ficariam a no máximo 2 horas de distância do hotel pra que não precisássemos nos deslocar muito com a pequena P.
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Nossa lista no google maps tá aqui |
Não vou fazer esse post estilo diário de bordo como costumo fazer porque... bem, estou escrevendo esse post meses após a viagem. E mesmo tendo as referências no mapa, e principalmente, os destaques que salvei no instagram, eu não lembro de tudo nos detalhes. Mas eu acho que feito é melhor que perfeito, então vou resumir os passeios que fizemos abaixo:
Nakhal Fort
Um forte inicialmente construído para proteção da área local que tinha oasis e rotas de comércio, ele passa diretamente pela cidade de Nizwa. Nos anos 90 passou por uma reforma e o (na época) Principe Charles o visitou em 2003! A gente sabia que ia ter escadaria, mas ao mesmo tempo, é aquele tipo de passeio bem livre: você vai subindo no seu ritmo e para nos cantos estratégicos pra tirar fotos no seu tempo, o que é ótimo pra quem tá com criança pequena. Apesar do sol quente, tinha uma brisa muito boa por ali e muitos degraus onde pudemos nos abrigar na sombra, alimentar a P, dar uma descansada. Ela comeu, ficou semi-pelada, pulou nos tapetes alheios e conquistou a simpatia dos recepcionistas.
Se você já teve fralda trocada em vários lugares do mundo, você é privilegiada sim! |
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Desconfiada do moço da recepção |
Ali na região paramos num café pra comer alguma coisa e provei um sanduíche de cream cheese com batatinha (e os irlandeses achando que inventaram essa moda, hahaha) e um pudim de leite com açafrão. Também fizemos uma rápida parada nas águas de al Thowarah, que nada mais é do que um pequeno vale (wadi). Como era um fim de semana havia muitas famílias aproveitando a vibe e até entrando na água, mas só tiramos umas fotos e fomos embora porque não tinha muito o que fazer com uma neném de 9 meses por ali.
Corniche
A corniche na verdade é a região da beira-mar que atravessa a capital Mascate. Fomos ali mais de uma vez durante a viagem e acho que é inevitável porque é o point da cidade: além do souk, há outras muitas lojinhas e restaurantes por ali - tanto mais ocidentalizados como locais.
Já tivemos a oportunidade de visitar souks em países muçulmanos e é sempre uma experiência intensa porque eles vem com sangue nos olhos querendo vender as coisas. No entanto, sentimos que a vibe no Omã foi bem mais tranquila - o que não posso afirmar se pelo fato de estarmos com uma neném no carrinho ou não. Já com uma certa bagagem nesse tipo de lugar, conseguimos não só passear como comprar temperos e um enfeite pra nossa árvore de natal!
Acabamos jantando num restaurante indiano e foi ótimo: ficamos numa sala fechada, exclusiva pra nós, e sentamos no tapete no chão mesmo. Sei que a trupe dos ultra preocupados com higiene pira, mas eu acho que é tudo válido, de verdade. E como na época a P ainda não engatinhava, não teve nenhum perigo dela derrubar nada! Ainda deu tempo de passar numa sorveteria e comer um sorvetinho de amêndoa com açafrão, sabe?!
Wadi Shab
Um dos pontos turísticos mais visitados do país, esse vale é uma coisa maravilhosa! Eu não tinha conseguido encontrar informações em detalhes sobre levar criança ou não, então foi um risco, mas deu certo! Esse wadi é perto do mar, o que significa que toda a paisagem ao redor foi influenciada pelas águas que descem das montanhas e se encontram com o mesmo. As paredonas, a vegetação, tudo ali é muito diferente de outros vales ou wadis na região.
Ao chegar é necessário comprar o ingresso pra cruzar de barco - não lembro o valor, mas é bem baratinho. A travessia em si dura uns 5 minutos ou menos, e ao chegar lá, você vai caminhando, caminhando... a gente andou por quase 1 hora pra ver mais pontos realmente lindos, e acredito que daria pra ter continuado (parece que tem até mesmo cachoeira no final), mas infelizmente carregando neném no canguru fica bem mais difícil. Com o solo irregular, passando até por algumas "caverninhas", não quisemos arriscar tanto. Mesmo assim, foi maravilhoso fazer esse passeio e ver tanta coisa linda, receber olhares curiosos de outros turistas ("quem são os loucos com neném aqui?!") e em alguns momentos termos toda aquela imensidão omani só pra nós.
A melhor coisa foi nos programarmos pra chegar lá no meio da tarde. Então quando de fato começamos a caminhada, já eram 3 da tarde e o sol começava a perder força. Além disso, parte do trajeto fica encoberta pelos cânions, e na volta foi praticamente só sombra e ventinho fresco! P se comportou lindamente, não reclamou nem chorou, só pensando "o que é que eu tô fazendo aqui?!" hahaha.
Bimmah Sinkhole
Ali perto também fomos na dolina Bimmah, que nada mais é do que uma depressão geológica formada por um colapso da superfície e pela dissolução do calcário na região. No entanto, as pessoas locais acreditavam que aquele buraco tinha sido formado por um meteorito, o que explica o nome em árabe Hawiyyat Najm (o poço profundo da estrela cadente). Ao redor dessa dolina construíram um parque lindo, e mesmo no fim do dia estava super agradável e gostoso passear um pouco por ali.
National Museum of Oman
O museu nacional é muito lindo - por fora e por dentro. Além disso, é daquelas pausas importantes num lugar quente por causa do ar-condicionado. Maaaas preciso confessar que infelizmente não rolou de realmente aproveitar o museu. Isso porque embora tenhamos dado a comidinha da P, e inclusive deu ter amamentado ela lá (aliás, levei uma bronca educada por estar amamentando em público e fui convidada a ir até a baby room pra fazê-lo), ela simplesmente não tava a fim de museu, e não conseguimos ler nem ver nada direito. Mas tudo bem!
Al Alam Palace
Não sei se é possível visitá-lo por dentro, mas acredito que não. De toda forma, ele segue na mesma avenida do museu e apesar da cidade não ser muito amigável pro pedestre, esse trechinho é super agradável pra caminhar tranquilamente. Tiramos umas fotos por ali mas não encontrei muitas informações sobre o palácio em si.
Qurum Beach
Eu queria muito levar a P pra conhecer a praia pela primeira vez. Ela ficava super próxima do nosso hotel e as estrelas se alinharam pra gente conseguir visitar no fim do dia, no pôr-do-sol. A descida até ela não foi tão simples porque não vimos um acesso com escada, mas apesar desse pequeno perrenguinho, conseguimos sentar na área, colocar a P pra sentir a água do mar e observar um pouco as pessoas descansando no fim do dia.
Mesquita Sultan Qaboos
E o gran finale é dela: a mesquita Sultan Qaboos. Tem que ficar atento porque o horário de visita é somente pela manhã, e às sextas só entram muçulmanos. Então embora seja um ponto considerado turístico, ainda é majoritariamente uma mesquita mesmo. Em 1993 foi feita uma competição para escolherem o melhor design a ser construído, e em pouco mais de 6 anos ela tava prontíssima. É a maior mesquita omani e definitivamente o local onde vimos mais turistas. A entrada é gratuita (inclusive com muito estacionamento disponível), mas é essencial estar bem coberto (mulheres cobrirem os cabelos, roupas abaixo do joelho, etc). Eu vi pelo menos umas duas turistas que não puderam entrar porque o segurança não deixou, embora antes da entrada em si haja uma loja onde os turistas possam comprar ou alugar saias longas e lenços.
Um detalhe curioso é que crianças com menos de 10 anos não podem entrar nas salas internas - eu já tinha lido sobre mas perguntei pra um funcionário lá e não podia. Então revezamos pra ver um dos interiores, mas tudo bem; isso porque pra mim a atração principal dessa mesquita é justamente o lado de fora das salas, os corredores, os jardins. Eu considero a arquitetura árabe uma das mais bonitas do mundo e é de encher os olhos ver os minaretes, os azulejos geométricos, as entradas levemente pontudas... é lindo demais! Além disso, como tem bastante desses corredores abertos, bate um vento delicioso e fresquinho.
Enfim, esse é o melhor passeio disparado a se fazer em Mascate, mesmo que você não goste de religião ou coisa assim. A beleza dessa mesquita é de deixar a gente de queixo caído, eu definitivamente amei ver tudo isso com os meus próprios olhos!
E é isso. Acho que pra quem tava com uma neném pequena, até conseguimos fazer muitos passeios legais, né? Fora conseguir comer fora, nadar na piscina do hotel, etc. O Omã pode não ser um destino muito famoso ou popular perto de vizinhos como os Emirados, mas eu afirmo que dos três países que já conheci no Golfo (Emirados, Qatar e Omã), Omã é certamente o mais agradável, limpo, tranquilo e bonito!