Foram 6 meses na escola que fica na Hartcourt St. e 4 na outra escola na região do Temple Bar. Foi tudo muito intenso, especialmente nos últimos 4 meses, já que estava fazendo jornada dupla indo de uma escola à outra no horário de almoço e não tava fácil conciliar. Fora que trabalhar em duas escolas diferentes significa estar por dentro de procedimentos diferentes, planos de aulas diferentes, chefes diferentes...
A escola onde comecei em novembro não era a melhor do pedaço, mas consegui encontrar o meu espaço. Dava aula para turmas de upper-intermediate e gostava bastante de alguns colegas. Nunca tive problemas com ninguém, sempre fui elogiada por alunos e pela chefe, e peguei uma boa experiência dando aula para esse nível e também para o exame FCE.
Eu vinha tentando uma vaga fulltime lá mas não havia turmas no horizonte para o período da tarde, então justamente por isso eu comecei a trabalhar em outra escola. Mas essa outra escola nunca foi muito prazerosa de se trabalhar. Primeiro porque comecei de uma maneira meio jogada, cobrindo aulas aqui e ali e nem ser apresentada aos outros professores fui. Além disso, eles deram várias mancadas comigo (me mandar pra unidade errada, não me dizer horários direito, entre outras coisas) e sei lá, nunca me senti muito bem-vinda ali. A verdade é que eu era uma das poucas professoras não-nativas na escola e sentia um pouco de estranhamento e até preconceito de alguns colegas.
Mas o que mais me incomodava era ter que ouvir os professores irlandeses falando mal dos alunos brasileiros absolutamente o tempo todo. O TEMPO TODO. Não vou ser hipócrita, a gente às vezes reclama de aluno na sala dos professores sim, mas aquilo era num nível absurdo. Não só reclamavam como faziam comentários pejorativos e de mal gosto. E eu ficava ofendida porque porra, eu sou brasileira, né? Então nunca fiz amizade com nenhum professor ali e fiquei aliviada de dar as costas para aquela escola.
Claro, eu fiquei muito feliz de ter tido a oportunidade, ainda mais porque o diretor era nada mais nada menos do que o A., que meu deu aula no curso preparatório de CPE em 2014. Mas no fim das contas, nós nos vimos pouquíssimas vezes porque ele estava sempre super ocupado!
Agora, a tristeza mesmo foi me despedir dos alunos - das duas escolas! Ganhei bolo-surpresa, chocolatinhos, cartões, livro assinado pelos alunos da sala... e muitos abraços e desejos de boa sorte na minha nova aventura. Não me sentia assim querida por alunos há muito tempo - provavelmente desde o meu aniversário em 2012, quando minha turma da Cultura fez uma super festinha pra mim no sábado à tarde...
Esse carinho e mensagens recebidas me deram um ânimo de energia e me fizeram re-acreditar que sim, ser professor às vezes é um saco, cansa, somos mal-remunerados e apreciados, mas podemos fazer a diferença na vida das pessoas. E é por isso que continuo dando murro em ponta de faca e lutando por exercer a minha profissão nesse país.
Aos alunos, o meu muito, muito obrigada!