Vida de professora (revisited)

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Já são mais de 50 dias desde quando saí de casa. Uns 3 meses que não dou aula e...

Já deu uma saudadinha. Mas só um pouquinho.

É que dar 8 horas de aula por dia, 6 vezes por semana, vira mais do que rotina, vira basicamente sua vida.

Não sinto falta de preparar aula - apesar de ainda ver uma cena de seriado e pensar "putz, seria perfeito pra uma aula disso" ou ouvir uma música e imaginar "nossa, daria pra trabalhar tal assunto". Não sinto falta de corrigir redações, aos montes. Não sinto falta de corrigir lição de casa. Também não sinto falta de ligar pra aluno que faltou, pra aluno que quer desistir do curso, pra pai de aluno-problema.

Não sinto falta de cobranças, de metas, de ter que executar outras tarefas a não ser dar aula. Não sinto falta de ter que lançar chamada no sistema, não sinto falta de reunião de pais.

Esse iogurte não tem gordura!

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A frase do título foi proferida por mim por aproximadamente 150 vezes no meu primeiro dia de trabalho como food demonstrator.

Mas, vamos do começo.

Acordei cedo, bem antes do horário em que eu deveria estar no supermercado Tesco para poder comprar a calça preta e camiseta branca do uniforme. Passei na Penneys e peguei umas peças a olho mesmo, porque não sei como funciona a numeração do Reino Unido nem da Europa - mas pelo menos dá pra escolher calça curta, média ou comprida!

Comprei a calça e a camiseta, peguei o Luas e fui pro trabalho.

O teste do supermercado

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Há umas duas semanas, me responderam de um dos mais de 150 currículos que enviei. Sim, cento e cinquenta.

Era uma empresa de marketing. Me pediram pra responder um formulário cheio de perguntinhas do tipo "o que você faria se..." o mais rápido possível. Tinha umas perguntas relacionadas à vendas também. Não menti nem inventei nada, respondi usando o meu conhecimento e experiência.

No mesmo dia ela respondeu dizendo que me ligaria no dia seguinte pela manhã para uma entrevista por telefone.

Ah não, falar no telefone com irlandês nãããããããoooo.

Mas eu preciso trabalhar, né?

O lugar de nome difícil

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Os dias aqui tem sido muito ensolarados e segundo todo mundo, dia ensolarado na Irlanda é raridade (o que nesses quase 2 meses aqui me parece equivocado, porque mais fez sol do que choveu). De qualquer forma, pegamos o ônibus que passa aqui perto de casa e fomos pra Dun Laoghaire.

É, eu também não sabia ler esse nome. Como muitos nomes próprios por aqui, faço uma consultinha básica no google pra saber a pronúncia certa. Nesse caso, como ouvi muita gente falando o nome desse lugar, ficou fácil: lê-se Dun Leary.


O sotaque irlandês

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O sotaque irlandês é tenso. Não é pior sotaque do mundo, mas é tenso.



Só que por conta da minha profissão E interesse por idiomas, eu já sabia de algumas particularidades e maneirismos lingüísticos dos irlandeses. Acho que o fato do gaélico ainda ser ensinado nas escolas e ainda ser um idioma oficial aqui faz com que o irlandês tenha um charme só seu, pois o gaélico acaba influenciando o inglês falado aqui - além do próprio inglês ter emprestado várias palavras do gaélico, como whiskey, galore e slogan. Mas vou falar um pouquinho do sotaque deles e de algumas diferenças no vocabulário diário:

Sou phyna, tenho online banking agora

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Já notei muitas diferenças entre o sistema bancário brasileiro e irlandês - o cartão de débito vem sem o número da conta, dá pra usar esse mesmo cartão pra fazer compras online (YES), entre outras pequenas coisas. Talvez uma das mais estranhas pra mim foi o sistema de online banking.

No meu banco no Brasil, pelo que eu me lembre (ihhh, faz tempo), cadastrei uma senha no próprio site do banco e já comecei a desfrutar dos serviços online na hora mesmo. Aqui não é bem assim, pois você tem que solicitar o acesso pelo site e esperar uma senha chegar pelo correio.

Quando a senha chegar, você liga lá pra confirmar os dados e pedir o log in do site.

Eu gosto é de museu!

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Eu gosto muito de museu, biblioteca, galeria, e juro que sou uma pessoa legal mesmo gostando dessas coisas ditas ~chatas~.

No sábado fui conhecer a Chester Beatty Library, que fica perto do Dublin Castle. Lá é uma biblioteca/museu onde você encontra diversos livros e manuscritos de várias datas e lugares diferentes. Mas quando eu digo diferentes, é diferente mesmo, tipo ilustrações da China, manuscritos do Irã, livros da Turquia, etc.

Chegando lá você tem guardar sua bolsa num armário e fotografias não são permitidas. A entrada é de graça (por isso que eu tava lá, claro).



Minha nova operadora

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Quando cheguei aqui, comprei um chip da Vodafone. É uma empresa bem popular entre os intercambistas (principalmente brasileiros, acredito eu) por ter preços aparentemente atrativos e tudo mais.

Só que acho que isso é uma ilusão. Porque quando todo mundo tem a mesma operadora você se sente meio que "obrigado" a fechar com a mesma pra contar com as vantagens de ligar de graça pros amigos, mandar mensagens e aquela coisa toda. Eu comprei o chip deles, que foi 10 euros, e coloquei a recarga mínima, que foi 20. Foram uns 250mb pra poder usar a internet (muito pouco, já que meu celular consome muito dado) e muitos minutos pra ligar - que foram embora rapidinho, já que liguei pra muita gente na minha primeira semana aqui, tentando marcar visitas pra conhecer casas e tal.

Desde então, fiquei sem crédito porque isso não era uma prioridade.

Aí resolvi que mudaria de operadora, pra alguma que me oferecesse mais internet e um preço melhor. Acabei escolhendo a Lyca Mobile, já que os meus flatmates já tinham aderido a mesma.

Habemus visto

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Não é porque eu estou na Irlanda que vou dizer isso, mas olha... intercâmbio aqui não é para os fracos não.

Pra vir pra cá você não faz praticamente nada do Brasil, a não ser comprar o curso e a passagem. E juntar o dinheiro claro, mas até então, não precisa provar nada lá.

Aí você chega aqui, e se for como a grande maioria, não fechou acomodação em casa de família, e sim em residência estudantil ou hostel. Procura casa, adquire endereço fixo, tira o seu PPS, abre conta no banco, deposita dinheiro, pede extrato, pega seguro governamental na escola pra aí sim tirar o visto. Tudo isso sozinho, em inglês. Mas o cara veio pra cá aprender inglês, então só nesse processo todo ou ele vai ter que 1) ir com a cara e a coragem resolver as coisas, 2) contar com a ajuda de algum funcionário da agência/escola, 3) pedir ajuda dos amigos.

Dei um pouco de azar. Minha carta da escola atrasou, chegou sem carimbo, fui no banco algumas vezes até finalmente conseguir abrir a conta e a documentação do banco demorou pra chegar. Depois que depositei o dinheiro, o extrato até que chegou bem rápido e pude finalmente ir até o escritório da imigração tirar o meu visto, exatos 46 dias depois de chegar na Irlanda.

100 posts

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Eu já tive blog na adolescência, em boa parte dela, aliás.

Sempre gostei de escrever - seja em papel ou no virtual, gosto de ter as memórias registradas para futuras consultas. Nostalgia é um sentimento bom demais, e ter os registros ajuda muito no processo.

Comecei o "Barbaridades" em outubro de 2012, quando estava na fase de planejamento do intercâmbio. A ideia era, claro, focar nas coisas do intercâmbio mas também falar de outros assuntos, como seriados, cabelo, minha vida no geral.

Ele não era muito acessado nos primeiros meses, mas depois que vim pra cá, nossa! Mais de 150 acessos por dia. Tem semana que chega a 300 acessos por dia, sendo o auge o dia 24 de abril, que teve 428 acessos num dia só!

Geralmente as pessoas vêm no blog através do meu facebook. Depois, através do google e por blogs de amigos que também falam de intercâmbio e tal.

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