1 - Sistema de férias e feriados
Esse negócio de tirar 30 dias de férias de uma vez só pra mim sempre me pareceu injusto, principalmente na área em que eu trabalhava. É como era professora, só podia tirar férias em julho ou dezembro/janeiro, justamente na alta temporada, onde tá tudo muito mais caro.
No Brasil é lei o trabalhador ter 30 dias de férias mas ele pode tirar menos dias e vender os outros (na verdade agora não tenho certeza se essa coisa de vender ou não é ilegal, acho que é). Já aqui na Irlanda não existe uma lei que determine o número de dias exatos - a maior parte das empresas dá 4 semanas de férias pagas por ano. Ou seja: tem empresa que pode dar mais! Só que o pulo do gato é que essas 4 semanas NÃO PRECISAM acontecer consecutivamente: se você quiser tirar uma semana aqui, ok. Quer dizer mais duas lá na frente? Ok também. Desde que conversado com antecedência, pode tirar pequenas férias ao longo do ano ou um bloco grande de uma vez.
Aliás, não só em termos de semana, mas você pedir dias individuais das suas férias e fazer bem bolados com finais-de-semana e feriados (aqui são 9 feriados públicos por ano chamados de Bank Holiday) - e tirando o Ano Novo, Natal, Stephen's Day e St. Patrick's Day, todos os feriados caem numa segunda! Ou seja, dá pra pegar dois dias e emendar uma sexta + fim-de-semana + feriado + terça e fazer uma viagem legal, né?
Férias, uhu! |
2 - O interior
Eu já estive no interior de São Paulo (meu pai morava numa cidadezinha no interior) e de outros estados também, mas o interior na Irlanda realmente abraça o (meu) conceito de interior: as cidades são realmente pequenas, tem pracinhas, igrejas, algumas poucas lojas e como não poderia deixar de ser na Irlanda, alguns pubs. Aliás, não importa o tamanho da cidade, pode até ser uma vila: vai ter pub.
Só que até nas palavras a coisa muda de figura: na maior parte das línguas européias, não há distinção entre as palavras que descrevem uma cidade. Em português, por exemplo, a gente tem 'cidade' e no máximo uma 'cidadezinha' ou vila. Em inglês, além de 'city' existe a palavra 'town'.
Muita gente descreveria city como uma cidade maior, mais desenvolvida do que uma town. Só que nessa parte do mundo não é bem assim. A definição da palavra 'city' na primeira edição do Oxford English Dictionary, publicado em 1893 explica que na Inglaterra, desde os tempos de Henry VIII, a palavra city se aplicaria à cidades que tivessem catedrais da Church of England.
Aqui na Irlanda as coisas eram mais ou menos assim: o título de 'city' era dado à lugares que tinham algum tipo de figura real - era só pelo prestígio em si mesmo, não mudava o governo municipal. E depois do Act de 1898 as atuais cidades irlandesas ganharam o título de cidade - todas tem o mesmo tipo de função administrativa e poder. São elas: Cork, Dublin, Galway, Kilkenny, Limerick e Waterford.
Fora essas 6, todas as outras cidades vão ser towns ou villages e gente, as towns e villages aqui são lindinhas demais! As ruas são sempre limpas, bem cuidadas, a vibe é super bacana, as pessoas são acolhedoras... sem contar a paisagem das estradas pela Irlanda afora e por esse interiorzão lindo. Ai, ai!
Kerry, em agosto desse ano. Ô lugar bonito, viu? |
3 - A empolgação com as datas comemorativas
Eu sou uma pessoa super empolgada e adoro comemorar as coisas. Aniversário? Amo! Aniversário de namoro? Amo! Natal? Amo! Festa Junina? Amo! Adoro qualquer motivo pra comemorar e aqui na Irlanda parece que eles também - no Valentine's Day em fevereiro todas as lojas se enfeitam com itens românticos e não se fala em outra coisa. No Halloween tudo ganha decoração de terror e você começa a ver pessoas fantasiadas nas ruas dias antes do 31 de outubro. No Natal você vê a cidade repleta de luzes e as lojas com decoração temática. Eles levam tudo muito à sério, sabe? Eu adoro poder participar de tudo isso!
Levando o Natal a sério com o meu Christmas jumper |
4 - Cartões
Ahhhhh, os cartões. Eu já falei um pouco de cartões irlandeses por aqui, mas a parada é mesmo séria: cartão aqui é fundamental. Vai dar um presente? Tem que ter cartão. Nasceu o filho do seu chefe? Tem que mandar cartão. Alguém se formou na escola? Manda cartão. Alguém se mudou pra casa nova? Cartão neles!
As pessoas colocam os cartões próximos à lareira ou na estante e eles ficam lá de pé, semi-abertos por algumas semanas. Aí logo vem uma ocasião nova, a pessoa recebe novos cartões e coloca os novos no lugar dos outros que estavam expostos.
Nas lojas que vendem cartões é possível encontrar qualquer tipo de cartão pra qualquer tipo de data (nascimentos, Natal, aniversário de namoro, aniversário, formatura, mudança, pedido de desculpas, agradecimento, etc) e para qualquer tipo de pessoa (aniversário do sobrinho, formatura da prima, agradecimento aos tios)... é muuuuuita variedade. Eu, como pessoa que adora comemorações, também não dispenso e nunca dispensei um bom cartão. Essa parte da cultura irlandesa eu abraço com gosto e mando cartão mesmo!
5 - Comida e doces
Ok, a Irlanda não é muito famosa por sua culinária, mas tem muita coisa por aqui que eu não posso deixar de fora da minha vida nunca mais! Primeiramente, o Irish Breakfast (ou pros íntimos, a fry). Depois, o feijão enlatado, o jaffa cake e todos os produtos que contém leite (inclusive leite puro!). Depois vem os doces.... ah, os doces! Banoffee pie, Mars bars cake, sticky toffee pudding, scones, rocky road, etc etc etc...
Banoffee pie que o R. fez pra mim nos meus dois aniversários aqui. Hmmmmm. |