No olho do furacão

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Todo dia eu tenho vontade de escrever mil coisas aqui no blog, mas essa rotina de professora de manhã, babá à tarde e dona-de-casa/namorada à noite não tá fácil.

Mas tá acabando.

Como eu mencionei nesse post aqui, fui contratada pra trabalhar numa escola de inglês por um período curto de tempo e esse contrato tá chegando ao fim - confesso que estou feliz com isso, já que apesar de contente, eu ainda estou totalmente overwhelmed e confusa com toda a experiência.

Eu sou uma pessoa que adora planejar - gosto de pensar nas coisas com calma, fazer mil e uma conjecturas, analisar o caminho A, o caminho B, o caminho C... não que eu não faça coisas às vezes por impulso (porque eu faço - é o lado cavalo do meu sagitário!), mas no geral eu adoro filosofar sobre cada passo que darei na vida (again, o lado homem do meu sagitário).

Aí que na minha cabeça, o plano era, algum dia, dar aula de inglês em Dublin sim. Mas esse dia não seria agora, Não seria em 2015. Na minha cabeça eu ia fazer um curso em alguma universidade por aqui, obter uma certificação local, tentar o emprego... e com sorte, conseguiria. Quando uma amiga de uma amiga me indicou pra essa vaga assim no susto e no mesmo dia fui entrevistada pra começar no dia seguinte, meu mundo virou de ponta cabeça, e não por que eu estaria dando aula, mas porque eu não tinha me preparado pra nada daquilo.


Eu me senti no olho do furacão tendo que aprender na marra a metodologia e funcionamento da escola, de como preencher toda a papelada infinita que aquela escola ama exigir da gente (mas pelo menos somos pagos pra isso!), de ter que acordar cedo todo dia tendo dormido mal na noite anterior (tenho tido pesadelos e noites mal-dormidas há muito tempo), de ter que fazer um malabarismo de ir pra lugar A, B e C de bicicleta nesse julho imprevisível (faz sol, faz frio, faz calor, venta pra caralho, chove, pára, chove, pára, chove e faz sol, etc em looping infinito)... Me senti esgotada, fisicamente e mentalmente.

A escola em si não é problema nenhum - aliás, se tem uma palavra pra descrever o lugar é dinamismo. Como o volume e rotatividade de alunos é muito grande (eles vem pra Irlanda pra ficar entre 2 e 3 semanas), toda semana você tem alunos novos, níveis novos, tudo novo. Por um lado isso é até bom, porque se você não tem uma turma muito legal já sabe que só ficará com eles por uma semana - por outro, sinto MUITO a falta de ter mais tempo com os alunos, de criar um relacionamento com eles, de conhecê-los, sabe? Esse é um dos aspectos que mais me atrai na profissão, essa troca de informação, de experiências, conhecer pessoas.

Os alunos são adolescentes em toda a plenitude da palavra: alguns mal-humorados, outros folgados, poucos interessados, muitos viciados em seus celulares. Na época em que eu trabalhava como professora no Brasil não me lembro dos alunos serem tão vidrados assim nos smartphones!

A maioria das turmas em que lecionei por aqui era composta de alunos franceses, seguida por espanhóis e italianos. Engraçado tentar não demonstrar que entendo muito do que eles estão falando (italianos e espanhóis!) e também o espanto deles quando consigo pronunciar o nome de todo mundo corretamente - e os franceses, coitados, eu tento, mas difícil.

Sei que é feio fazer comparação entre nacionalidade, mas parece que é um consenso geral entre os professores: the French students are always the trouble makers. Impressionante. Dá pra lembrar de no máximo uns 3 alunos franceses que foram bacanas. De resto, dear god....

Minha vontade todas as noites....

ps.: tenho vários posts no rascunho sobre outros assuntos (resenhas, passeio pela Irlanda, livros, etc) e aos poucos vou liberando tudo. Espero ter mais tempo semana que vem pra começar a escrever sobre os desafios e alegrias de lecionar alunos de nacionalidade diferente da minha, dos erros comuns que alunos de certas nacionalidades comentem, de diferenças entre ensinar brasileiros e europeus, etc... Me aguardem!
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