Não é surpresa pra ninguém que minha cantora favorita é a Laura Pausini. Já fui em shows dela diversas vezes (2 vezes em SP, depois uma em Roma, uma em Milão, uma em Paris e agora... em Veneza!). A última vez tinha sido Paris em 2018, e com pandemia, fim do mundo, etc, fazia tempo que ela não lançava nada novo e nem fazia turnê.
Em 2023, Laura anunciou um novo álbum e com ele uma turnê mundial. No entanto, antes de começar a turnê em si, ela faria dois shows especiais em duas cidades nas quais ela nunca havia se apresentado antes: Verona e Sevilha. Esses shows seriam feitos em praças públicas e teriam um setlist diferente do que seria o resto da turnê. Pra quem é fã, um prato cheio, né?
Felizmente, o show de Veneza cairia numa sexta e eu não me contive: precisava ver essa mulher de novo, ainda mais na Piazza San Marco. Tinha ido pra Veneza em julho do ano passado e me apaixonado, então a possibilidade de ir novamente me apeteceu muito. Conversei com minha amiga Ana que também gosta da Laura e concordamos de ir juntas.
Na época até me cadastrei pro fã-clube pra ter acesso à pré-venda, porque sabia que seriam poucos assentos já que o show seria numa praça. Consegui comprar sem problemas, e logo comprei minha passagem pra Veneza (arriscado, pois voei no mesmo dia do show) e aproveitei pra passar o dia seguinte ao show por lá também, já que tenho uma amiga em Verona que poderia vir passar o dia comigo.
Cheguei em Veneza no horário do almoço, e enquanto esperava o barco que sai do aeroporto Marco Polo até o centro da cidade, vi que recebi um email da TicketOne informando à todos que Veneza estava sofrendo o fenômeno acqua alta e que era recomendado usar botas ou galochas. Havia previsão de chuva para aquele dia, e fui me preparando psicologicamente pra lidar com isso...
Bom, chegando na Piazza, pude ver com meus próprios olhos que realmente, tinha um pouco de água acumulada no chão. Mas ok, pelo menos não tava chovendo! Almocei com minha amiga, andamos um pouco, fomos deixar as coisas no hotel e dar uma refrescada antes do show. Tava bem abafado, com cara de que ia chover, mas até aquele momento, ok. Jantamos, tomamos um sorvetinho, e enquanto esperávamos na praça pra poder entrar na sessão onde haviam instalados os assentos, começaram as primeiras gotas. Eu estava preparada pra enfrentar chuva, mas eu não sabia de nada (inocente!).
Pra chegar até nossos lugares já precisamos meter os pés na água - fazer o quê? Pelo menos eu tava de sandália e ela secaria mais rápido do que um tênis. Sentadas, aguardamos a hora de começar o show. Só caíam gotas esporádicas, eu tava confiante de que não choveria muito.
Deu a hora do show, começou. Foi impactante, óbvio que chorei! Laura começou com uma sequência de músicas do início da carreira: La solitudine, Strani amori, Incancellabile e E ritorno da te. Ela vestia um vestido de gala maravilhoso, e a gente tava sentada tão pertinho que quando ela vinha pro corredor que "saía" do palco, dava pra ver ela de fato!
Na sequência ela fez um medley de Non è detto / Lato destro del cuore / Non ho mai smesso / In assenza di te - já falei que não curto esses medleys, mas entendo pra alguém que tenha tantos hits como ela, é impossível cantar tantas músicas inteiras. Aí ela continuou com Io sì (Seen), Vivimi, Tra te e il mare, Sorella Terra e na época a música mais recente, Un buon inizio.
Nisso começou a chover. Não muito, mas o suficiente pra começar a molhar o palco, dançarinos, e a própria Laura. Ela fez um medley rock cantando Frasi a metà / Io canto / Un'emergenza d'amore.
Ao fim dessa última sequência, a chuva aumentou MUITO. Mas muito mesmo, um dilúvio. Um dos telões começou a falhar, Laura foi pra parte coberta e sentou ao piano pra cantar algumas músicas sozinha, só ela e o piano: Celeste / Il nostro amore quotidiano / Davanti a noi.
Mas ela dizia que queria ficar perto das pessoas. Veio uma equipe e montou uma tenda improvisada onde ela ficou junto com os backing vocals... caos total. A roupa e cabelo dela já encharcados, e ela teve que trocar de microfone porque o outro estragou por causa da água. Nisso, eu e minha amiga estávamos encharcadas também. Eu preocupada com as coisas na bolsa (celular, carteira, etc), não queria que molhasse muito.
O show seguiu com E.STA.A.TE, mas a chuva apertou tanto, mas tanto, que alguém falou pra Laura que ela tinha que pausar o show. Ela conversava com o público e dizia que não ia parar nada, começou a bater papo... e pelos próximos 20 minutos ou algo assim, começou a cantar a capella as músicas que as pessoas gritavam - inclusive até mesmo em português. Apesar da chuva, do desconforto e caos - nessa hora todo mundo já tinha saído de suas cadeiras - foi incrível ver o domínio dela no palco, seu carisma e talento puro. Ela cantou La soluzione / Chiedilo al cielo / La geografia del mio cammino / Mi tengo / El valor de seguir adelante / Apaixonados como nós / Amori infiniti / Come se non fosse stato mai amore.
Duas pessoas atrás de mim ofereceram capas de chuva, anjos da guarda! Eu achei que não ia fazer diferença porque já estávamos molhadas, mas a verdade é que ajudou demais, porque só de ter a touca por cima, já dava pra ficar de olho aberto. Sim, chovia tanto que sem touca, era impossível ficar com o olho aberto mais de uns segundos.
Os músicos voltaram a tocar embaixo de tendas improvisadas, os bailarinos tiveram que ficar ao fundo do palco, mas tudo continuou com Invece no (chorei horrores), Resta in ascolto, Primavera in anticipo, Scatola, Le cose che vivi (chorei mais), e uma sequência mais animada com Limpido / Surrender / Con la musica alla radio.
Na parte final do show a Laura trocou de figurino mais uma vez e voltou ao palco pra cantar Benvenuto, Simili, Il primo passo sulla luna e por fim, repetiu Un buon inizio.
Foi o melhor show da minha vida? Difícil dizer. O desconforto de estar completamente molhada em todas as partes do corpo não foi nada legal... mas foi uma experiência, né? Vi a Laura super solta, carismática e tão de pertinho! Foi, como sempre, emocionante.
No dia seguinte, minha amiga Ana teve que voltar cedinho pro aeroporto, então aproveitei pra dar umas voltas por Veneza sozinha (finalmente tinha parado de chover!) enquanto minha amiga A., que mora em Verona, não chegava pra me encontrar. Quando ela chegou, ficamos andando horrores sem rumo pela cidade - é uma delícia não ter ponto pra bater em Veneza! Você entra em vielinhas, sai em praças enormes, toma um sorvetinho, anda mais, senta num banquinho...
Foi um dia ótimo pra colocarmos o papo em dia (presencialmente, porque o papo tá sempre rolando!), passearmos e relaxarmos. No fim do dia, andamos juntas até a Praça Santa Lucia onde a A. pegou o trem de volta pra Verona e eu comprei o ticket de ônibus pro aeroporto Marco Polo que é super pertinho de ônibus! Na ida, eu acabei pegando um ferry que demorou quase 1h pra chegar, então sem dúvida alguma recomendo o ônibus e depois um vaporetto normal até o centro.
E assim foi mais um fim de semana fazendo o que amo: encontrando amigas, comendo bem, e realizando sonhos!
