Naquela época eu jamais poderia imaginar, nem nos meus sonhos mais loucos, que um dia eu teria o privilégio de ver esse lugar com meus próprios olhos. E meus amigos, que experiência mais bizarra e surreal!
Mas comecemos do começo: chegar em Macau, partindo de Hong Kong, é super fácil. As cidades ficam a mais ou menos 1h de distância de ferry (e daqui a poucos meses uma ponte entre os dois lugares será inaugurada, se já não foi!) e é bem fácil chegar no terminal e comprar o ticket. Nós mal subimos no andar onde se encontram as bilheterias e já veio uma mulher nos direcionando pro guichê da empresa deles, e compramos o ticket pro ferry que sairia em uns 15 minutos. Não me lembro quanto custou, mas não foi caro, e já compramos o ticket de volta também - você pode voltar em qualquer horário no mesmo dia e nessa empresa, o limite seria voltar às 10 da noite.
Eu estava com medo de passar mal na viagem porque sempre fico enjoada em barcos e coisas do tipo, mas o ferry mal balança - e lá dentro em si é como um ônibus, os assentos, corredores e tudo, então fiquei mais tranquila e até cochilar cochilei.
Ah, vale lembrar que pra sair de Hong Kong tivemos que passar pela imigração, assim como quando chegamos em Macau - nunca vou entender esse sistema maluco da China!
Desembarcamos em Macau e já foi aquela alegria: todas as placas em chinês, inglês e português. Automaticamente me senti em casa! Infelizmente o chip de celular que eu havia comprado pra usar em HK não funcionava em Macau, mas eu já tinha sido esperta e dado uns prints nos mapas e números dos ônibus que precisaríamos ao longo do dia e deu tudo super certo. Ali mesmo no terminal de ferry pegamos o ônibus 26 (ou 36? não lembro) para o centro. A passagem custou bem baratinho, acho que eram somente 4,20 (moeda local, que em Macau se chama patacas!), mas eles aceitam dólares de Hong Kong também - as moedas são equivalentes em termos de valor.
Ao descer ali pertinho do Largo do Senado, era uma alegria só para esta que vos fala: aquele chão preto & branco, os nomes das lojas em português, pastelarias vendendo pastel de nata... mas o cérebro buga um pouco porque nós estávamos na China, não em Portugal.
Andamos até as Ruínas de São Paulo, que são as ruínas da Igreja da Madre de Deus e do Colégio de São Paulo, complexo destruído por um incêndio em 1835. Infelizmente, tudo que sobrou foi essa fachada do prédio e sua escadaria na frente. Confesso que mesmo sendo só a fachada, achei super bonito! Mas, não tem muito pra fazer por lá não - a não ser visitar o Museu de Macau, que fica a poucos metros de distância. Não estava nos nossos planos, mas a entrada era baratinha e tínhamos tempo e foi perfeito! O museu conta um pouco da história da cidade do ponto de vista chinês e português, então tem várias curiosidades legais.
Durante toda a visita, a impressão que tivemos é de que não há uma relação de ódio contra os colonizadores como acontece em outros lugares do mundo, pelo contrário. Todas menções à terrinha eram sempre respeitosas e até enaltecendo um pouco o espírito desbravador e pioneiro dos portugueses por terem sido os primeiros à se estabelecer em território asiático.
Entre outras coisas, também há informações sobre a mistura entre essas duas culturas, que resultou em pratos culinários diferentes, brincadeiras chino-portuguesas, tradições de casamento mescladas, etc. Atualmente, a influência de Portugal em Macau é praticamente nula, já que apesar da língua ainda ser oficial, somente 1% a fala, sendo que muitos na verdade a falam como segunda língua, e não língua-nativa. Eu acho que apesar dos esforços de Portugal de manter os laços (afinal de contas, ter falantes de português ali facilitaria negócios com Brasil, Portugal, alguns países africanos e tal), o português deixará de existir em Macau com o tempo.
No período da tarde e noite nós voltamos pra outra ilha, Taipa, onde estão localizados os grandes cassinos da região para dar uma nadadinha na piscina, mas no próximo post eu conto sobre essa experiência!