Todos os bairros onde morei em Dublin

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Depois de mais cinco anos morando em Dublin, posso dizer que conheço a cidade relativamente bem. Trabalhei e morei em diversos bairros, andei muito de ônibus (mas principalmente de bicicleta) pra cima e pra baixo, e por isso, tenho um certo conhecimento das regiões aqui.

Além disso, para um novo projeto meu e do R, tivemos que fazer uma pesquisa extensa sobre quase todos os bairros aqui, listas e listas de lugares bons pra se morar, etc, etc. Então achei que poderia juntar o útil ao agradável e contar por aqui um pouco mais sobre as regiões onde já morei na cidade - assim, além de ficar registrado pra posteridade, pode ajudar alguma alma que esteja procurando moradia por aqui.

Quando cheguei em Dublin em março de 2013, fiquei uma semana num hostel chamado Avalon House. Na época, paguei 198 euros por 7 noites num quarto com banheiro privativo. Eu não queria dividir quarto com estranhos, ainda mais chegando assim sozinha, primeira vez fora do Brasil, etc. Pode parecer muito dinheiro, mas na época, o euro estava na faixa de R$ 2,60.
Consegui uma vaga num quarto single em Dublin 7, mais especificamente em Cabra. Essa é uma região antiga de Dublin, e por sorte, eu morei numa rua super residencial e tranquila, longe de possíveis knackers que moram na região. A verdade é que Cabra tem um lado bem ruim também (já fui pra lá algumas vezes no depósito do correio buscar encomendas) e dá até um medinho passar por certas ruas, mas se você mora do lado esquerdo da Manor Street e Prussia St., tá super tranquilo. Na época, tínhamos dois Tescos enormes super pertinho, Iceland, outras lojinhas, biblioteca, etc. Os ônibus para o centro eram frequentes (e levava no máximo 15 minutos) e um dos ônibus noturnos vinha pra região também.

Morei nessa casa com outras 4 pessoas por uns 3 ou 4 meses. Eu pagava 350 euros num quarto single super pequeno, mas gostava muito da casa pois fiz muita amizade com o casal que me "deu" a vaga e sou amiga da C. até hoje.

Melhor coisa de morar em Cabra: um Tesco enorme! (Fonte)

Nessa época a Bia tinha me falado que ia surgir uma vaga na casa onde ela morava e que pelo quarto ser bem pequeno, o aluguel seria baixo. De fato, era um quarto ainda menor, mas que dava pras minhas tralhas. Eu pagava 190 euros e morava na casa com outras 5 pessoas. A cozinha era minúscula e mal tinha espaço pra cada um guardar suas comidas nos armários e geladeira, mas pelo menos minha bicicleta cabia na sala e não atrapalhava muito. A casa era bem velha, fria pra cacete, mas o preço foi o que me permitiu viajar tanto no período em que morei lá. 

Tivemos alguns problemas e brigas com flatmates, além da casa estar numa rua super esquisita - tenho certeza que nossos vizinhos eram traficantes de drogas e até vimos um carro ser queimado na rua. Apesar de tudo isso, nunca tive problemas pessoalmente, a não ser um ou outro adolescente gritar comigo enquanto eu passava na rua ou atirar pedrinhas de longe (isso só aconteceu uma vez e morei lá por quase dois anos). A casa ficava em Dublin 8, mais precisamente em Inchicore. Não é uma região onde eu criaria filhos, sabe? Mas pra quem é solteiro, estudante, ou coisa do tipo, rs, os alugueis na época valiam a pena. Não sei como está a situação hoje.

Fonte


Em janeiro de 2015, R. e eu fomos morar juntos e após alguma procura, conseguimos um quarto num apartamento em Kilmainham (Dublin 8). Dividíamos um apartamento relativamente médio com um cara que tava fazendo doutorado na UCD. Ele passava a maior parte do tempo na universidade, então nos víamos muito pouco. Nosso quarto era uma suíte, mas foi nessa época que percebi o quanto de tralha tínhamos nós dois juntos, hahaha. 

Nós pagávamos 850 euros no quarto, o que não incluía o estacionamento que era pago à parte. Não tivemos problema morando nessa região, mas eu não voltaria a morar lá por um simples motivo: não tem porra nenhuma. Pra ir ao mercado, tínhamos que dirigir 20 minutos. Não tinha um mercadinho, padaria, nada. Então apesar de estar super perto do centro e do Phoenix Park, não era uma região agradável.

Vista do nosso apartamento. Foto tirada em abril de 2015


Moramos lá uns 6 meses, e foi quando eu comecei o mestrado na UCD. A rotina de pedalar até a UCD pra estudar e Stillorgan pra trabalhar ficava cada vez mais cansativa. Tivemos a ideia então de nos mudarmos pra perto do meu trabalho e faculdade, já que como eu tava na bike, sofria mais com distâncias do que o R., que tinha mais flexibilidade por causa do carro.

Procuramos muita coisa na região da universidade, mas por ser uma área bem mais nobre, estávamos achando impossível achar vagas pra casais. Na época não tinha quase nada. Estávamos quase desistindo, quando vimos uma vaga pra morar numa casa maravilhosa em Dundrum. A região em si é ótima e a casa era enorme, o problema é que dividiríamos com o landlord, dono da casa. O R. já tinha tido essa experiência no passado e não era muito fã da ideia, mas fomos visitar a casa. 

A história era que a esposa do cara tinha falecido recentemente e ele tava sozinho, já que seus filhos e netos moravam fora da Irlanda. Então ele queria alguém meio que pra cuidar da casa, já que ficaria mais de 3 meses fora no final do ano. Nós topamos. Teríamos nosso próprio banheiro, quarto e até mesmo sala! A casa era muito grande, quentinha e confortável.

A casa onde morávamos era assim bem bonitinha! (Fonte)


No primeiro mês ele ainda morava na casa, mas pelo fato do lugar ter duas salas, nós trombávamos pouco com ele na casa. Aí lá pra outubro ele foi visitar a família e ficamos sozinhos até meados de janeiro. Foi lindo! Eu levava 15 minutos até o trabalho (isso foi na época em que eu era babá), 25 até  a UCD... estávamos longe do centro, mas tínhamos o shopping Dundrum a poucos minutos de carro e quando eu precisava, pegava o ônibus até o centro. Se não me engano, pagávamos mil euros com as contas inclusas. Era um bom negócio porque o landlord fazia questão de deixar aquecedor ligado sempre e tal, então foi o inverno menos mão-de-vaca que passamos aqui nesse quesito, não passamos frio nenhum dentro de casa!

Mas aí o landlord voltou e as coisas azedaram um pouco. Nós percebemos que ele estava incomodado com a gente lá, e a gente com ele. Pequenas coisas no dia-a-dia, comentários... até que um dia ele pegou no pé do R. por alguma coisa na cozinha. Não brigaram nem nada, R. engoliu o sapo sozinho, mas ficou puto de ter levado bronca de landlord. Ele tava super desconfortável, queria sair de lá na hora. Mas nisso faltavam poucas semanas pra eu acabar as aulas na UCD, e acabando as aulas, não precisaria mais morar perto da universidade. 

Aguentamos, e resolvemos que lá pra abril/maio de 2016 começaríamos a procurar outra coisa, dessa vez pra morarmos sozinhos mesmo, sem dividir com ninguém. Um vez que provamos do gostinho de morar sozinhos numa casa, não queríamos saber de outra coisa. Mas em abril o próprio landlord nos convidou a nos retirarmos. Disse que sua família estaria vindo no verão e que não teria espaço na casa. A gente entendeu o recado. Ele deu um mês de prazo pra sairmos, mas que se não conseguíssemos nada, poderíamos ficar mais um mês. 

Na semana seguinte começamos a procurar no Daft, e logo nas primeiras buscas, vimos uma casa em Dublin 7, na região de Stoneybatter. Nos interessamos, marcamos visita. E gostamos muito de primeira. No mesmo dia visitamos uma outra casa em Dublin 7 que odiamos, e ficamos sonhando com a primeira que visitamos. Ligamos pra dona, dissemos estar interessados, e em dois dias ela ligou dizendo que a casa era nossa. Foi muito rápido, muito fácil. A casa mais rápida que encontramos aqui!

Casa numa rua próxima de onde moramos. Foto tirada em fevereiro de 2018.


Nos mudamos em maio/2016 e nessa casa estamos até o presente momento (novembro/2018). Pagamos 1400 euros de aluguel. A casa tem dois quartos, sendo que um deles tem um sofá-cama e é bem pequeno. Tipo, a casa foi mais do que boa pra nós dois nesses anos. Tem espaço pras nossas coisas, o aquecimento é rápido (apesar de que a casa é bem fria), e o bairro é bem up-and-coming, bem hipster, com vários cafés, pubs, restaurantes legais. Estamos a 10 minutos a pé do cinema Lighthouse e 20 do Cineworld. Coladinhos em Smithfield, às vezes vamos comer brunch por ali e tal.

É um bairro ótimo porque na época em que nos mudamos foi que comecei de fato a trabalhar como professora permanentemente, e como as escolas são todas no centro, eu levo 15, 20 minutos pra chegar em qualquer lugar. Fora isso, tem ônibus pro centro com frequência e em 15 minutos chegamos no Luas também.

Recebemos amigos e familiares nessa casa, fizemos festinhas de aniversário, Natal... enfim, foi uma época gostosa, a casa é ok, a dona gosta muito da gente e como a região está numa rent-pressure zone, o aluguel não poderia aumentar mais do que 4% a cada dois anos. A dona nunca aumentou o aluguel, e sempre que temos algum probleminha, algo quebrar, ela manda alguém arrumar na hora.

Casinhas no mapa


A casa é super ok pra nossas necessidades, mas começamos a ter mais e mais vontade de fincar raízes e deixar de pagar aluguel, e por isso começamos a estudar a possibilidade de comprar uma casa. Mas essa história eu conto em outro post! :)
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