De fato, o museu é incrível, a começar pela localização: no coração do Temple Bar, o local engloba a famosa casa de shows Button Factory e os estúdios onde o filme Once foi filmado, além de ter contado com outras pessoas gravando álbuns por lá, como Christy Moore, Rihanna, Will.I.Am e The Script.
Nós fizemos o tour (que dura 1h) quando minha mãe veio nos visitar. Foi um pouco difícil ouvir o tour e traduzir em tempo real pra minha mãe (intérpretes: RESPECT), mas acho que ela curtiu, afinal de contas, somos todos fãs de um bom e velho rock!
Pelas salas do museu há diversos quadros com fotos super antigas de cantores e bandas irlandesas como U2, Phil Lynott, Sinead O'Connor, etc. Além disso, há muita memorabilia, do tipo guitarras, camisetas e objetos pessoais. Confesso que gostaria de ter tido mais tempo para ler os quadros de informações de cada um desses itens, já que a guia explicava um pouco e já seguia pra próxima sala, sem nos dar tempo de olhar tudo com mais calma.
Num dado momento, entramos numa sala onde um vídeo que conta sobre a história da música na Irlanda é mostrado. O vídeo só tem 10 minutos, mas eu achei que poderia ter tido até um pouco mais. Nele são mencionados os primórdios da música irlandesa, passando pelos anos 50, 60, The Pogues, the Dubliners, Rory Gallagher, Thin Lizzy e muitas outras bandas de rock dos anos 70 e 80. Aí eles entram um pouco no pop, falam de Sinead O'Connor, Cranberries, The Corrs e até mesmo as boybands Boyzone e Westlife. Eu tava estranhando que não tinham falado do U2 ainda, mas claro, eles salvaram o melhor pro final!
A guia nos levou pra um estúdio onde bandas costumam ensaiar (qualquer um pode alugar o espaço lá!) e algumas pessoas puderam tocar instrumentos - o R., meu rock star, resolveu tocar um pouco do baixo:
Uma das sessões do tour que mais me deixou chocada foi o fato de que o Michael Jackson, ele mesmo, já morou aqui na Irlanda. Veja bem, eu não me considero assim fã de carteirinha, mas consumia muuuuita música dele quando mais nova e nunca soube dessa informação. Ele já tinha vindo pra cá, claro, mas morou em Coolatore, Moate, no condado de Westmeath por 6 meses com sua família em 2006. Os estúdios de gravação The Grouse Lodge ficam localizados na frente da casa onde Michael morou (e ele chegou a gravar nesse estúdio), e várias coisas da casa acabaram indo pra leilão após a saída dele - a parte de cima de seu pijama foi parar no museu:
A guia comentou que Michael gostava muito de morar no interior da Irlanda porque ele tinha mais tranquilidade, nada de paparazzi, sabe? Acho que o povo na região na verdade nem ligava que o astro do pop estava por ali, hahaha.
Entre outras coisas, tanto através da guia como através do vídeo que eles tocam durante o tour, foram mencionados:
- Enya foi a primeira artista irlandesa a vender muito no mundo inteiro e até hoje é uma das artistas mais bem-sucedidas em termos de vendas. Ela mora num castelo e leva uma vida muito discreta, pouco se sabe sobre sua vida pessoal.
- A música tradicional irlandesa influenciou muitas e muitas bandas, como os Horslips, que misturam música tradicional com guitarras e bateria. Outra banda que sofre esse tipo de influência é o The Corrs.
- Um dos maiores sucessos da banda Thin Lizzy é Whiskey in the Jar, música originalmente tradicional e folk. Essa versão foi regravada pelo Metallica e você provavelmente a conhece. Aliás, Thin Lizzy é considerada a banda que iniciou o movimento rock n'roll na Irlanda! O vocalista e líder da banda, Phill Lynnot, era um cara carismático e que morreu muito jovem (se você mora em Dublin, com certeza já viu a estátua dele numa travessinha da Grafton St., em frente o pub Bruxelles) e após a sua morte, muita gente invadiu a casa onde ele morava pra pegar coisas como souvenir, acredita? A mãe dele acabou doando muitos objetos pro museu - há uma sala com diversas de suas jaquetas, baixos até boletim de escola no Irish Rock n' Roll! Confesso que só vim conhecer essa banda aqui, já que o R. é bem fã. Caso você não conheça, recomendo essas aqui:
- As boybands Westlife e Boyzone foram extremamente bem-sucedidas: os meninos de Sligo estão no top 10 de boybands que mais venderam, com mais de 50 milhões de discos vendidos, enquanto o Boyzone não fica muito atrás, com 25 milhões vendidos no mundo todo.
- Outro irlandês famoso na música é o Van Morrison, amado pelo mundo afora com álbuns elogiados pela crítica e sempre figurando nas listas de melhores álbuns de todos os tempos.
- Um dos maiores guitarristas de blues da história é mais um irlandês: Rory Gallagher. Ele tem vários admiradores pelo mundo, incluindo Jimi Hendrix. Uma vez perguntaram pro Hendrix como ele se sentia sendo o melhor guitarrista do mundo e ele respondeu: pergunte ao Rory Gallagher! hahaha
- Outro guitarrista irlandês famoso mencionado no museu é o Gary Moore - eu amooooo a música "Still got the blues". Sempre amei a minha vida inteira e só fui saber que ele era irlandês quando o R. me contou!
- U2 obviamente dispensa apresentações: já venderam mais de 170 milhões de álbuns no mundo todo, ganharam vários prêmios e grammys e são com certeza os músicos mais famosos da Irlanda. No entanto, vale lembrar que apesar deles terem se tornado esse grande ícone, outras bandas nos anos 70/80 abriram o caminho pra que eles pudessem brilhar. Até mesmo o próprio Bono já disse que se não fosse pelo Thin Lizzy, eles nunca teriam chegado onde chegaram.
- Bandas mais recentes, como o The Script e o cantor Hozier continuam carregando o nome da música irlandesa mundo afora. A mensagem que o museu passa é que há muitos músicos talentosos no país e que o ciclo continuará se renovando.
No final, achei que a visita ao museu valeu a pena, mas principalmente porque eu já conhecia todas as bandas mencionadas por lá, então foi uma experiência mais gostosa, sabe? Quando a guia falava do fulano ou ciclano, eu sabia de quem ela tava falando. No entanto, achei que faltou um pouco mais, principalmente sobre o U2, já que, gostando ou não, eles são a banda irlandesa de maior sucesso e expressão no mundo. Eu perguntei disso pra guia e ela disse que muita coisa do U2 que está exposta no Little Museum of Dublin vai ser trazida e em breve o U2 ganhará uma sala própria por lá. Além disso, senti que foi um pouco corrido pois como eu falei, gostaria de ter tido mais tempo de ler tudo, ver as fotos, etc, etc.
Vale a pena fazer a visita? Bem, se você tem 16 euros sobrando, sim. A entrada é muito cara para o que eles oferecem e até entendo esse preço, já que por conta da localização, os custos do museu devem ser altos. Mesmo assim, acho que o valor poderia ser repensado no futuro.