Não sei de onde tiro essas ideias, mas a verdade é que não consigo ficar parada por muito tempo. E no caso, eu não posso - quero ter a chance de obter um bom emprego aqui, e não qualquer emprego: quero fazer o que sei e amo, que é dar aulas de inglês.
Massssss, é claro que haveria dificuldades e aos poucos vou superando-as.
A primeira é óbvia: não sou irlandesa. Parece uma coisa simples, mas ser professor de inglês num país de língua inglesa não é tarefa fácil não, acredite. Existem dezenas, centenas de professores de inglês irlandeses disponíveis - por que me contratariam, não é mesmo?
A segunda é ter uma qualificação reconhecida por aqui. Eu tenho a qualificação? Bem, tenho e não tenho.
Fiz uma pós-graduação em Recursos para o Ensino de Língua Inglesa em 2011/12 e foram mais de 300 horas de aula, sem contar a monografia de 12 mil palavras ao final. Além disso, acabei de terminar um mestrado em Ensino de Língua Inglesa, sem contar o fato de que simplesmente tenho mais de 10 anos de experiência como professora. Aliás, quando penso que já são 11 anos de estrada, me sinto muito, muitooo velha. Como passou rápido, caramba!
No entanto, para que você consiga um emprego como professor na Irlanda (e em muitos outros países mundo afora), você precisa da qualificação padrão, que é o famoso CELTA, criado originalmente pela International House e que hoje pertence à Cambridge. Esse curso oferece 120 horas e inclui muitas aulas teóricas e práticas, além é claro de dar a oportunidade do candidato praticar o que está aprendendo e dar 6 horas de aula (e ser observado em cada uma delas) e observar outras 6 horas de aula.
A minha pós-graduação foi totalmente teórica e as disciplinas trataram de assuntos parecidos com os tratados pelo CELTA - e muitas vezes até mesmo mais profundamente. No entanto, não teve nenhum componente prático e por isso esse curso não é reconhecido pelo Departamento de Educação Irlandês como válido.
Mas você nunca foi observada, Bárbara? Mas é claro que fui!
Fui observada incontáveis vezes em todos os lugares onde trabalhei e cheguei a enviar os registros dessas observações para o setor do departamento de educação que cuida disso, mas não obtive sucesso.
Uma das expectativas em fazer o mestrado é que seríamos observados dando aula, mas isso só aconteceu uma vez. Ou seja, eu ia precisar fazer o CELTA de qualquer jeito. Precisava do certificado, pura e simplesmente.
Masss como nem tudo é notícia ruim, existe a versão irlandesa desse certificado conhecida como CELT. Ele custa um pouco menos do que o original (acho que o nome Cambridge pesa muito no preço, não?) mas o conteúdo é simplesmente igualzinho. Inclusive tenho uma amiga fazendo o CELTA no momento e o cronograma dela é igual ao meu, somente mudando a sequência de uma ou outra coisa. Esse curso é reconhecido pelo British Council e válido e aceito internacionalmente também.
Então decidi que faria o CELT pra poder trabalhar aqui, e em abril contatei a escola, fiz a entrevista e uma prova que eles dão para os candidatos. Pra mim, que já dou aula há tantos anos, é até um insulto passar por essa seleção, mas faz parte, tem que fazer, não tem jeito.
Eu dei muita sorte com o timing de tudo, porque pude começar o curso na turma de agosto, uns dias após ter entregue a minha tese. Quando o curso acabar, terei uns dias livres na Irlanda antes de ir de férias pro Brasil (e as passagens estão compradas há meses, muito antes deu decidir fazer o curso). Casou direitinho!
O curso começou essa semana e tenho muita coisa pra falar sobre, mas como esse não é um blog de English Teaching, não sei se devo dar detalhes. De qualquer forma, tenho desabafado bastante com amigos e no snapchat (@nadalemm), mas na maioria das vezes só reclamo, ok?
Essa é a última fase da minha jornada em busca de um emprego aqui - quer dizer, quase a última. A última vai ser conseguir um emprego, mas first things first.