Aprender um idioma por imersão: a grande verdade

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Em janeiro de 2015 eu escrevi um post intitulado "Meu irlandês falando português" sobre o fato do meu namorado, o R. estar aprendendo português meio sem querer, só pela convivência comigo

A verdade é que esses dias eu estava conversando com ele e cheguei à uma conclusão: o R. aprendeu português por imersão. Vivendo em Dublin!

Calma, eu explico: as pessoas tem um conceito errado de imersão. Elas acham que vão morar no país que fala a língua que elas querem aprender (geralmente, inglês) e que fazendo as coisas do dia-a-dia, indo no pub, vão aprender. É o famoso "aprender na rua". Quantas vezes não ouvi gente dizendo que o inglês mesmo se aprende na rua, convivendo com os locais? 

Só que o que essas pessoas não sabem é que ninguém vai ter paciência de ajudá-las a melhorar a fluência no idioma. Você acha que o fulano do pub vai te corrigir se você falar errado? Aliás, você acha que dá pra confiar no fulano do pub, só porque ele é nativo no idioma? Já parou pra pensar que, se um estrangeiro estivesse num bar ou balada no Brasil, ele conseguiria melhorar o seu português tranquilamente com qualquer um naquele estabelecimento?

Acho que você sabe a resposta, né?





Eu sei que vira-e-mexe eu bato na tecla de que o nativo nem sempre é a melhor pessoa pra te ajudar no aprendizado de uma língua, mas é importante desmistificar esse conceito. Muitas vezes as pessoas acham que vão subir de nível no idioma morando no país que fala a língua, mas se esquecem que, muitas vezes, o contato que elas terão com os falantes avançados daquela língua poderá ser bem pequeno.

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Vou dar um exemplo: aqui em Dublin há muitos estrangeiros. Gente de tudo que é lugar.

Se você vem pra cá querendo aprender inglês, provavelmente vai perceber que a comunidade brasileira é bem grande, assim como a espanhola, italiana, polonesa, etc. E vai perceber também que muitas vezes os seus amigos serão outros estrangeiros que também estão aqui pra aprender inglês e que não vão te ajudar com o SEU inglês. Vai perceber que às vezes os funcionários das lojas são imigrantes também e algumas vezes, tem um inglês meia-boca. Vai perceber que tirando as aulas na escola (e quem lê o blog sabe o que eu sempre disse sobre a qualidade dos professores nativos nas escolas aqui), você não vai melhorar o seu inglês de maneira brilhante, como num passe de mágica.

Você estará aqui de corpo presente, mas a imersão verdadeira não é essa.

Vamos voltar ao caso do irlandês que aprendeu português sem morar no Brasil, no caso, o meu namorado, o R. Desde que começamos a namorar ele demonstrou interesse por português e eu, como boa amante de línguas AND professora sempre quis ensiná-lo particularidades, palavras novas e expressões. O tempo foi passando, as palavras viraram frases e de repente, ele praticamente entendia tudo do que eu falava!

No entanto, como ele nunca teve aulas formais, compramos material de PLE (português como língua estrangeira) pra ele da última vez que estivemos no Brasil (abril de 2015) justamente pra ele ter esse contato com o idioma de uma forma diferente. A ideia é que após estudar com esse livro, procuraríamos uma escola que contasse com professores qualificados para que ele pudesse avançar.

Abrimos o livro há uns meses pra começarmos a estudar e levamos um susto: tá muito fácil pra ele. Ele simplesmente sabia tudo.

Tudo que o R. aprendeu, meus amigos, foi por imersão. Vivendo comigo. Me ouvindo pelos skypes com a família, com as conversas com os amigos brasileiros por aqui. Falando com ele, interagindo com ele. Mas o mais importante: através de constante reforço e feedback.

Pelo fato deu estar corrigindo sua pronúncia, a troca de gênero das palavras, as conjugações verbais o tempo todo, ele sempre teve um feedback constante dos erros que estava cometendo e de que como podia melhorá-los. E também foi sempre encorajado, já que eu sempre o elogiei (e não porque eu sou suspeita pra falar - amigos e família também sempre o elogiam!). A verdade é que a imersão é excelente, mas se você não tem orientação nem feedback de alguém que sabe o que está falando... bem, aí imersão é que não é!

ps.: A pesquisa do blog ainda está rolando, você já respondeu? Prometo que é rapidinho e vai me ajudar pra caramba! :)
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