Cara, nessas últimas semanas eu tava numa abstinência absurda de dar aula. Mas antes, um parênteses: ontem eu dei uma aula na CITAS, escola no centro onde meu colega da UCD trabalha. Dei uma aula lá porque eu precisava ser observada para um módulo no curso e como não estou trabalhando como professora no momento, esse colega gentilmente cedeu uma hora da aula dele. A saudade virou uma adrenalina, um negócio que não dá pra explicar. É muito bom estar na sala de aula.
Mas a saudade que eu sinto não é só de dar qualquer aula não, eu tô morrendo de saudade dos meus alunos.
Claro que quando a gente pensa em situações com um olhar nostálgico, naturalmente elas parecerão muito melhores do que realmente eram. O cansaço de preparar aulas por hooooras, a pressão de ligar pra responsáveis e pais de alunos, a loucura de dar aula o dia todo e até no sábado. Tudo isso praticamente o dia todo, todo dia. Correções de prova, correção de redação, preencher relatórios, observação de aula, treinamentos, workshops... Eu fazia tudo. Era uma workaholic de primeira.
No entanto, quando olho pra trás, lembro de tanta coisa boa, de tanta gente legal que conheci, de todos os momentos bacanas em sala dos professores, dos colegas de trabalho - muitos deles que são amigos até hoje. Mas de quem mais sinto saudades mesmo, é dos meus alunos.
Foram centenas e centenas de alunos, mas eu me lembro de cada um deles: das crianças, dos adolescentes, dos adultos, dos alunos particulares. As pessoas dizem que um professor pode marcar muito a vida de um aluno, mas o que elas não sabem é que muitas vezes, o aluno pode marcar ainda mais o professor. Quase sempre lembro do nome, da profissão, de como era essa pessoa em sala, de onde ela era... acredite, se você foi meu aluno, eu me lembro de você!
Lembro da E., que mal conseguia pronunciar "my last name is..." e ao final do curso conseguia se apresentar, falar do que gostava, tudo em inglês. Lembro do C., super dedicado, bom aluno, interessado e que acabou até sendo nosso estagiário; lembro do F., um moleque de 11 anos super inteligente e uma gracinha de educado. Também me lembro do M., na época um pré-adolescente magrinho que eu julgava ter um mega potencial pela frente (e acompanhando o mesmo no Facebook, pude comprovar que estava certa); lembro do B., uma das minhas maiores alegrias naquela turma de sábado, do R., um aluno super certinho e organizado e extremamente interessado e da L., uma fofa que falava um inglês tão gracinha e tinha uma letra linda!
Lembro com carinho dos meus alunos particulares: do T., da A., da C., da K. e do J... pessoas que certamente deixaram suas marcas em minha vida.
Há um tempo atrás fizeram uma brincadeira no facebook: se você curtisse o perfil da pessoa, ela escreveria o que pensa a seu respeito mas sem dizer seu nome. Participei, escrevi sobre um monte de gente mas também curti a mensagem no perfil de outros amigos e me surpreendi. Dois ex-alunos escreveram palavras tão generosas e tão doces a meu respeito que fiquei até emocionada. A gente às vezes acha que é só o professor de inglês, que depois daqueles 6 meses o cara nunca mais vai lembrar de você e bem... pelo jeito não é sempre assim!
Outro dia um ex-aluno da Fisk me contatou no instagram e fiquei super feliz e orgulhosa em saber que ele tá terminando a faculdade, assim como alguns outros colegas da mesma turma. Dá um orgulho, uma coisa meio de mãe, sabe? hahaha. Não dá pra explicar.
O que eu sei é que no verão passado, embora eu tenha dado aulas por aqui, não foi, nem de longe, a mesma coisa. As coisas aqui nos meses de verão funcionam de uma maneira muito diferente e rápida: os alunos ficam aqui por 2, 3 semanas e você está dando aula pra gente diferente constantemente. Não tem como criar um laço, uma conexão mais profunda, sabe? Espero poder voltar a ter um ambiente de trabalho onde possa sentir esse gostinho novamente - é certamente um dos meus aspectos preferidos dessa profissão.