Hong Kong: uma cidade ou um país?

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Acho que foi uma excelente ideia termos ido pra hong Kong nessa viagem pela Ásia. Apesar de HK já não ser parte do sudeste asiático em si, vimos a possibilidade de voar de volta pra Dublin saindo de lá e seria bacana por vários motivos - sendo que um deles seria o fato de que estaríamos numa grande metrópole, então mudaríamos um pouco o cenário de lugares mais rurais por onde passamos.

Pois bem. É até difícil começar um post sobre esse lugar porque foram vários mixed feelings nos dias em que estivemos por lá. A verdade é que por um lado estávamos super cansados da viagem e por outro, animados por estar num lugar tão único no mundo - Hong Kong tem uma população de mais de 7 milhões de pessoas e é a quarta região mais densa do planeta - ou seja, tem muita, muita gente por lá!

Além disso, tem toda aquela história de HK ter sido parte do Império Britânico e devolvida à China em 1997. Basicamente e bem resumidamente, os britânicos (mais uma vez) não gostaram de decisões tomadas pelo imperador na época de banir o comércio de ópio na região. Os britânicos na época plantavam ópio na Índia e vendiam na China, já que havia uma população enorme dependente da substância. Mas aí como não concordaram com a decisão do tal imperador, atacaram a região (obviamente tinham melhores estratégias militares, equipamentos e armas) e a tomaram para si. Tipo criança que fica revoltadinha quando não fazem o que ela quer, sabe?








No fim foi feito um acordo, e os britânicos puderam se estabelecer na área por um período de 100 anos - e por isso Hong Kong foi devolvida à China em 1997 e não tem mais nada a ver com o Império Britânico, embora sua influência esteja lá até hoje.

Pra ser sincera, até agora não entendi se Hong Kong é um país ou não. Em tese, não. A China tem essa política de "one country, two systems" que permite que HK tenha toda uma independência que praticamente a eleva à status de país, porém HK não tem exército próprio nem tampouco é reconhecida como país por outras nações. Mas tirando esse detalhe, é praticamente um país sim. Por exemplo: brasileiros precisam de visto para entrar na China, mas não em Hong Kong - faz sentido?

Um outro detalhe importante que descobri perguntando a um guia que conhecemos por lá é sobre se ele se sentia chinês ou hongkonger e ele foi categórico ao dizer hongkonger. Tipo, ele não diria que não é chinês, mas acima de tudo, é hongkonger. Eu tive a impressão de que as pessoas nascidas lá, por terem uma qualidade de vida muito maior do que as pessoas na mainland China, se sentem um pouco superiores aos chineses no geral, mas pode ter sido só uma impressão mesmo.

O fato é que HK no momento está num período de transição após ter sido devolvida à China - já se foram 20 anos desde que isso aconteceu, então serão mais 30 anos pela frente. Não há ainda muita especulação do que acontecerá após os 50 anos do período de transição acabarem - Hong Kong perderá seus direitos e será absorvida totalmente pela China? Haverá mais um período de transição? Quem viver, verá!

Por conta das décadas que os britânicos passaram por lá, somente o inglês era língua oficial entre 1883 e 1974. Somente após muitos protestos é que o chinês passou a ter status igual - nada mais justo, né? A variante de chinês falada em HK é o cantonês, mas pesquisadores temem que o cantonês seja uma língua que está morrendo - sim, eu sei que milhões falam a língua como língua nativa, mas o mandarim cresce cada vez mais e toma o lugar do cantonês. Isso tudo significa que em HK, todas as placas, menus e anúncios são feitos nas duas línguas - facilita pra nós turistas, claro. Não tivemos problema em nos comunicarmos em inglês em lojas, restaurantes ou mesmo táxis.



Mas eu falei da super população por lá, né? Pois é. Tem muita, muita gente e pouco espaço. Isso significa que há muitos prédios - aliás, Hong Kong é a cidade com mais arranha-céus no mundo! Pá!

E aí que a maioria dos hotéis que cabiam no nosso orçamento ficam em prédios. Ok, até aí, nada demais, hotéis são prédios em si, não? Mais ou menos. Em Hong Kong a coisa é um pouco diferente: muitos hotéis são na verdade quartos em determinados andares de determinados prédios. É difícil explicar, mas esses prédios são tão grandes, largos, que mais parece um mini-shopping, mas daqueles bem trash, bem podrão. Você entra, vê lojas, negócios, restaurantes e elevadores. Sobe pro seu determinado andar e vê apartamentos, entrada pra outros hotéis... é uma loucura, difícil explicar! Nós ficamos com a cara no chão quando chegamos, porque havíamos reservado esse hotel há meses e meses. E sim, lembrávamos que ele seria pequeno, mas não serviu pra nos preparar pro choque de chegar naquele lugar... muquifo total! hahaha

Nós ficamos num prédio chamado Mirador Mansion, mas o mais famoso é o Chungking mansion... vale a leitura do artigo sobre o lugar na wikipédia, é bizarro!

Nós até que fizemos bastante coisa por lá, e agora que já dei o contexto da cidade, no próximo post conto um pouco dos lugares que visitamos e o que fizemos nos nossos três dias pela cidade.


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