Toronto é uma daquelas cidades famosas que a gente ouve falar nos filmes, séries de TV... afinal de contas, apesar da capital do Canadá ser Ottawa, Toronto é onde tudo acontece. São quase 6 milhões de pessoas na grande Toronto, o que torna essa cidade uma daquelas metrópoles porém não tão caóticas.
Chegamos lá numa quinta à noite partindo de Calgary e nossos amigos foram nos buscar no aeroporto - confesso que foi ótimo não ter que me preocupar com ônibus, uber, nada disso. Eles nos deixaram no nosso hotel e no dia seguinte tive a sexta sozinha com o R. pra passear pela cidade já que os amigos estavam trabalhando e só nos encontraríamos sexta à noite.
Compramos o cartão do metrô que você recarrega e foi super simples chegar até Old Toronto. O metrô em si não demorou, estava limpo e tranquilo - bem diferente da nossa outra experiência na América do Norte, em Nova York. Chovia um pouco e estava bem mais frio do que esperávamos, então digamos que as primeiras horas na cidade serviram pra gente se ajustar um pouco. Estávamos vindo daquela região linda de Banff e foi um susto chegar numa cidadona de novo: moradores de rua, gente andando pra lá e pra cá, sujeira e um cheiro de maconha fortíssimo em muitos e muitos quarteirões (falo mais disso num próximo post).
Começamos na região da prefeitura e fomos seguindo a intuição. Tínhamos marcado uns lugares no mapa, e como tudo ali era meio perto, foi tranquilo ir andando. O sol foi saindo meio tímido e quando deu a hora do almoço resolvemos bater perna pela região de Chinatown e almoçar por lá. Isso foi bem legal! Toronto tem esses bairros étnicos bem marcados: o bairro grego, o bairro latino, etc... então realmente nos sentimos na Ásia ao ver as vitrines, as placas em chinês, os restaurantes tradicionais. Comemos dumplings num local super simples que só aceitava dinheiro físico e de lá fomos pra Kensington Market, onde vimos vários mercadinhos latinos, restaurantes mexicanos e brasileiros, gente comprando frutas na rua, etc.
Basicamente o dia consistiu em andanças pela cidade. Quando cansávamos, sentávamos em algum lugar antes de continuar. E assim passamos pelo St Lawrence's Market e Distillery District. Este último muito muito legal! Se trata de uma área industrial revitalizada que hoje tem vários cafés, lojas, restaurantes... tudo naquela vibe bem hispter que a gente ama! No fim do dia, pegamos um ônibus e encontramos os amigos porque eles queriam nos levar num restaurante que eles gostavam numa região mais chique da cidade (Yorkville), onde teoricamente várias celebridades frequentam! O restaurante era pequeno porém a comida deliciosa, e depois demos umas voltas de carro pra ver mais de Toronto à noite.
No sábado fizemos o passeio que vai para as Cataratas do Niágara, um passeio completamente surpreendente, e não pelos motivos que você imaginaria! Eu achava, por já ter ido nas do Iguaçu, que as cataratas ficavam num parque, na natureza... e não. Ficam no meio da cidade mesmo, mas é um pouquinho longe de Toronto. Então na ida paramos em uma cidadezinha cenográfica linda chamada Niagara-on-the-lake pra tomar um café reforçado antes de chegar em Niágara em si. Foi um choque! Se trata de uma cidade meio Las Vegas decadente, com vários cassinos horrorosos, placas e letreiros iluminados gigantescos, música alta... e aí, você atravessa a avenida e dá de cara com a queda d'água! Foi muito inesperado e fiquei até feliz de não ter pesquisado nada sobre Niágara antes de ir, porque foi realmente uma super surpresa!
Como Niagara tá na divisa com os Estados Unidos, é possível cruzar a fronteira - decidimos fazê-lo, mas não porque queríamos ver as cataratas do lado americano (a vista do lado canadense é melhor), mas sim porque nossos amigos queriam nos levar pra jantar num lugar que eles curtem. Foi uma experiência nova pra mim cruzar a fronteira assim de carro - você entrega os passaportes pra um fiscal e estaciona. Aí tem que entrar no prédio e aguardar eles te chamarem pelo nome. Fazem algumas perguntas, e se o visto tá ok, te liberam pra entrar. Como eu tenho o visto americano e tava ok, o R. só precisou fazer o ESTA um dia antes e foi aprovado também.
No fim, a cidade que fica do outro lado, Buffalo (no estado de Nova York) também parece cenográfica, porém de filme de terror. Não sei se porque era Halloween na época - a decoração certamente colaborou pra essa impressão, mas achei tudo extremamente caído e com cara de perigoso. Fomos num shopping - afinal a experiência americana não é completa sem isso! - jantamos e voltamos pra Toronto. Aliás, foi nesse shopping que comprei minha camisa meio de flanela xadrez, item que eu vi a grande maioria dos canadenses usando em todos os lugares possíveis!
No domingo passeamos mais uma vez pela cidade. Dessa vez, encontramos um dos nossos amigos no centro, perto da CN Tower (que decidimos não visitar) e andamos pelo píer, que é super lindinho. O lago Ontario é gigantesco e muito agradável - tenho certeza que aquela área é uma delícia no verão! Nosso amigo contou do passeio até a ilha Ward, que fica a uns 15 minutos de ferry de Toronto (eu disse, o lago é enorme). É dessa ilha que você tem a vista panorâmica daquele clássico de cartão-postal de Toronto com o lago na frente e os prédios e torre ao fundo.
Porém essa ilha não é inabitada; a Ward Island contém diversas casas e moradores. As casas parecem de boneca com suas decorações meio fantasiosas e janelinhas pequenas, e como na ilha carros não são permitidos, os caminhos são tão apertadinhos, é uma paz! A gente deu a volta na ilha batendo papo e nem vimos o tempo passar. Valeu a pena demais! Na volta ainda fomos comer num restaurante afegão super simples que é um dos preferidos do meu amigo W. - e isso sim é algo incrível nessa cidade. A variedade de pessoas, culturas, culinárias... tem uma infinidade de opções.
Então qual o saldo de Toronto? Olha, se não tivéssemos amigos lá eu teria achado tudo bem do sem graça. É uma cidade que em alguns momentos nos lembrou uma mini-Nova York, em outros, apenas uma cidade aleatória sem muita personalidade, sabe? Entendo que o Canadá é um país jovem, e não tem como comparar com as cidades históricas que encontramos na Europa. Mas assim: eu iria pro Canadá apenas pra conhecer Toronto? Acho que não! Agora, não me leve à mal: se pra turismo achei que a cidade deixou um pouco a desejar, tenho certeza que pra moradores a coisa não é bem assim: pelo que lemos e conversamos com nossos amigos que já estão lá há anos, a qualidade de vida é altíssima, e embora o custo de vida seja alto, os salários acompanham. Não é fácil comprar um imóvel, por exemplo, mas o governo dá um suporte muito legal pras pessoas de modo geral e durante a pandemia tiveram muito apoio e benefícios.
No próximo post vou contar sobre Ottawa e algumas impressões gerais sobre o Canadá!