Yangon, a maior cidade de Myanmar

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Yangon foi capital de Myanmar até 2006 e tem uma população de 7 milhões de pessoas. Trata-se da maior e mais importante - no sentido econômico - cidade do país inteiro. É cidade com o maior número de prédios coloniais do sudeste asiático inteiro - graças ao domínio Britânico. Tem algum lugar no mundo onde esses caras não foram se enfiar? Afff.

Yangon abriga o maior templo budista do país, a Shwedagon Pagoda e no geral, a cidade em si não é tão atrativa quantos os outros lugares por onde passamos em Myanmar. A infra-estrutura não é exatamente incrível, ainda mais quando a gente compara as capitais da região. Mesmo assim, nossos dois dias por lá foram super bem aproveitados e só reafirmaram nosso amor por esse país foda!

Chegamos em Yangon na manhã do dia 19 de março de 2018. Na verdade, saímos de Bagan na noite anterior e após umas 10 horas de viagem, desembarcamos no nosso destino. A empresa de ônibus disse que nos deixaria no hotel - o que seria ótimo. No entanto, quando chegamos na entrada de Yangon tivemos que todos descer do ônibus e fomos reagrupados em outros ônibus - acho que pra separar quem ia pra região X quem ia pra região Y....



O problema é que não sabíamos onde era o hotel, obviamente. E o motorista não falava inglês. O ônibus tava lotado (não era ônibus de viagem) e ficamos pensando: como avisar pro motorista onde vamos descer? Por sorte, tínhamos 3G no celular e fomos olhando no mapa. Quando vimos que aquela região era a região do nosso hotel, pedimos pra descer. Ali na avenida conseguimos um táxi e em menos de 5 minutos chegamos no hotel. 

E aliás, o pessoal desse hotel tratou a gente tão bem que eu queria ter abraçado todos quando fomos embora, rs. O quarto já tava pronto e poderíamos fazer o check-in, o que foi essencial pra gente dormir por umas horinhas antes de sairmos pra explorar.

Nossa primeira parada foi a Sule Pagoda, local com mais de 2.500 anos de idade! Ao entrarmos um rapaz ofereceu um tour guiado e resolvemos fazê-lo, o que acabou sendo uma ótima decisão, porque ele explicou várias coisas que nos ajudaram a entender mais das estruturas dos templos e pagodas, até porque nós visitamos dezenas de lugares assim na viagem toda.

Ele explicou que no budismo há 8 dias da semana, cada um desses dias sendo representado por um Buda. Então quando você vai no templo, vai agradecer/rezar pro seu Buda que corresponde ao Buda do dia da semana em que você nasceu. O guia tinha um aplicativo no celular pra calcular os nossos - o meu é terça-feira. Sendo assim, fomos até o Buda da terça-feira. Chegando lá, eu tive que pegar um copinho com água e ir molhando o Buda - oito vezes no total. Cada uma dessas representa alguma coisa - agradecer pelos ensinamentos, pai e mãe, saúde, etc. Além disso, cada Buda tem um número da sorte e um animal (os meus são 8 e leão respectivamente).






Depois passemos um pouco pela região, que é colonial, demos uma volta numa praça e seguimos pra outra pagoda, a Botataung. Ela é famosa por conter muito ouro e também fios de cabelo do Buda. Você entra por um corredor que faz o percurso dela por dentro e vai seguindo sem parar, porque é muita gente entrando.

Esse templo não foi tão impressionante/legal quanto os outros, mas mesmo assim valeu a visita. Nesse dia foi que descobrimos o tal do aplicativo de carros Grab, então foi super fácil, seguro e barato voltar pra casa naquele caos de trânsito e de cidade. Os motoristas eram sempre super fofos, e mesmo falando pouco inglês, puxavam papo com a gente, eram gentis.


Olhando essas fotos, eu jamais diria que essa cidade fica no sudeste asiático!








No nosso segundo dia em Yangon resolvemos conhecer um museu pra fazer algo assim, diferente. Até então já estávamos na Ásia há algumas semanas e nem só de praia e templo vive o homem, certo? rs. Decidimos conhecer o National Museum of Myanmar - fomos pra lá de Grab, o aplicativo maravilhoso. A corrida deu uns bons 40 minutos e custou 4100 kyat - menos de 3 euros.

Chegando lá, tivemos que deixar a bolsa/mochila com câmera num locker então apesar de ter entrado com o celular, tirei poucas fotos. A verdade é que o museu é enorme, tem diversos andares e muitas peças em exposição, mas pouca coisa que nos chamou a atenção de fato. Tipo, é um museu mais tradicional mesmo, não tem nada interativo, poucas informações em inglês e algumas salas eram até mal iluminadas. Então aproveitamos umas horas por lá e depois almoçamos num café em frente ao museu.

De lá seguimos pra grande estrela do dia - e da passagem por Yangon: a Shwedagon Pagoda, maior do país e mais visitada!



Fomos a pé do museu mesmo, e confesso que não foi a melhor das ideias. Tava calor pra caramba, eu tava de mau humor com as pernas tudo grudando uma na outra... #gordinhalife. Mas ok, chegamos, subimos uma escadaria enorme e levamos bronca de uma mulher aleatória porque não tínhamos tirado as sandálias. A gente nessa altura do campeonato já sabia muito bem que tinha que tirar os sapatos, mas ainda não tínhamos entrado no templo, né? Enfim...

Passamos pela segurança e a mulher arrumou o lenço que eu tinha amarrado na cintura corretamente e entramos.

Aparentemente essa pagoda milenar guarda várias relíquias importantes para o budismo e foi crescendo e sendo reconstruída com o passar dos anos - seja porque reis e rainhas queriam mudar e aumentar o local, seja por causa de terremotos, seja por causa do governo. Só pra citar um exemplo, em 1608 um aventureiro português chamado Filipe de Brito e Nicote chegou destruindo tudo por lá e seus homens roubaram um sino de 300 toneladas que seria derretido para que pudessem fazer canhões, mas o sino caiu no rio Bago enquanto faziam a travessia. Sem contar também nos britânicos uns 200 anos depois usando Shwedagon como um forte para se defenderem de ataques dos birmaneses.





Nós fomos pra lá no fim da tarde porque o guia da Lonely Planet recomendava ou ir bem cedo ou no fim do dia, porque a maior parte do complexo fica exposta ao sol e você não vai aguentar nem pisar no chão quente. E de fato, após às 16h o chão começou a dar uma trégua e conseguimos andar bastante - dessa vez entendendo tudo sobre os Budas diferentes (já que tínhamos aprendido no tour do dia anterior). Numa dessas, um monge sentado numa sombra chamou a gente pra sentar com ele pra conversar.

Eu já tinha ouvido falar nisso, que os monges gostam de praticar inglês com os turistas e conversam numa boa, mas mesmo assim é uma experiência bem bizarra. Eles são pessoas como eu e você, claro - inclusive munidos de seus smartphones. Mas são monges. Então conversamos um pouco sobre os lugares que tínhamos visitado em Myanmar e ele fez vários comentários interessantes sobre a Irlanda, Brasil, etc. O cara sabia muita coisa de geografia, já tinha viajado bastante e tal. Teve uma hora que eu tava cansada de estar sentada no chão de perna cruzada e descruzei e estiquei as pernas. Na hora ele me pediu educadamente pra mudar de posição porque sem querer eu apontei os pés pro Buda, e isso não podeeeee! rs







Mas enfim, foi uma experiência muito legal porque foi a nossa despedida desse país tão maravilhoso e acolhedor que foi Myanmar. Não sei se um dia voltaremos - e honestamente, acho que não quero voltar. Sei que com o passar dos anos, Myanmar vai se modernizar, se ocidentalizar, e talvez eu queira preservar essa imagem incrível que ficou na minha cabeça. Um país sem igual!
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