Aqui na Irlanda existe um
programa chamado Bike to Work Scheme. Ele funciona da seguinte maneira: é um
incentivo do governo como modo de encorajar as pessoas a irem pro trabalho de
bicicleta. O empregador paga pela bike e equipamentos (num valor total máximo
de 1000 euros) e o empregado devolve o valor através de descontos no seu
salário – e dependendo do combinado, pode ser feito em até 12 vezes. O
empregado não pagará impostos como o PRSI ou o USC, então basicamente,
dependendo de quanto você ganha (e quanto de impostos você paga), a bicicleta
acaba saindo uns 40 ou 50% mais barata!
Então basicamente você vai à
loja (a loja tem que participar do esquema, você consegue achar na internet
facilmente), escolhe a bike e equipamentos (capacete, colete, luzes, bomba,
etc.) e a loja cria um boleto que vai direto pra sua empresa. A empresa paga
esse boleto, você recebe uma notificação da loja e aí pode buscar tudo!
A empresa onde o R. trabalha
abre inscrições pra esse programa duas vezes por ano e justamente em junho
abriram uma janela de duas semanas pra quem quisesse se beneficiar desse
esquema. Muita gente por lá acaba comprando bicicleta para esposas/maridos e
filhos, então nós compramos no nome do R. mas a bike era pra mim.
Acabei indo na loja 2Wheels na
South William St porque é muito pertinho do meu trabalho. Como eu acabaria
pagando praticamente metade do valor da bicicleta, pude escolher uma que fosse
um pouco mais cara, ou seja, uma que eu não poderia pagar normalmente, valor
cheio. Eu queria a bike mais leve possível dentro do meu orçamento – porque
assim, quanto mais leve a bike mais fácil de pedalar, mas mais você terá que
desembolsar. Então dentro do meu orçamento fiquei entre dois modelos e optei
por uma cujo freio era super moderno e exigia bem menos manutenção do que esses
freios de borracha.
Mas o engraçado foi escolher o
tamanho certo de bicicleta, porque o cara da loja me explicou que o correto é
você estar sentado na bike e conseguir encostar no chão com a pontinha dos pês.
E bem, na minha bicicleta antiga eu não conseguia fazer isso, precisava me
jogar pra um lado só pra encostar o pé todo no chão ou vou pra frente, saindo
do banco, pra conseguir pisar no chão.
Então quando ele viu minha altura, falou que o frame da bike pra
mim deveria ser pequeno. E quando me mostrou um modelo quase cai pra trás: “Mas
moco, isso é bicicleta de criança!”.
Escolhido o modelo, também
resolvi investir num bomba melhor, dessas que você usa duas mãos e também um
protetor pro pneu de trás pra que quando chova ou não molhe meu traseiro,
risos.
Minha linda! |
Umas três semanas depois de
darmos início no processo recebi uns e-mails dizendo que tava tudo ok e poderia
buscar a bike no fim de semana. Agora, o que já ia esquecendo de comentar é que
justamente na minha primeira semana de trabalho nesse verão, uns 10 dias antes
de ter minha bike nova em mãos, minha bicicleta antiga morreu.
O pneu de trás tava murchando
toda hora, então levei numa bicicletaria pro cara arrumar pra mim. Ele disse
que o pneu tava careca, então precisaria trocar o pneu. Como ele cobrou só 15
euros, achei ok e tudo bem. Depois que busquei a bike lá, senti meu pneu de
trás meio estranho, como se os freios estivessem segurando o pneu o tempo todo,
sabe? Achei que meus freios estavam ruins, mas nem liguei porque sabia que em
breve já teria minha bike nova e o meu plano era, assim que tivesse a bike
nova, fazer uma manutenção na antiga, lavá-la e vendê-la.
Pois bem, no meu segundo dia de
trabalho uns 5 minutos depois de sair de casa, a bicicleta me trava no meio do
caminho. Tipo, eu tava pedalando e de repente ela travou! Levei um susto, quase
cai – e isso foi bem naquele pico de trânsito de ciclistas no rio, aí a
ciclista atrás de mim disse que era o meu pneu e me ajudou a colocar a bike na
calçada. Quando olhei pra trás nem acreditei: o pneu estava completamente torto,
como se um carro tivesse passado por cima, foi muito estranho! Fiquei
desesperada, liguei pro R., dei uma choradinha e prendi ela num poste e corri
pra pegar o LUAS pra poder chegar a tempo.
Como isso calhou com esse
emprego novo e com a chegada da minha amiga A. lá em casa, deixei a bicicleta
com cadeado no poste por dias. Buscamos depois, o R. levou na bicicletaria pra
mim, mas a resposta não foi muito positiva: pra consertar a bike e vendê-la
depois não compensaria e a recomendação foi vender as partes da bicicleta, já
que tirando o pneu de trás que entortou, está tudo muito bom - banco, guidão,
corrente, etc.
Então agora preciso arrumar
tempo e oportunidade de levar essa bicicleta em algum lugar pra ou vender as
partes ou tentar arrumar o pneu de trás e vender. Por enquanto ela está parada
aqui – e se você souber de alguém que tenha interesse, entra em contato comigo?
De qualquer forma, já estou com a bicicleta nova em mãos e muito
muito feliz. Apesar de ter caído dela logo no meu segundo dia pedalando-a, ela
é super leve, as marchas mudam com muita facilidade e suavidade e eu não sou
mais a lerdinha do pedaço sendo ultrapassada por todos os ciclistas da cidade.
Tenho um novo amor pra chamar de meu! <3