Chegamos no local onde começaria o walking tour (de praxe, já que em toda cidade onde o tour existe, estamos lá!) e qual foi nossa surpresa ao ver que o guia era irlandês! :)
O tour meio que já começa na Amsterdã Medieval, ou, em termos populares, o tal do Red Light District. Ali, bem no meio desse local conhecido por atividades ~adultas~ há uma igreja, local onde navegadores e marinheiros paravam pra pedir perdão aos padres pelos seus pecados (cometidos justamente com as prostitutas da área) - vale lembrar que o perdão era concedido com o pagamento de uma certa quantia.
Durante o dia, quando passamos ali, já deu pra ver algumas mulheres nas vitrines - algumas jovens, outras um pouco mais velhas e "fora do padrão" - o guia do walking tour disse que durante o dia os preços acabam sendo mais baixos e há ruas dedicadas à mulheres mais específicas, tipo mulheres mais velhas, gordinhas, etc. Mas o negócio ferve mesmo à noite, mas segura que eu conto em outro post como é que é o tchan de lá.
O walking tour foi muito interessante no sentido de conter muita informação histórica sobre a cidade e sobre o modo de ver o mundo dos holandeses - por exemplo, eu nem havia me tocado que ali havia sido fundada a Dutch India Trad.. Company, aquela que a gente aprende na escola como Companhia Holandesa das Índias Orientais! Basicamente, a primeira multinacional do mundo, criada em 1602. Além disso, também foram a primeira empresa a vender ações.
Outra coisa que aprendemos no tour é que durante a Reforma na Holanda, surgiu a filosofia do "to see through someone's finger" (to turn a blind eye, fingir que não tá vendo) que é o seguinte: basicamente qualquer coisa pode rolar no país, desde que você 1) seja quieto, 2) não machuque ninguém e 3) dê algo para a sociedade. Sendo assim, a Holanda acabou se desenvolvendo nesse país que a gente considera tão liberal, já que você pode fazer o que quiser, desde que siga esse pensamento acima. Interessante, né? Tipo... quer ser prostituta? Ok. Contribua com impostos pra sociedade, não machuque ninguém nem faça alarde. Enfim, o guia deu outros exemplos de coisas do dia-a-dia que utilizam essa filosofia por lá.
Ah, a Holanda foi o primeiro país a permitir o casamento gay e há um monumento sobre isso bem ao lado de uma igreja. Que país!
Uma coisa que me chamou a atenção em Amsterdã é como os prédios são estreitos - isso se deve ao fato de que lá, você acaba pagando o imóvel por largura e isso influencia a arquitetura:
E claro, eu não poderia deixar de falar do que eu mais queria ver na capital holandesa: as bicicletas! Gente, é muita bicicleta. Eu meio que tive um preview quando estive em Copenhagen em fevereiro deste ano, mas Amsterdã são ooooooutros 500. Todo mundo pedala pra cima e pra baixo e os ciclistas não dão a mínima pros pedestres e turistas. Passam por cima mesmo! Eu perguntei pro guia o porquê de Amsterdã ser uma cidade tão bike-friendly e ele disse que nos anos 70 rolaram muitos protestos por conta de mortes em acidentes de trânsito, já que tava rolando um boom na indústria automobilística e todo mundo tinha carro. As pessoas foram às ruas, pararam tudo e assim começou o desuso de carros na cidade pra dar lugar às bicicletas. Por essas e outras que eu tenho fé que São Paulo um dia também terá muitas ciclovias!
Amsterdã é uma cidade interessantíssima e LOTADA de turistas. Meu amigo, se você acha que tem muito turista em Paris é porque você não viu Amsterdã. Tudo tinha fila, tudo tinha gente - o que até me irritou em alguns momentos. Além disso, a entrada pras atrações tem preços elevadíssimos então prepare o bolso!
Como eu ainda quero falar do Museu do Van Gogh, Red Light District à noite e outras coisas legais e esse post já está grandão, vou parando por aqui. :)