Chegada em Seoul e diferenças entre Coreia e Japão

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Desembarcamos na capital da Coreia do Sul na sexta dia 2 de junho de 2023, num voo da Jeju air que saiu de Osaka, Japão. Nosso voo pousou no aeroporto de Gimpo - ao contrário do que pensávamos. Explico: tínhamos lido sobre qual ônibus pegaríamos do aeroporto até o hotel, tudo certo. Não tínhamos reservado nada em especifico pois pensamos que daria pra comprar na hora mesmo, e ainda bem...


No aeroporto de Osaka, nos demos conta de não estávamos indo pra Incheon, e sim, Gimpo! Confundimos totalmente! Por sorte, deu pra pesquisar antes e vimos que tinha um ônibus parando perto do nosso hotel em Insadong. Pegamos o avião.


Ao chegar em Gimpo, tudo tranquilo na imigração: só precisamos mostrar nossos k-eta e logo vieram nossas malas também. Comemos um lanchinho por ali mesmo e confirmamos no balcão de informações que poderíamos pagar o ônibus com dinheiro mesmo, beleza. Porém assim que o ônibus veio, percebemos que não, não dava pra pagar com dinheiro - somente moedas ou o cartão próprio de transporte público! Bateu um leve desespero porque o ônibus saiu do aeroporto, o motorista não falava inglês, e a gente mostrando Apple pay, cartão de débito, notas, tudo... no fim, colocamos as poucas moedas que tínhamos na caixinha e morremos de vergonha!







Esse era um ônibus comum e que levou cerca de 1h pra chegar na região de Insadong, mas foi ótimo pra ir tendo uma ideia do tamanho, da dimensão da cidade. Pelo caminho fui pensando muito em São Paulo, como se tivesse passeando pelos bairros "bons", arborizados e chiques de São Paulo, sabe?


Chegando em Insadong, conseguimos pelo combo Google Maps e Naver Map, chegar até o hotel. Sim, o Google Maps é meio hit-and-miss na Coreia, e eles usam mesmo o Naver. Então eu já tinha me preparado e familiarizado com esse aplicativo antes de irmos, e usando um pouco de cada conseguimos fazer tudo por lá!


Focamos no que precisava ser feito logo: colocamos roupa na máquina (do hotel) e procuramos um caixa eletrônico pra sacar dinheiro. Muitos caixas não aceitam cartão estrangeiro na Coreia, mas por sorte tinha um próximo ao hotel. Depois disso, de termos descansado um pouco e das roupas terem lavado e secado, saímos pra jantar por ali mesmo e provamos nosso primeiro churrasco coreano. A garçonete vinha preparar as carnes na chapa que ficava na nossa mesa, e ia indicando com quais temperos ou acompanhamentos poderíamos ir experimentando, porque era muita coisa mesmo! Vários pratinhos com diversos tipos de repolho e coisinhas apimentadas.




Saindo de lá, eu tava com vontade de um docinho e vimos um café ainda aberto na rua principal. Subimos. A vibe era uma delícia, uma atmosfera super tranquila, e embora o café fosse fechar logo, conseguimos pedir um pedaço de bolo. Só que aconteceu uma coisa engraçada: começou a tocar uma música super fofa, mas o meu Shazam não conseguiu detectar o nome. Fui até o caixa e perguntei pra moça qual o nome da música... mas era coreano! Ela pegou o celular dela, procurou, procurou... e achou, mas o nome em coreano! Tirei uma foto do celular dela mesmo, agradeci e fomos embora.


No hotel, tive que usar uma mistura de google tradutor, sorte, astúcia e achei a música! Olha que fofa: https://www.bilibili.com/video/BV1AM411L7n2/


Ah, ainda nesse primeiro dia conseguimos comprar o cartão de transporte chamado T-money numa unidade da loja de conveniência 7/11. Ele é super fofinho, você pode escolher qual estampa/personagem quer no seu cartão e ir colocando mais crédito conforme precisa. Usamos o cartão tanto para o metrô como para o ônibus, e dá pra usá-los em outras lojas sem Seoul também.




No nosso segundo dia na cidade, acordamos cedo e pegamos o ônibus - que mais parecia uma lotação mesmo! - pra área de Bukchon Hanok village. Tínhamos feito a reserva para usar o hanbok, vestimenta tradicional coreana, numa loja chamada One Day. Recomendo a reserva porque essas lojas de aluguel ficam cheias muito rápido, e enquanto estávamos lá, por exemplo, vimos gente ser mandada embora de mãos vazias pois não tinham feito reserva e não havia mais horários disponíveis.


Vestir o hanbok foi uma experiência bem menos formal do que a do quimono no Japão. Mesmo assim, você escolhe suas peças (a blusa é separada da saia) e uma funcionária te ajuda a se vestir, mas como a saia é pendurada no ombro com alças, é bem menos trabalhoso. Você coloca também uma anágua pra dar volume, e após estar vestida, uma cabeleireira ajuda com o penteado e acessórios no cabelo. Elas amarram uma fita que no cabelo que faz parte do look hanbok também, a coisa mais linda! 


Muitos palácios não cobram a entrada pra quem está vestido de hanbok, então aproveitamos pra fazer dois passeios enquanto vestíamos essa roupa: a vila Bukchon Hanok e o palácio Gyeongbokgung.


A vila em si fica localizada no topo de uma colina e consiste em torno de 600 casas tradicionais coreanas. Embora seja um ponto turístico por conta da arquitetura e história, as pessoas ainda moram nessas casas. Portanto, há várias placas pedindo silêncio e respeito em relação aos moradores. E eu entendo o porquê de tantos turistas visitarem esse lugar: as vielinhas e suas casas decoradas são muito charmosas, muito lindas, e um cenário maravilhoso como pano de fundo das fotos - principalmente pra quem tá vestindo o hanbok!


aluguel hanbok coreia


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A poucos minutos a pé de distância fomos ao Gyeongbokgung, construído originalmente em 1395 e considerado um dos 5 grandes palácios da dinastia Joseon. Obviamente que durante a ocupação japonesa ele foi destruído, mas nos anos 60 foi classificado como propriedade cultural e desde então vem sendo reformado e cuidado. É um complexo enorme com vários portões de entrada, e lá dentro são vários "mini" palácios, jardins, espaços abertos, etc. Graças aos céus tinha muita sombra também, o que ajudou porque o hanbok dá um calor desgraçado. Andamos um pouco, fizemos muitas fotos, e aí decidimos devolver as roupas pra continuar passeando mais livremente, sem eu precisar me preocupar em não arrastar a saia no chão cheio de areia.









Almoçamos por ali mesmo, e já sem o peso do hanbok, fomos para um outro palácio na região: o Changdeokgung. Ele serviu como residência real até 1592 e foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1997. Até chegamos a ver um tour guiado sobre o qual lemos no nosso guia de viagem, mas acabou que os dias/horários não iam funcionar pra nós e deixamos pra visitar sozinhos - o que tem seus prós e contras. Eu aconselho tentar visitar pelo menos um dos palácios com guia pra entender melhor a história, curiosidades, etc.









O dia estava quente, porém belíssimo. Decidimos continuar passeando e pegamos o ônibus pra praça Gwanghwamun. Além de um espaço público maravilhoso, por ali ficam vários prédios administrativos do governo e contém estátuas do Yi Sun-sin (militar famoso por ter lutado contra a invasão japonesa) e Sejong, o Grande (responsável pela criação do hangul, alfabeto coreano e considerado um dos maiores líderes da história do país).


A vibe nesse lugar é totalmente familiar, deliciosa. Muitas famílias passeando com cachorros, fazendo pique-nique, aproveitando as fontes de água, brincando com crianças. Realmente deu pra ver que os coreanos fazem muito uso desses espaços públicos. Pudemos ver o mesmo a poucos metros de distância, no riacho Cheonggyecheon, que tem mais de 5km de extensão e é maior parque horizontal urbano do planeta. E olha que interessante sua história, retirada da Wikipédia:


Até 1406, ele estava em seu estado natural e, por isso, quando chuvas fortes atingiam a região, o riacho inundava. Já na década de 1940, o riacho começou a ficar obstruído em razão da grande quantidade de lixo e efluentes de esgoto nele despejados. Suas margens eram local de comércio onde encontravam-se mercadorias baratas de segunda mão. O cheiro de esgoto estava constantemente no ar, o que motivou, em 1958, a construção de uma cobertura de concreto sobre o leito do rio que causou aumento do nível de poluição sonora e do ar. Já em 1968, uma via expressa elevada foi construída para resolver os problemas de tráfego local, já que a pressão econômica com o rápido crescimento da Coreia se fez presente. Finalmente, em 2003, o projeto de restauração do riacho e de seus arredores se iniciou.


Dá pra ver que esse projeto de revitalização da área foi extremamente bem-sucedido: hoje as pessoas aproveitam as margens do riacho pra descansar, passear e curtir os dias de sol.






Já era fim do dia, e pegamos mais um ônibus de volta pro hotel pra dar uma descansada antes de sairmos de novo: dessa vez, íamos encontrar um amigo que fez o metrado comigo aqui na Irlanda. Ele é irlandês, mas casado com uma coreana e estão morando lá por enquanto. Foi maravilhoso poder revê-lo e poder ter mais insights sobre a cultura coreana por alguém de fora que está inserido nesse contexto há muito tempo. Ele é fluente em coreano e nos mostrou diversas coisas interessantes, como por exemplo: no restaurante, geralmente os talheres/palitinhos ficam numa gaveta embaixo da mesa, e a pessoa mais nova deve servi-los à todos na mesa! 


Aliás, os palitinhos coreanos são bem diferentes dos japoneses, feitos de metal e mais retos do que arredondados. Com o T., meu amigo, provamos chá de milho, noodles transparentes, mais kimchi e também a hotteok, uma panqueca doce recheada com mel super quente vendida em barraquinhas de rua. Também fomos à uma casa de chá e fui servida pelo dono do estabelecimento, um senhorzinho que veio explicar como se servia a água, quanto tempo deveria esperar o chá apurar, como beber, etc. Coisa séria mesmo!





Ainda tínhamos alguns dias na Coreia, mas eu já tava fascinada pelas diferenças de arquitetura, culinária e comportamento entre Japão e Coreia. Foi inevitável ficar fazendo essa comparação!


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