Walking tour em Vilnius

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Sempre que viajamos, tentamos fazer um walking tour. Essa dica eu aprendi com minha amiga Bia logo que vim pra Irlanda e nunca mais larguei. É uma ótima forma de ver os pontos principais da cidade, aprender mais sobre sua história e curiosidades por um preço bem acessível. E em Vilnius, não seria diferente. Vi a dica da empresa que fazia o tour no blog dela e anotamos pra participar no domingo, já que no sábado chegamos tarde e não daria tempo.

E que tour bacana! O guia era um lituano que havia passado os últimos 10 anos morando em Dublin e resolvido voltar à sua terra. Eles começou a fazer tour há pouco tempo para complementar a renda, já que como mencionei no post anterior, desde que a Lituânia entrou pra União Européia e adotou o euro o custo de vida subiu muito e ficou difícil pra todo mundo.

Começamos no prédio da prefeitura, onde o guia contou uma história engraçada e triste ao mesmo tempo. Em 2002 o então presidente do EUA, George W. Bush, visitou o país e demonstrou um intenso suporte à Lituânia. Suas palavras causaram um impacto tão grande que fizeram até uma placa lindona e colocaram lá na prefeitura. Masss, alguns meses depois descobriram que o Bush usou o mesmo discurso em vários países europeus que ele visitou depois, ou seja... eles não eram assim tão especiais, rs.


De lá passamos por uma região onde havia o maior gueto judeu da Lituânia na época da 2ª Guerra. Vilnius na verdade já foi conhecida como a Jerusalém do Norte com suas 110 sinagogas! No entanto, com o extermínio e genocídio comandados pelos nazistas, apenas 5% dos judeus sobreviveram (mais informações nesse artigo super interessante). A Lituânia foi o país que mais perdeu população judaica na Europa!





De lá seguimos por umas ruazinhas super fofas onde o guia explicou mais sobre uma grande paixão nacional: basquete! Eles já foram campeões várias vezes e o esporte é super querido por todo mundo - sabe no Brasil, que você vê qualquer criança jogando futebol na rua e tal? Pois é, na Lituânia, é o basquete em todo lugar - inclusive vários dos jogadores da NBA são lituanos!

Atravessamos o rio onde o guia explicou sobre a República de Uzupis. Trata-se de um bairro em Vilnius reconhecido pela UNESCO cujo nome traduz como "do outro lado do rio". É uma região boêmia onde vários artistas expoem suas obras de arte e onde se prega liberdade, paz-e-amor, aquela coisa toda.





Em 1997 os residentes da área se declararam independentes com sua própria bandeira, moeda, presidente, exército e constituição. Sua independência é comemorada no dia 1 de abril, então claro, se trata de uma brincadeira. Em sua constituição, no entanto, eles falam sobre várias coisas interessantes (e outras bem brincadeiras mesmo), como "as pessoas tem o direito de morar próximas ao rio Vilnele", "um cachorro tem o direito de ser um cachorro" ou "as pessoas tem o direito de serem felizes ou infelizes". A constituição foi traduzida para mais de 20 línguas, mas infelizmente não vi a plaquinha em português! No entanto, até pro irlandês eles traduziram, é mole?



Passamos também pela igreja de St. Anne, uma construção gótica belíssima e que ajudou essa região de Vilnius ser considerada patrimônio da UNESCO. Originalmente ela foi construída pra Grande Duquesa da Lituânia, Anna, mas como era feita de madeira, foi destruída num incêndio em 1419. Aí o rei da Polônia e o Grande Duque da Lituânia se juntaram pra mandar reconstruir a mesma - e há até uma lenda involvendo o Napoleão. Diz que após ele ter visto a igreja, queria levá-la pra PAris na palma de sua mão.

Enfim, em 2009 (!) os toques finais foram feitos, o teto foi trocado e algumas partes reconstruídas. A igreja é linda mesmo - ainda mais com a paisagem ao redor branquinha de neve - mas não tivemos o interesse de entrar pra ver ela por dentro.




Por fim, passamos por uma rua super fofa e bem literária. A Literatu street (Literatų gatvė) consiste de vários muros que funcionam como um museu a céu aberto: são vários tipos de decoração e arte que homenageia artistas, escritores, tradutores, enfim, todo mundo que já foi importante pra literatura lituana. É uma galeria de arte mesmo!

Enfim, a Lituânia acabou sendo uma bela surpresa pra nós, que ficamos super interessados em sua história e tivemos dois dias super agradáveis (e frios) por lá. Não acho que as pessoas estejam necessariamente correndo pra ir conhecer a Lituânia, mas de verdade, não é bom ter essas surpresas de vez em quando?










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