Licença-maternidade na Irlanda

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Esse post vem com muito tempo de atraso, mas como sempre, pra mim o que mais importa é o registro em si. Quando eu estava de licença-maternidade, usava muito o instagram como um apoio: pra desabafar, reclamar, pedir conselhos e também compartilhar. Mas, a gente sabe que as redes são efêmeras, e sabe-se lá se as informações presentes ali sumirão no futuro. Além disso, como dei uma pausa do instagram em si (e mesmo agora que voltei, tenho ficado somente uns minutinhos por dia), achei que poderia trazer algumas coisas discutidas lá, pra cá.


A minha ideia com esse post não é explicar como funciona a licença-maternidade na Irlanda, pagamentos, direitos, nem nada disso - isso aí tá tudo no Google hahaha. Na verdade eu queria contar um pouco sobre como foi a minha licença - as coisas que fiz, não fiz, os lugares que descobri, atividades com bebês, e tudo que me fez sobreviver um pouco à esse período tão complicado! 


Vou pular a parte da depressão pós-parto, dos dias sem parar de chorar, da raiva, angústia e vontade de sair correndo pras colinas e vou direto pra quando a P tinha uns 4 ou 5 meses de idade: foi quando de fato comecei a me sentir mais corajosa em sair de casa com uma neném tão pequena. Comecei com umas aulas de baby massage oferecidas pela própria maternidade e foi muito bom pra começar a me acostumar com essa rotina de tomar café da manhã correndo, arrumar a bebê sozinha e pegar o carro.




O que aprendi em 3 meses sem instagram

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Sempre fui das redes sociais, das novidades, da tecnologia. Poxa, chegamos a ter Windows 95 lá em casa! Por influência do meu pai, o interesse nessas coisas sempre esteve presente. E não foi diferente com smartphones, aplicativos, redes sociais. Mas, como contei nesse post aqui, chegou um momento em que eu percebi minha vida tomada por uma raiva, um incômodo, e eu sabia que precisava dar um tempo. As redes, principalmente o instagram, tavam me fazendo mal.


Não achei que fosse durar tanto tempo, mas também adianto que não fiquei esses 100 dias sem entrar nenhuma vez. Apaguei o aplicativo do celular, mas de junho à setembro, em umas 3 ou 4 ocasiões, entrei pelo navegador pra ver mensagens e começar uma limpa na lista de quem eu seguia. Só então baixei o aplicativo de volta, mas ainda sem postar. Coloquei o timer pelo próprio iphone pra não passar de 15 minutos diários e fiquei em choque em como esses 15 minutos passam voando.


Mesmo eu não tendo mensagem pra responder, não tendo postado nada. Só de ver alguns stories (da minha lista já limpa e mais seleta!), os 15 minutos se vão muito, muito rápido. E aí é mais uma prova de como aquilo é um buraco negro sugador de tempo alheio...


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Agosto e os meses "ber"

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Agosto foi, assim como junho e julho, um mês muito cheio de atividades. Algumas por teimosia e insistência minha em sempre ter algo no horizonte, outras por acaso do destino ou planos feitos há tempos atrás. De qualquer forma, acho que a melhor forma de viver, pelo menos pra mim, é estar assim ocupada. É cansativo e às vezes dá vontade de não fazer nada, mas depois de fazer nada por um curto período de tempo, fico entediada.


E o que rolou em agosto? Encontro com outros amigos que tem filhos foi o mais notável! Começamos o mês almoçando com um casal de amigos do R que mora perto da gente - na verdade, o cara trabalhou com o R por muitos anos na antiga empresa. Eles tiveram filho poucas semanas antes da gente após muitos anos de tentativas e perdas, então ficamos muito felizes por eles.


Num outro fim de semana, fomos num evento para famílias em Farmleigh. Quem me contou desse evento e me convidou foi a M, uma mãe que conheci numa dessas aulinhas pra criança que eu levava a P quando estava de licença-maternidade. No fim foi uma delícia, tava um dia lindo e a gente até participou de uma leitura do livro novo da minha amiga Tarsila, que tava fazendo evento por lá.



Éramos 3, agora somos 10

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Conheci a A e a C quando trabalhei na Cultura Inglesa, no longínquo 2011. A gente se deu muito bem de cara, e além de passar os intervalos do trabalho batendo papo, muitas vezes pegávamos o metrô na saída do trabalho juntas, fora fazer uns rolês além do horário de trabalho quando possível.


Na verdade, nem trabalhamos juntas tanto tempo assim, porque eu mesma vim pra Irlanda em 2013 e elas mudaram de filial na época - então no fim das contas, a gente conviveu pouco tempo, porém o impacto foi profundo. Além disso, o destino deu um jeito de colocar a gente em caminhos parecidos, mas em lugares diferentes do planeta: em vim pra Irlanda fazer o que seria inicialmente um intercâmbio de 1 ano (que virou imigração que já dura 12 anos); a C conheceu um holandês numa viagem pela Europa na mesma época, namorou a distância e se mudou pra Holanda (há também 12 anos); por fim, a A conheceu um italiano numa viagem de fim de ano, se apaixonaram e coisa de um ano depois, lá estava ela de mala e cuia na Alemanha.





Terremoto

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A maternidade pra mim tem sido como um terremoto. Eu imagino que quando um terremoto atinge um determinado lugar, primeiro vem aquele choque inicial, adrenalina a mil. Modo sobrevivência total, tentar se resguardar, ir pra um lugar seguro, seja lá o que for possível.


Depois que o terremoto passa e que a poeira baixa, é aí que você vai analisar o estrago, o que ainda ficou de pé, o que restou de você e de tudo ao seu redor. E é nesse momento em que me encontro.


Dado o susto inicial, eu não tinha muito espaço mental, corporal, biológico e cósmico para de fato refletir sobre o que tinha acontecido comigo. Todo mundo fala que a parentalidade muda a sua vida, mas acordar várias vezes à noite, ter menos tempo pra você mesmo, isso são coisas óbvias, esperadas. O que estou descrevendo aqui vai muito além disso. Pra mim, a maternidade tem sido como um terremoto que rachou meu solo; um terremoto cujas vibrações ainda podem ser sentidas, mesmo tantos meses depois do tremor inicial.


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