Ahhhh, como senti falta de poder escrever aqui. Um dos meus passatempos e válvulas de escape mais preciosos, mas que infelizmente deixei de lado por tantas questões - sendo a principal delas, claro, a mudança mais drástica e louca que tive na vida: a maternidade.
Tem tanta coisa que quero contar, compartilhar, registrar, mas no pouco tempo que me sobra, não tenho forças nem energia pra sentar e escrever. Pra mim, escrever é uma atividade prazerosa, íntima, algo realmente valioso pra mim, então eu não queria fazê-lo de qualquer jeito. Achei que em algum momento de 2024 eu ainda apareceria por aqui, mas não deu. Em todo caso, antes tarde do que nunca!
2024 foi o ano mais complicado da minha vida. Por mais que eu já tenha passado por coisas tristes, difíceis, despedidas e perdas, ter me tornado mãe mudou a minha vida tão profundamente que até me faltam palavras pra explicar. Não tem sido nada, nada fácil, e por mais que eu use minhas redes sociais pra desabafar e compartilhar um pouco das minhas lamúrias e reflexões, tem muita coisa que eu só reservo para os mais próximos do meu círculo e até mesmo somente pra mim mesma.
Dito tudo isso, não queria deixar passar uma pequena retrospectiva desse ano que passou. Vamos?
Janeiro
Começamos o ano em Belém do Pará, numa viagem super gostosa que fiz com minha prima e seu marido. Comemos bom, nos divertimos, passeamos, vimos um pouco da região amazônica e mesmo com a umidade que me faz sofrer tanto, voltei muito satisfeita e interessada em conhecer mais desse Brasilzão.
Fevereiro
No segundo mês do ano viajamos para Tromso, na Noruega, pra celebrar nossa babymoon - a última viagem como casal antes do nascimento da P.! Foi uma viagem perfeita: tava frio, nevou, vimos a aurora boreal perfeitamente, alimentamos renas e ainda por cima conseguimos descansar. Eu amei retornar à Noruega e realizar esse sonho!
Março
Continuamos nos preparando pra chegada da baby (que até então não sabíamos que era menina!): pintamos o quarto, montamos móveis e prateleiras... e ainda deu tempo deu passar um fim de semana em Munique encontrando amigas. Essa foi minha última viagem de avião grávida!
Abril
Em abril não fizemos nada de mais. Eu tinha uma desconfiança de que a P nasceria mais cedo, então não marcamos nada pra esse mês, com exceção do meu "não-chá de bebê", onde apenas recebemos amigos em casa pra uma última festinha antes dela chegar!
Maio
Finalmente chegou o mês mais esperado por nós. P estava prevista pra chegar dia 12 de maio, e no dia 10 eu comecei a ter contrações, já no fim do dia. Após muitas horas em trabalho de parto e algumas complicações, acabei tendo uma cesárea de emergência e ela nasceu às 5 da manhã no dia 11. Uma coisa que não sei se cheguei a contar é que NINGUÉM sabia a data prevista dela, só os médicos mesmo. Além disso, eu esperei ela nascer pra poder comunicar que estávamos no hospital e tudo... simplesmente não queria ficar recebendo mensagem de "e aí, nasceu?" ou coisas do tipo, sabe? Foi ótimo assim!
Viemos pra casa após 4 noites no hospital e começamos uma nova vida.
Junho
Não foi nada, nada fácil. O baby blues não ia embora de jeito nenhum e eu me via caindo num buraco cada vez mais fundo. Com a ajuda do R e do sistema de saúde irlandês, eu fui diagnosticada com depressão pós parto e comecei a ser medicada pra isso. Continuei terapia e fui tentando sobreviver. Ah, já ia me esquecendo: finalmente participei da cerimônia de naturalização e me tornei uma cidadã irlandesa.
Julho
Em julho eu comecei a receber algumas visitas e ver algumas amigas, coisa que até então eu estava me recusando veementemente a fazer. Minha mãe e irmão vieram do Brasil passar umas semanas com a gente e ajuda a aliviar o peso que é ter um recém-nascido em casa.
Agosto
Um mês sem grandes eventos. Conseguimos fazer os passaportes da P e ir ajeitando a rotina dia após dia. Nessa altura da vida as coisas começavam a ficar um pouco menos difíceis porque a P já dormia por uns períodos longos de 4, 5 horas direto, o que obviamente influencia muito no nosso humor!
Setembro
Recebi a visita da minha querida amiga C, que passou um fim de semana super gostoso com a gente em casa. Passeamos, conversamos, foi muito bom rever uma pessoa tão importante pra mim. Entre outras coisas, foi o que me impulsionou e me ajudou a me sentir pronta pra sair mais de casa, levar a P pra fazer atividades em bibliotecas, etc. Fiz curso de língua de sinais pra bebê, massagem pra bebês, aula sensorial, etc etc.
Outubro
Passamos quase o mês todo no Brasil e foi totalmente maravilhoso. Não só por apresentar minha filha à família e por rever todos os meus, mas também por ter conseguido aproveitar muito São Paulo. Acho que também foi uma ótima oportunidade de crescimento pessoal por termos viajado pela primeira vez com a P - além dos perrengues normais de viagem de avião, levamos ela pra cima e pra baixo de uber, saí com ela sozinha de ônibus, carrinho, a pé, no colo... fomos pra shopping, pra museu, pra casa dos outros, etc. Também tive o apoio da minha mãe, que cuidou da Pepê pra gente sair em casal, e principalmente do R, que ficou com ela váááárias vezes pra eu sair sozinha e fazer coisas com amigas: fui no show do Bruno Mars, fiz unha, pintei cabelo, fui no OktoberFest em São Paulo e vi a Pitty ao vivo, encontrei gente, cantei no karaokê, saí pra almoçar fora, etc. Alugamos carro e o R dirigiu pela primeira vez no Brasil, e passamos um fim de semana prolongado com a família no interior. Foi maravilhoso mesmo, e me emocionei muito ao vir embora como há muito não acontecia!
Novembro
Começamos os preparativos pro fim de ano (aniversários do R e meu + Natal) e continuei com as aulinhas da P - música, sensorial, etc. Também começamos a fazer natação semanalmente. De diferente, fomos ao show de comemoração dos 20 anos do álbum Talk on Corners do The Corrs (e meu sogro ficou com a P pra gente) e foi muito, muito divertido!
Dezembro
Comemorei meu aniversário num brunch com amigas, mandei meus cartões de Natal nos 45 do segundo tempo (os do Brasil ainda não foram, me perdoem!), e tive momentos gostosos com a chegada do dia 25, o primeiro Natal da P! Tive a oportunidade de colocar a minha criatividade em jogo, de fazer fotos bonitinhas com ela, de começar tradições novas pra nossa família. Também passamos um fim de semana fora, num evento natalino em Bunratty e foi tudo perfeito, deu tudo certo!
De última hora minha mãe decidiu vir passar o Natal aqui, então foi um fim de ano muito bom e tranquilo: passei uma sequência longuíssima de dias sem ter aqueles pensamentos negativos, sem me estressar, sem perder a paciência... ter um par de mãos a mais realmente faz diferença!
E esse foi 2024. Nada de como eu havia imaginado ou sequer me preparado, mas sigo viva, de pé. Pra 2025, não fiz nenhuma resolução, no sentido de que não escrevi metas, não comi uvas, não pulei ondas... só quero paz. Paz no meu coração, ficar em paz com a maternidade, com minha nova vida. Quero conseguir retornar ao trabalho e me adaptar bem à uma nova rotina, quero não mais precisar do anti-depressivo, quero continuar a me exercitar 2x por semana, quero voltar a escrever no blog, ainda que isso implique em ter menos horas de sono de vez em quando (hoje é quarta, quase meia-noite e tô aqui). Quero que as coisas fiquem mais leves, e que eu siga confiando na minha intuição quando ela bate forte, mas que também tenha a cabeça aberta pra aprender, mudar e aceitar. Sei lá se tudo isso faz sentido, mas espero poder voltar no fim desse ano com uma retrospectiva mais otimista e também com aquele post exclusivo de viagens do ano!
E falando em viagens... planejar futuras viagens é uma das poucas coisas que tem me mantido sã. Sonhar não custa, né? A princípio vamos pra algum lugar em fevereiro, depois Brasil em abril. Quero encaixar um fim de semana prolongado em junho, depois encontrar amigos em agosto. E aí mais uns dias no segundo semestre pra outro lugar novo, e finalmente Brasil no fim do ano novamente. Vamos ver se os planos vão se concretizar e se vamos realizar novos sonhos!