3 dias em Belém do Pará

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No comecinho de 2024, passei 3 dias na capital paraense, Belém, na companhia do R e da minha prima e seu marido, Lu & Lu. Foi uma viagem planjeada assim que resolvemos ir ao Brasil - eu queria muito uns dias pra passear mesmo, porque nunca tenho essa sensação em São Paulo. Escolhi Belém porque eu ainda não havia estado no norte do país, e também porque há voos direto de Belém pra Lisboa algumas vezes na semana. Sendo assim, comprei a ida São Paulo - Belém pro dia 1 de LATAM, e a volta Belém-Lisboa-Dublin pela TAP no dia 04 de janeiro.


Chegamos em Belém já à noite, e só foi o tempo de pegar um táxi na porta do aeroporto pro hotel. O trajeto demorou uns 20 minutos e custou 55 reais. Poderíamos ter pegado um uber, mas eu não sabia onde seria o ponto, caía uma chuva torrencial e só queria chegar no hotel logo! Nos hospedamos no Hotel Princesa Louçã, e aqui já fica o primeiro ponto: tem pouquíssimas opções de acomodação em Belém. Ou era um Mercure caríssimo da vida, ou lugares super afastados. Pagamos a faixa de 250 reais pelo quarto por noite, incluindo o café da manhã.


Na primeira noite só jantamos no hotel mesmo, minha prima e seu marido já haviam chegado. No dia seguinte, eu tinha sido escalada pra trabalhar (ódio), então ficamos no quarto do hotel até 1 da tarde, só saímos pra tomar o café mesmo. De lá, já fui encontrar minha prima direto na rua, pois ela e o marido já haviam saído de manhã para o primeiro passeio. Pegamos um uber e paramos pra almoçar todos juntos num restaurante que uma amiga havia indicado, o Ver-o-Açaí. Gente, que lugar incrível! A decoração super linda, trilha sonora local e os pratos todos parenses/da região norte. 








O menu é super completo, e no fim pegamos um prato que era indicado pra 3 pessoas que deu e até sobrou pra nós 4. Provamos alguns peixes fritos (pirarucu, dourado e pescado) com o famoso açaí original, e olha, até que gostei bastante! A apresentação tava linda e o atendimento muito bom. Recomendo mesmo! Tinha turistas, mas também pessoas da região, então acredito que ele seja bem popular mesmo.


De lá, pegamos um táxi pra região do Mercado Ver-o-Peso e Estação das Docas. Pra ser honesta, não tinha pesquisado muito sobre esses pontos em si, apenas marcado no mapa - fui de coração aberto! E fiquei em choque. Apesar de ser considerada a maior feira livre da América Latina e tal, achei o mercado totalmente caído. Tudo bem que chegamos no fim da tarde, mas tinha pouquíssimas barracas abertas, só deu pra ver uns artesanatos locais e comprar uns bombons. Mas o que me chocou MESMO foi a sujeira, bagunça, sensação de desconforto total. E olha, já fui pra muito mercado de rua, desses popularzão mesmo, mas cara, a gente não ficou nem 15 minutos lá, uó. Seguimos andando poucos minutos até a Estação das Docas, essa sim bem legal!


Eles revitalizaram a região, e tem vários bares, restaurantes, sorveterias, tudo bem limpo e bem cuidado. A gente andou um pouco, tomou sorvete, e num outro dia voltamos pra jantar por ali também.









No nosso segundo dia em Belém eu não estava trabalhando, então tivemos o dia todo juntos pra aproveitar bem. Começamos atravessando a rua do hotel pro Teatro da Paz - eles oferecem tour guiados a cada hora no período da manhã, e na quarta-feira o tour é grátis, demos sorte!


Foi muito interessante aprender um pouco mais sobre o ápice do período da borracha no Pará, as circunstâncias nas quais o teatro foi construído (os barões queriam aquele luxo europeu) e também suas particularidades. Por exemplo, embora tenha vários elementos de teatros parisienses, os artistas envolvidos fizeram questão de colocar elementos da cultura da região do norte, símbolos indígenas, materiais locais, etc. O tour foi super didático e valeu muito a pena!







De lá, passeamos um pouco na Praça da República em frente ao museu, e seguimos pro porto Princesa Isabel, de onde saem os barcos/lanchas para diversas ilhas. Compramos bilhetes para a Ilha do Combu (20 reais ida-e-volta por pessoa) e em poucos minutos já saiu um barco pra lá. Eles dão coletes salva-vidas e o trajeto em si não dura mais que 15 minutos. Na Ilha do Combu, é possível visitar diversos restaurantes que oferecem muito entretenimento, como parquinho pra crianças, piscina, etc. No entanto, nosso interesse era de conhecer a produção de cacau d'A Filha do Combu.










Infelizmente teríamos que esperar umas horas para o próximo tour (não quisemos organizar com agência antes porque acaba saindo mais caro), e resolvemos não fazer. Mas mesmo assim, na loja tivemos a experiência de degustar os chocolates feitos ali em diversas porcentagens (50%, 70% e até 100% cacau!). Eles são feitos somente com cacau da região e açúcar orgânico, são uma delícia! Após comprar uns chocolatinhos pra trazer pra casa, a moça da loja nos deu a dica de almoçarmos num dos restaurantes da região - o Chalé da Vila


Só que não passava nenhum barco ou lancha pra nos levar até lá. Esperamos quase meia hora até ela chamar um morador que passava em sua lancha pra ele nos levar por 5 reais cada. Dessa vez, não teve colete, mas foi um trajeto bem rapidinho.






Chegamos no restaurante, que era lindo! Um espaço super integrado à natureza com playground, piscinas infantis, piscinas naturais no rio, música ao vivo, etc. Tivemos a oportunidade de experimentar mais pratos locais, incluindo o famoso tacacá (salgado mas gostoso, me lembrou a sopa miso japonesa), coxinha de caranguejo, pato no tucupi, etc. Nesse meio tempo caiu um chuvão daqueles bem amazônicos veranis, mas ficamos curtindo a música ao vivo e comidinhas, e só no fim da tarde pegamos a lancha de volta pra Belém (que pelo menos daquele restaurante, saía a cada 1h).







Já em Belém, fomos no Museu do Estado do Pará e Casa do Artesão, mas não são passeios imperdíveis - infelizmente a sessão principal do museu tava fechada pra reforma, então não pudemos ver muita coisa. Na Casa do Artesão (que era uma antiga prisão), vimos muitos artesanatos locais maravilhosos, acho que vale uma rápida visita sim.


No nosso último dia em Belém, saímos cedo pro Museu do Ciro. Às quinta-feiras a visita é grátis (!) e em meia hora você consegue passar por todas as sessões para ler sobre esse evento gigantesco: uma procissão misturada com festa, misturada com tudo. As pessoas vão de vários lugares do Pará e Brasil pra Belém em outubro, e além dos motivos religiosos por trás disso, há muita música, culinária típica, vestimentas, brinquedos, etc. Achei bem interessante!







Na esquina do museu fica o Forte do Presépio, onde além do forte em si (de onde é possível ter uma vista privilegiada do rio e do Mercado), é possível entrar num pequeno museu que contém objetos indígenas, quadros e explicações sobre os povos tupinambás, chegada dos portugueses na região amazônica, etc. Além de informativo, foi muito bom ficar uns minutos no ar condicionado porque o calor não estava pra brincadeira!


Também ali na mesma praça fica o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, que funciona mais como um espaço de mostra mesmo, sabe? Vimos algumas fotos e quadros, mas nada muito específico sobre Belém ou Pará em si. Já que estávamos ali, aproveitamos pra almoçar no restaurante deles, que apesar de gostoso foi bem carinho no fim das contas (esse negócio de cobrar couvert sem você esperar é foda).









Na frente de tudo isso fica a famosa Igreja da Sé, numa praça super bem cuidada e florida. Fizemos nossas últimas fotos de férias todos juntos e de lá, Lu e Lu seguiram pro hotel pra buscar as malas e ir pro aeroporto. Enquanto isso, eu e R. ainda tínhamos o resto do dia, então pegamos o uber pra marcar a última coisa do nosso roteiro: o Parque Mangal das Garças. Retirado do próprio site (que me parece ser atualizado com notícias com frequência!):


"O Parque Zoobotânico Mangal das Garças foi criado pelo Governo do Pará em 2005 e é o resultado da revitalização de uma área de cerca de 40.000 metros quadrados às margens do Rio Guamá, nas franjas do centro histórico de Belém. O que antes era uma área alagada com extenso aningal transformou-se em mais um belo recanto de Belém."


Realmente, o parque é extremamente bem cuidado, limpo e agradável, e embora tenha vários "pontos", não é muito grande de visitar, o que não torna tudo cansativo demais. Ao longo do caminho você vai tendo contato com vários animais soltos, como pássaros, iguanas e garças, que dão nome ao parque. Além disso vimos flamingos, jabutis, entre outros. Foi super legal ver as araras coloridíssimas gritando, e também subir no farol pra ter uma vista de Belém lá de cima.


O parque em si tem entrada gratuita, mas a subida até o farol custa 7 reais.








Uma chuva se aproximava, e eu tava bem cansada, inchada, etc. Resolvemos voltar pro hotel pra esperar dar a hora do aeroporto, que só seria à noite. Quando entramos no uber, ele olhou pro céu carregado de nuvens e se referindo à iminente chuva, disse, "essa aí já tá no chão", hahaha. Aliás, preciso dizer que achei todas as pessoas que trabalham com serviços extremamente educadas, simpáticas, sorridentes - me senti bem recebida e nunca uma turista a ser explorada. 


Juntando isso ao fato de ter uma culinária tão única, eu realmente me surpreendi muito com Belém. Depois dessa viagem, me interessei em voltar ao Norte pra conhecer uma outra capital da região: Manaus. Além disso, eu super voltaria pro Pará pra explorar a Ilha de Marajó, Alter do Chão e Santarém. Quem sabe ainda nessa vida?

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