Nosso terceiro dia na Islândia foi intenso. Esse foi um dia especial, onde tínhamos nos planejado pro único passeio que realmente estava reservado: snowmobile na maior geleira do país - e da Europa!
Na verdade, é possível fazer várias "coisas radicais" na Islândia, mas em setembro, nem tudo está disponível porque ainda não está nevando, né? Então pesquisamos e vimos que havia a opção de fazer esse snowmobile, que é tipo andar numa moto pra neve mesmo. Não é um passeio barato, mas era nossa lua-de-mel e decidir fazer. Fomos com a empresa Glacier Journey e pagamos em torno de 350 euros no total. Ah, é necessário ter carta de motorista pra dirigir o snowmobile!
Pra esse passeio dar certo, meio que precisamos organizar os dias de antes com mais rigidez - e por isso foi até mais corrido - pra dar tempo de estarmos no local de onde sairia o passeio. Então voltemos pra noite no dia 2:
Chegamos bem tarde no camping Skaftafell, que era super bem equipado e bem na beira da geleira/montanha. Quando preparávamos o jantar, vimos que tínhamos recebido ligação/e-mail da empresa do passeio de snowmobile, dizendo que iam ter que adiar o passeio do dia seguinte: ao invés de sair às 2pm, iríamos sair às 12h por causa de uma tempestade que vinha vindo.
Foi um pouco frustrante porque tínhamos a intenção de fazer mais coisas pela manhã, mas isso significou ter menos tempo na primeira parada, que foi a Diamond Beach.
Na manhã do terceiro, dia dirigimos 40 minutos até lá e ficamos absolutamente encantados com a paisagem. Nessa praia, os icebergs que se formam da geleira Jökulsárlón aparecem, criando um contraste absurdo entre eles próprios, a areia vulcânica, a cor da água. A praia tem o nome de diamante porque os icebergs que atracam na areia parecem de fato joias, é uma coisa linda de viver! Até focas vimos, várias!
Maaaas, como tínhamos que chegar no ponto de onde sairia o tour pro snowmobile num horário X, não tivemos tanto tempo quanto gostaríamos de explorar mais. Além disso, tava chovendo e um frio desgramado, foi o dia que passamos mais frio na viagem toda, as mãos doíam, foi difícil tirar fotos!
De lá, seguimos pro ponto de saída do tour, que era numa fazenda na região. Conseguimos chegar no horário, e aí lá tinha um "trailer" da empresa onde você tinha que assinar os termos e colocar as roupas adequadas: um macacão enorme e fofinho e um lenço pro pescoço.
Entramos num carro que parecia um monstro de tão alto, com aqueles pneus enooormes. Eu que sou baixinha, precisei de ajuda pra subir! Eles precisam desse tipo de carro porque assim que saímos da estrada principal, pegamos umas "back roads" que iam subindo montanha acima. Gente, foram uns 40 minutos de carro, subindo e subindo, dando volta na montanha. Fiquei com medo de enjoar, mas deu tudo certo. Até então não víamos gelo, não víamos nada, porque a neblina ia ficando mais densa - tava um dia nublado e vinha a tempestade mais tarde!
Essa geleira tem 7,900 km2, e em média, a grossura do gelo é de 380 metros! Porém, a espessura máxima chega a ser 950m, dá pra acreditar? Embaixo da geleira existem basicamente vulcões que já entraram em erupção e criaram bolsões de água e lava debaixo do gelo. Basicamente, a guia explicou que ali é como se fosse uma barrinha daquele chocolate Mars: embaixo do "chocolate" (gelo) é o caramelo mole, que é o magma dos vulcões.
Quando finalmente chegamos lá em cima, Vatnajokull se materializou diante dos meus olhos. Fiquei em êxtase. Era uma imensidão branca absurda de linda.
Todas as motos estavam enfileiradas, e a guia explicou como guiar, onde colocar o pé, o que fazer, etc. O motorista que nos levou até lá ia atrás de todos, e ela na frente, numa fila indiana. Éramos eu, R. os dois guias da empresa e mais dois casais americanos. Fizemos algumas paradas no trajeto - e no meio, trocamos os motoristas (o R. dirigiu na ida e eu na volta).
Tava muito frio, mas os guidões eram aquecidos, então isso ajudou muito! Chegamos a dirigir a 50km por hora, uma sensação que jamais esquecerei. Quando o R. tava dirigindo e eu na garupa, fiquei olhando aquelas montanhas brancas ao meu redor, o gelo branco à frente, o céu branco de tão nublado e me senti literalmente nas nuvens. Chorei de emoção. Na volta, quando eu estava dirigindo, consegui curtir mais a aventura e saí um pouco do modo contemplativo - até porque é difícil guiar a moto, ela é pesada e não se movimenta facilmente na neve.
Depois de mais ou menos 1h naquele lugar maravilhoso, voltamos ao ponto de partida e entramos no carro que nos levou montanha abaixo até o ponto inicial pra devolvermos os macacões e voltamos pros nossos próprios carros. Por ali mesmo, no estacionamento, fizemos nosso almoço. Por mim a viagem já tinha valido tudo só por essa experiência!
Bom, mas como comentei, vinha vindo uma tempestade, então fomos até Hofn abastecer, uma cidadezinha com mil habitantes no sudeste do país. Compramos algumas coisinhas no mercado, e como já era fim de tarde, decidimos parar num acampamento enquanto ainda estava claro porque ventava muito e uma coisa que eu ainda não comentei: eles não recomendam que você dirija o motorhome quando o vento está mais forte do que 10km por segundo. O carro balança muito, dá muito medo de virar, MESMO.
Sendo assim, vimos o Stafafell camping e por ali ficamos. Era só um campado enorme, só tinha outro carro por ali. Eles até tinham cozinha e banheiro, mas era tudo mega rudimentar, então ficamos na nossa van mesmo. Cozinhamos, ligamos o carro na eletricidade e descansamos porque as pernas doíam muito após o passeio de snowmobile.
Sobre a escolha de campings: alguns eu já tinha colocado no mapa pois tinha sido indicação da minha amiga, mas basicamente eu digitava "camping" no google maps e várias opções apareciam. Então pra ser sincera, na maior parte do tempo parávamos em algum acampamento por acaso, e como optamos por não usar o banheiro/cozinha dos lugares, já que tínhamos tudo no motorhome, não importava muito se o acampamento era bem equipado ou não. A gente acabava só usando mesmo a eletricidade, o que já estava bom demais!