Começamos o nosso quinto dia em solo islandês saindo de Egilsstaðir e esse foi o dia em que eu de fato dirigi! Até então tinha feito uns trechos curtos de 10 minutos aqui, 20 ali, 40 acolá. Dessa vez, foram duas horas direto. Pode parecer uma coisa simples, mas pra mim tinha três fatores que pesavam demais:
1) Eu tava dirigindo do outro lado, porque na Irlanda aprendi a dirigir na mão inglesa; 2) O motorhome é gigante, e mantê-lo dentro da pista do lado onde não tô acostumada a dirigir é bem mais difícil do que parece; 3) Eu tirei a habilitação em 2020 mas quase não peguei no carro por causa da pandemia. Ou seja, me senti muito vitoriosa por ter tido coragem de não só dirigir do outro lado como dirigir um carro enorme sendo uma motorista inexperiente!
No caminho vimos várias cachoeiras aleatórias, tipo "olha, mais uma cachoeira!". Às vezes tinha um certo acostamento onde era possível parar, e foi o caso pra da Rjukandafoss. Ventava muito ainda, mas fizemos outras paradas na estrada pra tirar fotos quando abria o acostamento - na maior parte do tempo nem acostamento tem!
Aí saímos da estrada principal e seguimos por uma via "secundária" em direção à umas cachoeiras. A primeira delas chamada Dettifoss. Aparentemente essa é a segunda cachoeira mais "poderosa" na Europa, e por causa dos sedimentos na região, a cor da água é super escura, meio marrom. São 100 metros de largura e 44 de queda e eu me senti vendo "Pica-pau" nas cataratas, hahaha!
No estacionamento tem alguns banheiros, mas basicamente isso. Você segue as placas e vai andando por uns 15 minutos num terreno que mais parece solo lunar, e depois de visitar a atração principal, ainda naquele "complexo" é possível ver uma cachoeira um pouco menor, a Selfoss.
De lá dirigimos até uma região chamada Hljodaklettar. São umas formações rochosas super interessantes e tem vários mitos e histórias a respeito, mas o GPS não te leva muito perto. Então a gente consegui ver tudo lá de cima, mas pra descer (e depois subir) a pé levaríamos literalmente horas porque era muito alto. Então só apreciamos a vista e seguimos pra outro cânion, este sim um que pudemos explorar "de dentro": o Asbyrgi.
Esse cânion tem um formato super diferentão, e assim como as formações descritas acima, também tem várias histórias e folclore. Dirigimos meio "por dentro" dele, entre os paredões de pedra, e foi uma sensação muito legal e nada claustrofóbica! Estacionamos o carro e pudemos entrar no parque, dar uma volta pela floresta... tinha muito pouca gente lá, então foi uma paz, uma tranquilidade! Além disso, pudemos ver várias espécies de cogumelos. Aliás, eu nunca tinha visto tanto cogumelo na natureza quando vimos na Islândia!
De lá seguimos pro lago Krafla, que nada mais é do que uma cratera vulcânica de 10km de largura. Por ali há a divisão entre as placas tectônicas da Eurásia e América, e houve apenas 29 registros de erupção. A cor da água é simplesmente um azul fascinante, mas devido à atividade geotérmica da região o cheiro é bem desagradável. Vimos também uma usina na base do vulcão.
Ainda nessa área, do outro lado da estrada, paramos em Hverir, uma área geotérmica que contem vários tipos de... como explicar? Água borbulhando embaixo da terra, fumaça, mini vulcõeszinhos. A sensação é de que você chegou em outro planeta!
Você vê várias rachaduras no solo, fumaça, crateras de lama, é tudo muito impressionante e fedido! A verdade é que achei até difícil ficar ali muito tempo porque a dor de cabeça é certa. Sabe aquele cheiro de pum pós ovo cozinho, mas aquele tipo O PIOR DA VIDA? É isso. No entanto, era fim de tarde e tava um pôr-do-sol maravilhoso que deixava aquele lugar ainda mais interessante e destacava os tons alaranjados da terra. Uma experiência absurda de legal!
De lá, resolvemos de supetão ir pra mais uma piscina natural - como essa região toda tem muita atividade geotérmica, normal que haja essas piscinas, né? Quando chegamos no Myvatn Nature Baths já tava escurecendo, mas pra ser sincera, não gostei tanto dessa experiência. O lugar em si era incrível, tinha spa e um monte de coisa legal, bar na água e não sei mais o quê, mas a temperatura da água em si não era tão elevada. E tava bem frio do lado de fora, então a gente acabou não curtindo tanto. Além disso, o cheiro de enxofre é muito forte, fica difícil ignorar. Pagamos em torno de 12 mil coroas islandesas - mais ou menos 80 euros no total.
Nesse dia escolhemos um camping por ali mesmo mas foi difícil estacionar porque o local tava cheio, já tava escuro... aliás, essa é uma dica: evite chegar no acampamento quando já está totalmente escuro porque fica MUITO difícil ver onde liga a eletricidade, onde é a recepção, onde estacionar... não tem poste, não tem luz! Essa noite foi um pouco estressante porque o local era numa descida, então o R. teve que dar ré, mas sozinho, porque enquanto isso um cara do acampamento pediu pra que eu o acompanhasse a pé pra fazer o pagamento na recepção. Afff, não recomendo!
