Quebéc City, uma cidadezinha europeia em plena América do Norte

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Quebéc City foi nossa última parada no Canadá. Embora já estivéssemos cansados da viagem, eu tava animada pra conhecer essa cidade porque os amigos que já tinham ido me disseram que eu ia amar a carinha medieval dela. E de fato: se Montréal já parecia uma cidade francesa, Quebéc City é ainda mais!


Chegamos no fim de uma tarde, nos instalamos no hotel e dirigimos uns 15 minutos até o centrinho pra jantar. Encontramos um restaurante maravilhoso chamado Le Lapin Sautée e por sorte conseguimos mesa, mesmo sem reserva. A comida estava deliciosa, uma das melhores refeições que comemos no Canadá!


No dia seguinte, voltamos pra esse centrinho, estacionamos num estacionamento bem grande na avenida principal e nos enveredamos sem rumo pelas ruas de paralelepípedo. O clima estava delicioso e aproveitamos pra pegar o funicular até a parte alta da cidade pra ter a vista de cima também.




Caminhamos pelo parque Montmorency, comemos uma pipoca doce, vimos um cara tocar piano no meio da rua, e de lá descemos pra parte baixa da cidade na escadaria que fica no tipo da Rue du Petit Champlain, a rua principal de lojinhas e restaurantes por ali. Mas até caminhar sem rumo pode ficar meio chato, resolvemos entrar no museu chamado Museum of Civilization. E uau, que passeio sensacional!












Esse museu tinha duas sessões que nos interessou muito: uma parte sobre a história da região do Quebéc, passando pelo regime francês (1500 a 1700 e pouco), ingleses, referendos para se tornarem província independente, etc. Uma das coisas que me chamou a atenção é que apesar da questão separatista ainda ser bem forte, hoje a preocupação principal do Québec é a linguística - existe um incentivo pras pessoas falaram cada vez mais francês e aqueles que não o fazem são até "cancelados", como o vocalista do Simple Plan que foi extremamente criticado por ser de lá mas cantar em inglês (!).


Numa outra parte do museu, aprendemos sobre os povos originários do Canadá. Eles dividem os primeiros povos entre First Nation, Métis e Inuit (antigamente conhecidos como esquimós, termo que não é mais utilizado). Aí o museu tem várias telas com vídeos mostrando esses povos cozinhando, como costuravam roupas e sapatos com a pele e outros recursos de animais (aproveitava-se tudo!), como construíam iglus, etc. Tinha várias objetos expostos, como aqueles tipo sapato de neve, para caçar, para cozinhar, e muitos outros.


Uma das coisas que mais me impressionou e interessou no museu foi uma sessão onde eles explicavam mais sobre as Residential Schools no Canadá, sobre as quais eu nunca tinha ouvido falar. Essas eram escolas religiosas patrocinadas pelo governo para que povos indígenas se assimilassem à cultura Euro-Canadense. Como você pode imaginar, essas escolas causaram uma ruptura fortíssima nas sociedades da época, e as crianças eram proibidas de falar seu próprio idioma, tinham o cabelo cortado, não podiam manter contato com a família e sua própria comunidade.


O museu traz uma série de relatos de violência psicológica, verbal, física e sexual e fiquei muito mexida com o que li. Foi durante mais de um século em que essas escolas existiram no Canadá, e os efeitos nocivos delas permanece até hoje nas comunidades, que sofreram um trauma tremendo que reverbera nas novas gerações. Se você lê em inglês, recomendo muito a leitura desse artigo aqui.


No dia seguinte, nosso último no Canadá, fizemos mais dois passeios: começamos o dia indo até as Cataratas de Montmorency e depois na Cidadela de Québec.


As Cataratas ficam um pouco afastadas da cidade, mas bem tranquilo chegar de carro - que era o nosso caso. O passeio é grátis (só se paga o estacionamento) e antes de chegar na queda d'água em si, tem um parque maravilhoso que tava ainda mais lindo com a cores do outono. A catarata tem 83m de altura, e embora não seja super impressionante em altura ou volume, existem vários jeitos de aproveitá-la: dá pra descer uma escada até lá em baixo e dar a volta nela; dá pra passar por cima numa ponte suspensa/ rola fazer tirolesa e um monte de outras coisas. Preferimos ficar na parte mais alta e atravessar a ponte suspensa, o que já nos deu uma visão super legal!









Na volta, como falei, fomos pra Cidadela e fizemos um tour por lá, mas meu deus, que tour insuportável. A guia disse que era o último dia dela nesse trabalho, e ela fazia umas piadas tão sem graça que me doía de tanta vergonha alheia que eu sentia. A Cidadela em si hoje é um base militar, mas já teve vários papéis importantes ao longo da história da cidade. Porém, como o tour estava muito chato, eu não tive nem coragem de fotografar nada, de prestar muita atenção. Vou ficar devendo!


Quando sentamos numa pracinha perto do estacionamento antes de voltar pro hotel, vimos um casal se casando no parque, com uma amiga fazendo as vezes da celebrante, uma fotográfa, uma testemunha e o casal em si. Foi tão lindo!


Assim termina minha série de posts sobre o Canadá. Confesso que ao passo que foi uma viagem bem tranquila e não termos feito nada muito corrido, ao mesmo tempo parece que não aproveitamos tudo que poderíamos, mas tudo bem. Encontramos amigos e passamos tempo de qualidade com eles, vimos paisagens legais e tivemos um gostinho do que é a vida num país com qualidade de vida altíssima nas Américas. 

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